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Comportamento

Alguns sacrifícios para manter vivo o espírito do Natal e turbinar as vendas

Elverson Cardozo | 24/12/2012 07:30
Eloi Matos como Papai Noel pela primeira vez. (Foto: João Garrigó)
Eloi Matos como Papai Noel pela primeira vez. (Foto: João Garrigó)

Quem pensa que a vida de Papai Noel é moleza é porque não conhece direito a rotina do bom velhinho. No shopping, o senhor de barba branca e cabelos compridos passa a maior parte do dia sentado, no ar condicionado, mas tem de estar sempre sorridente para as fotos ao lado das criancinhas.

Óbvio que o "salário" de R$ 6 mil para a temporada compensa todo o esforço depois da ceia, não sejamos hipócritas. Mas já pensou ter que aturar pais sem “desconfiômetro” que pedem para os filhos puxarem a barba e o cabelo do Papai Noel?

E aqueles que insistem nas fotografias, mesmo quando a criança ameaça abrir um berreiro e mostra que está irritada? É o que mais acontece. E o que mais irrita. A garantia vem de um idoso que deixou, desde o dia 16 de novembro, Santa Catarina e a construção civil para encarar a roupa vermelha e o saco de presentes na capital Sul-Mato-Grossense.

Eloi Matos Rochadel, de 60 anos, é o bom velhinho oficial praça central do Shopping Campo Grande. Assume o posto, sem trenó ou rena, às 15h. Só levanta às 21h, depois de muitas fotos e conversas com os pequenos.

Distribui balas, sorri e acalma aqueles que chegam assustados. A procura é tanta que às vezes chega a formar fila do lado de fora da área cercada. Os pais, corujas, parecem não se importar com o tempo.

É a primeira vez que Eloi trabalha como Papai Noel. A barba e o cabelo sempre foram grandes. Como a família, os amigos, as crianças e até os adolescentes do bairro onde mora costuma fazer piadas, ele resolveu entrar no espírito natalino para lucrar.

Bastou uma conversa com o sobrinho, dono da empresa de fotografia, para conseguir espaço no shopping. Eloi só deixa Campo Grande no dia 24, quando retorna à região sul do país. O natal do Papai Noel provavelmente será na estrada.

Enquanto o descanso não chega, o idoso aproveita, ao menos, para ficar sentado. Uma mordomia para quem vira Papai Noel  dentro do banheiro do shopping. “Se acertar de ser contratado, no ano que vem eu vou fazer minhas exigências”, disse, sério, sem brincar.

Espírito Natalino - Na época em que as luzes se acendem e uma aura de bondade, boas vibrações e bons sentimentos parecem pairar sobre a cabeça das pessoas, o comércio entra no clima.

Não é só a decoração que fica evidente. O comportamento mais dócil e receptivo é de impressionar. Nesta semana, no mesmo shopping, uma moça, vestida de Mamãe Noel, prostrada ao lado de uma dos guichês de pagamento do estacionamento, deseja feliz natal a todos que passavam.

Imagine só quantas vezes a garota disse a mesma frase. Cansa só de pensar. O lado positivo, para nós, clientes, é que a gentileza, neste período, mostra a cara.

Fim de ano, no Natal especialmente, muitas empresas costumam determinr que seus funcionários usem os conhecidos gorrinhos vermelhos. Alguns trabalhadores adoram. Ficam mais alegres e parecem atender com mais vontade, como se a fantasia fizesse alguma mágica. Outros não escondem a decepção, nem a vergonha. Mas, como diz o ditado, são os “ossos do ofício”.

Daniela Benitez aderiu ao gorro voluntariamente. (Foto: João Garrigó)
Daniela Benitez aderiu ao gorro voluntariamente. (Foto: João Garrigó)
Danila e o chefe, Vinicius, que resolveu entrar no clima natalino. (Foto: João Garrigó)
Danila e o chefe, Vinicius, que resolveu entrar no clima natalino. (Foto: João Garrigó)

A obrigatoriedade não foi o caso de uma loja que vende jogos para videogames. Um dos proprietários, Vinicius Ibrahim, de 25 anos, mandou confeccionar gorros coloridos de duas pontas, mas garante que não obriga nenhum dos funcionários a colocar a “toca” na cabeça.

“O pessoal achou bacana”, comentou. Para Vinicius, a fantasia natalina, do jeito que foi feita, ajuda no marketing da loja. Lembra os personagens das histórias em quadrinhos e das publicações de mangá que comercializa.

Uma das vendedoras, Danila Benitez, de 18 anos, confirma que o chefe não impôs nada. Ela aderiu ao gorrinho vermelho porque gostou da ideia. Não se sente constrangida e nem incomodada, pelo contrário. Se diverte com a reação dos clientes e com as brincadeiras entre os próprios colegas de trabalho.

Mas pudera. Se a intenção fosse passar despercebida, o cabelo da garota não seria tingido de roxo. Na cabeça, um detalhe a mais ou a menos, para ela, não faz tanta diferença.

No mesmo corredor, em uma loja especializada em moda íntima feminina, as seis vendedoras do período da tarde estavam com as orelhinhas da Minnie. A ideia veio da proprietária, que dispensou o adereço, mas disse que nenhuma das meninas foi relutante na hora que propôs.

Vendedora, Fernanda Pereira, de 21 anos, afirma que gostou e diz que a tiara, com detalhes em renda, facilita o relacionamento com o cliente. “É bom que dá mais abertura”, disse. “Todo mundo fala: Nossa! Vocês estão bonitas. Mas alguns confundem com as coelhinhas”, completou, sorrindo.

As "Minnie's" do Shopping Campo Grande. (Foto: João Garrigó)
As "Minnie's" do Shopping Campo Grande. (Foto: João Garrigó)
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