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Comportamento

Ao completar 105 anos, o aniversariante procura uma namorada e quer casar

Anny Malagolini | 17/01/2013 09:35
Atamarilio bem vestido para aproveitar o dia do aniversário. (Fotos: Luciano Muta)
Atamarilio bem vestido para aproveitar o dia do aniversário. (Fotos: Luciano Muta)

Hoje em dia é bem mais comum uma pessoa ultrapassar a marca dos 100 anos, mas ainda não é um privilégio qualquer. Alcançar essa marca exige disposição, o que não falta para Atamarilio Moraes da Silva, um senhor alegre, bem arrumado e que não dispensa uma camisa bem vermelha e uma calça social.

Esbanjando saúde aos 105 anos de idade, em mais um aniversário comemorado ontem a meta estabelecida foi audaciosa: arranjar uma namorada e casar.

Viúvo há mais de 30 anos, ele agora decidiu que não quer ficar sozinho e pretende ainda aproveitar a vida ao lado de um grande amor.

"Já criei os filhos e passei muito tempo sozinho, agora quero casar", justifica. O problema é não haver ainda qualquer pretendente à vista.

Na brincadeira, a filha Ramona Aparecida, de 47 anos, logo incorpora o ciúme e cutuca o pai dizendo que não iria à cerimônia, caso houvesse um novo casamento e recebe outro desaforo como resposta. “Se não quiser ir tudo bem, mas não é pra ir à festa também”, retruca Atamarilio.

Nascido em Ponta Porã, em 1908, ele tem oito filhos e desde 82 vive em Campo Grande. Para entreter o pai, a família comprou um triciclo e as andanças renderam até homenagem. “Ele já ganhou troféu como a pessoa mais idosa de bicicleta”, conta a neta Kátia Marques, que hoje vive em Portugal.

A idade já não permite os passeios como antes, a fala também ficou um pouco mais difícil, mas os hábitos continuam os mesmos.

Carne vermelha é indispensável no cardápio, com alguns exageros. “Fui criado comendo assim, carne de porco, costela, sem frescura”, garante à repórter, emendando um “mita cunhã porã”, que no português significa “moça bonita”.

Com sotaque arrastado da fronteira, ele ainda arrisca falar algumas palavras em guarani. “A memória não falha”, explica.
Para ele, a saudade maior é do trabalho. A lembrança da juventude, do tempo em que vivia em fazendas é a maior forma de preencher os dias. "Queria voltar a domar os cavalos, continuar a profissão do meu pai".

Há alguns anos ele deu um susto na família quando sofreu uma parada respiratória e ficou 18 dias em coma. “Os médicos já nos aconselhavam a dar inicio à despedida e afirmavam que se ele pudesse mexer um dedo seria milagre divino”, lembra Ramona.

Que nada, o paizão continua forte, à espera da namorada e dos 106 anos. Com tanta história passada, a vida agora não tem maiores planejamentos. Vive um dia de cada vez, sempre cercado de carinho.

A festa dos 105 anos será só na próxima semana, com filhos, netos e tataranetos. Ontem, na Moreninha 3, para não passar a data oficial “em branco”, da cozinha vinha o cheiro de costelinha de porco, ao gosto do aniversariante.

Carteira de Identidade do aniversariante.
Carteira de Identidade do aniversariante.
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