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Comportamento

Acumulador com diagnóstico de TOC, Pedro decidiu se organizar e ganhou coleções

Na casa dele, a "caverna" hoje guarda parte das coleções, que tem até cajados e facas de mergulho

Thaís Pimenta | 24/08/2018 08:22
Pedro Paulo mostra um dos itens que acumulou durante anos.
Pedro Paulo mostra um dos itens que acumulou durante anos.

Depois que foi diagnosticado com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), o médico Pedro Paulo Bidart precisou lidar com a acumulação. Ele já falou sobre o gosto por peças antigas em outra reportagem aqui no Lado B, mas o que naquela parecia apenas apreço por relíquias, ganhou dimensões preocupantes.

Foram anos e mais anos comprando objetos que, de alguma maneira, faziam sentido para ele. Hoje, a casa tem um cômodo só para as coleções, apelidado pela esposa de "caverna", um lugar que também serve como um tratamento, porque ao organizar, ele percebe a quantidade de coisa que acumulou.

Mas até a sala de jantar da família é rodeada de canecas para capuccinos. "Eu sempre soube que era um acumulador, mas quando você é diagnosticado, precisa aprender a lidar com isso para o bem de todos. Minha mulher diz que eu sou maluco, mas ela sabe que todo mundo tem alguma loucura pessoal", brinca ele.

Na sala de jantar, coleção de copos de cerveja. (Foto: Paulo Francis)
Na sala de jantar, coleção de copos de cerveja. (Foto: Paulo Francis)

Ao tentar se organizar, Pedro descobriu que, na verdade, reuniu coleções. São rótulos e mais rótulos de cachaças compradas a cada viagem, copos de cerveja, copos de cachaça.

Só de armas brancas, a última vez que ele contou haviam 514, desde facas, canivetes, navalhas, e butterflys. Algumas são de pesca submarina, esporte que passa longe da rotina do médico.

Foi a primeira coleção, de quando ele tinha 11 anos. "Eu me encantei pro uma faca quando estava na Argentina, mas não tinha dinheiro pra comprar, eu falei pro vendendor guardar para mim que, no ano seguinte, eu o encontraria de novo e levaria, e foi o que eu fiz", lembra ele.

Já as cachaças e os copos ele não tem noção de quantas são. "A cada viagem eu faço questão de trazer um elemento de cada, uma bengala, um canivete, ou uma faca, e uma cachaça. Eu também adoro Campari e as cervejas artesanais", comenta ele.

As canecas, a última vez que ele contou estava no 144. "Mas depois disso eu comprei e ganhei outras. Agora devo ter aproximadamente 200 canecas". Se em todas ele já bebeu? "Pelo menos uma vez, sim".

Aprender a lidar com tantas coisas exige tempo. "Só de eu conseguir contar quantos eu tenho já fico feliz. Eu não consigo catalogar esses produtos, seria um trabalho muito dispendioso. De vez em quando fica aqui na caverna tentando organizar, é complicado". Mesmo já diagnosticado, ele continua comprando, mas agora com um pouco mais de consciência.

Bengalas e cajados e bastão de caminhada. (Foto: Paulo Francis)
Bengalas e cajados e bastão de caminhada. (Foto: Paulo Francis)
São móveis de nove gavetas um, e o outro com 6 gavetas e 4 prateleiras. (Foto: Paulo Francis)
São móveis de nove gavetas um, e o outro com 6 gavetas e 4 prateleiras. (Foto: Paulo Francis)
Na sala de jantar, canecas também estão expostas, assim como as cachaças. (Foto: Paulo Francis)
Na sala de jantar, canecas também estão expostas, assim como as cachaças. (Foto: Paulo Francis)

As bengalas se somam as coleções junto a cajados e bastões de caminhada, que agora incentivam a mais nova mania de Pedro: a de peregrinações.

Ele encara os percursos não por motivo religioso, mas pelo ato de caminhar e chegar até um destino. E a cada descoberta, Pedro tatua o novo caminho.

Já foram 12, porém o último ainda não ganhou desenho no corpo. "Fiz os Caminhos Franceses e o Português de Santiago, o Caminho de Sol de São Paulo, fiz o Caminho de Cima no Japão, Caminho das Missões no Rio Grande do Sul, fiz o Caminho da Ilha de Santa Catarina, o Vale do Pati na Chapada Diamantina, o Caminho de Assis e o Caminho do Vale Europeu".

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Cada tatuagem é uma peregrinação. Tatuadas já são 11, falta a última caminhada feita. (Foto: Paulo Francis)
Cada tatuagem é uma peregrinação. Tatuadas já são 11, falta a última caminhada feita. (Foto: Paulo Francis)
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