No camarim, Roberto ensina a Sandy e Junior sinais criados por surdos daqui
Intérprete de Libras ganhou um sorteio da página dos cantores e pôde entrar no camarim antes do show em Belo Horizonte
O ator Roberto Lima, de 27 anos, e intérprete de Libras do Grupo Casa - Coletivo de Artistas aproveitou um momento no camarim dos ídolos Sandy e Júnior, no fim de semana, para ensinar os sinais de seus nomes em Libras criados por surdos de Campo Grande.
A experiência foi detalhada nas redes sociais de Roberto, que realizou um sonho de criança e garantiu o famoso “zerar a vida”. Após fotos e CD autografado, o ator pediu para gravar com os cantores e explicou aos irmãos que em Campo Grande, uma galerinha especial acompanha e curte as músicas de um jeito sinalizado e visual.
“Depois da foto, eu deveria ter saído, mas havia recebido tantos pedidos de Surdos e intérpretes para que gravasse alguma coisa em Libras com eles que não resisti. Contei os pedidos que recebi e perguntei se eles topavam fazer o vídeo comigo e eles toparam! Ensinei a Sandy o sinal dela que utilizamos aqui em Campo Grande, e enquanto ensinava o sinal do Júnior, ela me surpreende perguntando se a configuração de mão que estava usando correspondia à letra “A”, eu disse que sim, e ela me faz a datilologia do primeiro nome dela! Eu fiquei tipo: Uaaau! Merece dancinha (risos) E ela caiu na dancinha comigo”, escreveu.
Assista ao vídeo:
O pedido foi feito por surdos que convivem e sabem da paixão do ator pelos cantores, além de outros TILS (Tradutores Intérpretes de Língua de Sinais). Roberto acompanhou alunos na rede estadual entre os anos de 2015 à 2018, mas agora atua como funcionário público da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), campus do Pantanal.
“O sinal do Junior foi criado por uma aluna Surda que interpretei em 2018, que cursava o 3º ano do Ensino Médio e o sinal da Sandy foi criado em 2017 por um aluno também Surdo, na época no 2º ano do Ensino Médio”, explica Roberto.
Ao Lado B, o ator resumiu o encontro e a oportunidade do vídeo a um momento singular e incomparável. “Valeu muito a pena. Ver o interesse deles em saber que os surdos se interessam por eles e pelas músicas deles foi sensacional. Tive o privilégio de ensinar a dupla os sinais deles em Libras que utilizamos em Campo Grande e pra mim, isso não tem comparação com mais nada no mundo, foi realmente singular”, conta.
Nossa História – Roberto compartilhou a paixão pelos cantores na rede social para conseguir entrar no camarim e deu certo. Na internet iniciou o texto com a memória mais antiga, aos 5 anos. “Nessa época não tínhamos televisão e eu brincava com duas meninas vizinhas, da mesma idade, e na casa delas tinha. Um dia, brincando, eu vi a dupla e depois desse dia, minha mãe nunca mais teve paz”, escreveu.
Roberto conta que passou a fugir de casa todos os dias para ir até a casa da vizinha, esperando ver e ouvir a dupla. A moradora reclamava da presença do menino, pois tinha duas meninas em casa e Roberto chegava a apanhar da mãe.
“O problema era que me trazer de volta, não bastava. Eu fugia dez vezes por dia. Dez vezes a vizinha xingava, e dez vezes minha mãe me buscava. Era assim, uma rotina. Eu apanhava de varinha de guanxuma, voltava com as pernas marcadas, mas, mesmo assim, eu fugia pra casa da vizinha de novo, e de novo, e de novo. Então decidiram fazer o que era certo. Compraram uma televisão pra mim. (risos)”, lembra.
O ator garante gastar “horrores de dinheiro” fazendo clipes em língua de sinais com músicas que marcam a vida. Confira:
