Sem a violência como enredo, filme mostra professora trans com vitórias
Professora sul-mato-grossense Emy Santos estreia nesta quarta-feira um filme que promete emocionar
RESUMO
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Em Campo Grande, onde não falta história mal contada sobre quem se atreve a viver fora do padrão, uma professora negra transexual decide contar a sua própria versão. Aos 28 anos, Emy Santos, arte-educadora e multiartista, mais conhecida como Afro Queer, estreia nesta quarta-feira (20) o curta-metragem “Coragem”, no Teatro Aracy Balabanian.
O título não é figura de linguagem, o filme é literalmente um exercício de coragem. É também o primeiro trabalho do diretor Pedro Alvarenga e foi viabilizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, via edital da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
A obra mergulha em um cotidiano que raramente chega às telas, o de uma mulher transexual pantaneira que é professora, artista, filha, esposa. Ou seja, alguém que existe para além da violência. Emy explica o propósito:
“Cansada das obras retratarem somente as violências e desgraças de pessoas trans e travestis, é necessário quebrar esse ciclo. A violência existe, claro, mas não pode ser o ponto chave de nossas vidas. Nossa vida também tem vitórias, sonhos e realizações”, afirma.
No filme, o público vai conhecer a Emy vulnerável, aquela que encara cirurgias, se recupera e permite ser cuidada. Não é só a artista de palco ou a militante, mas a filha, a companheira, a mulher que lida com fragilidades comuns e, ao mesmo tempo, incomuns para quem a sociedade insiste em colocar como exceção. “São cenas muito íntimas e tensas”, adianta ela.
O curta também chega após meses de ataques que a transformaram em alvo de preconceito, incluindo políticos que tentaram reduzir sua trajetória a uma fantasia usada na escola. Emy prefere não se alongar no episódio, mas reconhece que deixou marcas:
“Passar por tantas violências me fez refletir sobre o que estou fazendo e quem estou incomodando. Vejo que estou no caminho certo. Ataques como esses jamais irão me parar”, diz.
A coragem de Emy já rendeu outros frutos. Em julho, ela foi uma das dez artistas brasileiras escolhidas pela Funarte para participar dos Encontros Mundiais de Jovens Profissionais das Artes Performativas, no Festival Off Avignon, na França, um dos maiores do planeta. Dividiu experiências com criadores de países como Alemanha, Canadá, Escócia e Uzbequistão.
É a prova de que, sim, arte, educação e resistência caminham juntas e podem atravessar fronteiras.
“A expectativa é de que essa obra possa alcançar e inspirar pessoas que não se sentem representadas nas telas. Sobretudo travestis do Pantanal e pessoas trans do Mato Grosso do Sul.”
O curta “Coragem” estreia às 19h30 desta quarta-feira, no Teatro Aracy Balabanian. A entrada é gratuita e haverá debate sobre sua obra.
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