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Comportamento

Amigos desde criança, Cristiano, Luciano e Silvio decidiram retomar o golzinho

Tradição da brincadeira agora tem caráter solidário e recebe doações de alimentos não perecíveis

Thaís Pimenta | 18/06/2018 06:35
Golzinho e a bola foram ganhados pelos jogadores e entrada agora é só um quilo de alimento não perecível. (foto: Saul Schramm)
Golzinho e a bola foram ganhados pelos jogadores e entrada agora é só um quilo de alimento não perecível. (foto: Saul Schramm)

Amigos desde a infância, Cristiano Ferreira, Luciano Medeiros e Silvio Cesar se conhecem desde que se entendem por gente. Vizinhos, foi o bairro Monte Carlo que os uniu e com a amizade firmada na inocência da primeira fase da vida, se descobriram como pessoas formadas sempre junto do outro. 

Nos momentos de diversão fora da escola, as memórias são todas em volta da bola. Descalços, eles corriam atrás dela onde quer que fosse, até mesma na principal rua sem saída da região. ''Nossa maior diversão naquela época era o futebol de rua, era só alegria'', comenta Luciano. 

Silvio relembra a amizade e a infância ao lado dos moleques. ''Lembro que a gurizada reunia pra jogar, muitas vezes descalços mesmo. Depois a gente sentava no meio fio pra conversar a toa e comentar sobre as jogadas. Eram tempos bons, vividos lá pelos oito anos de idade''.

Já Cristiano, conhecido por Beiço desde pequeno, se lembra de arrancar o tampão do dedão do pé na quadra improvisada do golzinho. ''Não tinha esse negócio de quem tem hoje de tênis, caneleira, meião, era na raça, sem grana, e diversão a mil''.

Silvio, Cristiano e Luciano são amigos desde a infância e organizadores das partidas. (foto: Saul Schramm)
Silvio, Cristiano e Luciano são amigos desde a infância e organizadores das partidas. (foto: Saul Schramm)

Hoje, mais de 20 anos depois daqueles tempos, os amigos decidiram retomar o costume do golzinho por lá. A rua Cassilândia foi escolhida para se tornar a ''Arena Japonês'' porque, no bairro, já é tradição os jogos acontecerem ali. ''Meu pai mesmo jogava aqui no mesmo lugar, eles faziam campeonatos, inclusive, e isso tudo se perdeu com a correria do dia a dia'', diz Silvio.

Outros fatores, como o abandono dos espaços públicos da região, contribuíram para o esquecimento da brincadeira. ''A praça onde jogávamos estava abandonada. Hoje não tem mais quadra e nem parque para a criançada do bairro'', completa ele.

O ''Japonês'' que dá nome ao ponto é uma homenagem ao comerciante conhecido pelo mesmo apelido, que manteve sua mercearia no mesmo ponto desde a infância desses meninos.

Arena Japonês foi nome escolhido para batizar a rua Cassilândia. (foto: Saul Schramm)
Arena Japonês foi nome escolhido para batizar a rua Cassilândia. (foto: Saul Schramm)
Beiço é um dos organizadores. (foto: Saul Schramm)
Beiço é um dos organizadores. (foto: Saul Schramm)

Desde que retomaram a tradição já foram oito edições do campeonato. A intenção é, acima de tudo promover a diversão em torno desse jogo tão divertido que mais parece mesmo uma brincadeira de criança.

O caráter das reuniões é também solidário. ''Começamos já com o ideal de arrecadar donativos e destinar a pessoas carentes pra que esse momento de união aqui seja possível em outros espaços'', comenta Beiço.

A organização começou cobrando R$ 2,00 para conseguir comprar a bola mas foram ''patrocinados'' por um dos participantes com as bolas e os gols, e então passou a cobrar para a inscrição apenas um quilo de alimento não perecível para doar a um projeto que atende famílias do bairro Noroeste.

No último sábado (16), 24 pessoas compareceram no campeonato, a maioria de fora do bairro. Times de 3 pessoas compunham os 7 minutos de cada jogo. Em mais de três horas de disputa, o time vencedor forai dos jogadores de camiseta azul.  ''No fim, mesmo que conte até com o juíz, isso aqui é uma grande brincadeira para ajudar ao próximo'', finaliza Luciano Medeiros.

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Ao todo cerca de 24 compareceram na oitava edição do campeonato. (foto: Saul Schramm)
Ao todo cerca de 24 compareceram na oitava edição do campeonato. (foto: Saul Schramm)
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