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Artes

Em fotografias saídas de sonho, Tui Boaventura captura personalidade em retratos

Cada foto tem o poder de contar histórias em silêncio, conectando pessoas que nunca se viram através da emoção

Kimberly Teodoro | 19/11/2018 08:10
Estilo que não tem compromisso nenhum com a realidade, fotografias parecem saídas de sonhos conseguem ser fieis a personalidade (Foto: Tui Boaventura)
Estilo que não tem compromisso nenhum com a realidade, fotografias parecem saídas de sonhos conseguem ser fieis a personalidade (Foto: Tui Boaventura)

Comunicação no silêncio, os retratos são uma forma de conectar pessoas que não se conhecem  ao congelar emoções em um clique. Muitas vezes de forma caricata e surreal, esse tipo de imagem está presente no trabalho do fotógrafo Tui Boaventura, que captura a personalidade de quem posa para as lentes da câmera e gera imagens como as saídas de sonhos.

Apesar da fotografia fazer parte da vida de Tui, as experimentações pelo surrealismo são recentes, mas ele afirma ter se redescoberto no estilo estético que não se baseia no "sóbrio", ou na realidade. Além do olhar de quem compõe, ele enquadra, mira e dispara. Na cena, a única outra interferência é a imaginação, a criatividade e a essência das pessoas dispostas a se deixarem desvendar.

Emoção é o que conecta o retrato ao público, despertando empatia (Foto: Tui Boaventura)
Emoção é o que conecta o retrato ao público, despertando empatia (Foto: Tui Boaventura)

O primeiro contato com a fotografia veio através do pai, são memórias vívidas da infância os momentos registrados por ele, "um homem com uma ligação profunda com a natureza, montanhista e eco-ativista durante toda a vida adulta", que estava sempre com uma câmera na mão durante as trilhas costumeiras. 

Entre as lembranças, uma das mais importantes é de 2012, quando o pai comprou a primeira câmera digital, com ela na mão Tui fez os clicks responsáveis pelo amor à fotografia que apesar dos altos e baixos, nunca abandonou o estudante de ciências sociais que por vezes é retratista, por vezes cientista social, quase sempre os dois. Dali para frente vieram as primeiras tentativas de edição, que segundo ele foram bem básicas e não pararam de progredir até o momento. 

Hoje, além da própria vivência, existe a influência da namorada, a também fotógrafa e modelo quase exclusiva Camila Villar, que segundo ele não tem o "status de musa", que é uma coisa intocável e inatingível, mas que na própria realidade é inspiração e incentivo para a que o trabalho continue evoluindo.

Presença na cena ou no processo criativo, Camilia além de namorada é grande influência do trabalho de Tui (Foto: Tui Boaventura)
Presença na cena ou no processo criativo, Camilia além de namorada é grande influência do trabalho de Tui (Foto: Tui Boaventura)

Especialista atrás das câmeras, Camila é tímida quando se trata de ser fotografada, uma experiência que diz muito sobre o casal, já que, nas palavras de Tui, é impossível "existir um casal de fotógrafos sem que um faça fotos do outro". Entre as muitas fotos feitas por ele, uma das maiores presenças é a dela, que quando não está na cena, está no processo criativo.

Vagante pelas diversas áreas da fotografia, como paisagismo, retratos de rua,  moda, casamento, publicidade e eventos em geral, foi pelo retratismo que ele se encantou, em grande parte depois de começar a estudar ciências sociais na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). No registro das expressões humanas veio o encontro profissional. 

"Ciências sociais é um curso que faz você refletir muito sobre a identidade, como a representação visual de uma pessoa diz muito sobre ela. É necessário as pessoas entraram em contato com imagens e representações fora de padrões estéticos e daí em diante conseguir ver que no próprio reflexo também existe arte, que pode ser algo teatral,performático. Percebi que a identidade é um personagem que você interpreta agora, que carrega valores e crenças, mas isso também é mutável", conta.

Personalidade é o que prevalece nas imagens congeladas pela lente da câmera (Foto: Tui Boaventura)
Personalidade é o que prevalece nas imagens congeladas pela lente da câmera (Foto: Tui Boaventura)

No inicio, grande parte dos retratados eram pessoas próximas, em uma das imagens mais icônicas está um homem de óculos com um cigarro na boca e expressão melancólica, até um pouco "emburrada" como a de uma criança a quem algo foi negado, ao mesmo tempo deformações exageram o que são características únicas da personalidade de um grande amigo da família, uma "figuraça" desconhecida a quem olha e ao mesmo tempo desmistificada pela fotografia.

As ideias vieram de um momento em que Tui parou de ver graça na própria arte e não conseguia enxergar o diferencial nas fotos apesar da técnica ser boa. Brincar com a realidade fez com que percebesse de que maneiras era possível se expressar além do retrato normal.

"Eu brincava muito de fotografia com celular, a maioria das fotos foram feitas com ele, era momentos muitas limitações eram impostas, porque era um desafio fotografar e editar tudo em uma tela de 6 polegadas. Em cada foto, tentado ir além do óbvio chegou um momento em que consegui me identificar mais, achar características que chamam a atenção, expressões, e fazer um retrato bem tirado, capaz de contar toda a história de uma pessoa e dessas histórias criar personagens a partir de pessoas reais", revela.

Na visão dele, a fotografia é muito utilizada para estabelecer padrões, um processo que tem se invertido muito nos últimos anos, com uma tendência cada vez maior pela quebra desses mesmos esteriótipos estabelecidos por ela mesma, por isso em cada retrato ele busca enxergar o encanto na sinceridade e no inusitado. É importante buscar a beleza real, sem excluir ninguém para que seja possível ver além dos defeitos e do cotidiano, entender o que "nosso próprio corpo é, o que ele conta sobre nós e que existe amor nisso".

Do preto e branco, ao drama das cores na criação dos personagens, a busca pela quebra nos padrões está presente inclusive nos próprios retratos (Foto: Camila Villar)
Do preto e branco, ao drama das cores na criação dos personagens, a busca pela quebra nos padrões está presente inclusive nos próprios retratos (Foto: Camila Villar)

Ideal que tem guiado os novos projetos do fotógrafo, que a cada foto, inclusive quando ele mesmo é o retratado, uma vez que nesse espaço o trabalho incluí muita auto-análise e renovação constante. "Querendo ou não, por trás da câmera há um Tui que também quer se expressar e todas as experiências dialogam nessa criação".

As cores também podem ser dramáticas na composição das fotos, exibindo personagens caricatas que libertam o lado mais artístico, mostrando na prática as experimentações sociais e as possibilidades que "pensar fora da caixa" proporcionam. 

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