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Comportamento

Aos 11 anos, Emanoel é o 1º menino do Estado a entrar no balé no Bolshoi

Thaís Pimenta | 23/10/2018 10:00
Emanoel já tem a postura e o corpo de um bailarino, mesmo praticando há apenas 1 ano. (Foto: Kisie Ainoã)
Emanoel já tem a postura e o corpo de um bailarino, mesmo praticando há apenas 1 ano. (Foto: Kisie Ainoã)

Tímido, com poucas palavras, Emanoel Nascimento comemora, mesmo que discretamente, com um sorriso no rosto, a bolsa que ganhou para estudar balé clássico na Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville, sendo o primeiro menino de todo o Mato Grosso do Sul a alçar o feito. Jovem, aos 11 anos ele se planeja para deixar a casa da mãe, onde mora junto dos três irmãos e da avó, lá no bairro Santa Luzia, para preparar as malas para Joinville, carregando na bagagem o sonho de viver da dança.

O feito é digno de parabéns por si só, mas fica ainda mais impressionante quando se descobre a humildade do garoto, que só teve oportunidades como essa por conta de programas públicos da Prefeitura de Campo Grande. Ele, que sempre foi aluno da Escola Municipal Elizabel Gomes Sales, curtia de todas as maneiras os projetos extra curriculares ofertados por lá. A mãe, Candelária Clara do Nascimento, diz que ele já fez atletismo, participou do projeto de música tocando flauta, foi balizador da fanfarra, é do grupo de artes plásticas, mas foi no balé, praticado há um ano apenas, que Emanoel se encontrou.

Candelária é a mãe de Emanoel (Foto: Kisie Ainoã)
Candelária é a mãe de Emanoel (Foto: Kisie Ainoã)

"Ele participa do projeto Arte e Cultura da Semed (Secretaria Municipal de Educação) há um ano e, pra ser sincera, eu acho que ele ainda tem a inocência leva na brincadeira, tudo isso que está acontecendo com ele, mas mesmo assim o Emanoel tem certeza do que quer pro futuro dele e por conta disso comemoramos essa alegria", diz a mãe.

Candelária diz que Emanoel ficou tão entusiasmado que já disse que quer levar a mãe e a família inteira junto, de mala e cuia. "Ele acha que é assim né? Eu tive que sentar com ele e explicar que as coisas não funcionam dessa maneira", completa.

Criado pela mãe e pela avó, Candelária diz que essa veia artística não veio nem dela e nem do pai dele - que inclusive não é presente na criação dos filhos - e acredita que o caçula pode ter puxado seu irmão que está desaparecido.

A professora do projeto Thaís Marques foi quem notou que Emanoel carregava consigo um talento a mais. "Eu sempre soube que ele tinha potencial, mesmo praticando há tão pouco tempo", explica ela, que trabalha no projeto da Semed quatro horas por semana na escola municipal.

Thaís é a prof responsável. (foto: Kisie Ainoã)
Thaís é a prof responsável. (foto: Kisie Ainoã)
Tímido, ele pensa no que o futuro lhe aguarda
Tímido, ele pensa no que o futuro lhe aguarda

No ano passado, ele e a sua parceira de dança, Giovana, de 10 anos, que foi quem o convidou a participar da dança, formaram o padede da turminha, ou seja, a dança em casal. Giovana participou da seleção com o amigo mas, infelizmente, não foi chamada. 

A seleção teve participação de 22 estados brasileiros, Distrito Federal e Argentina, com exames médicos fisioterápicos e artísticos. Foram aprovadas 40 crianças, que iniciam na primeira série, - o caso de Emanoel- e oito adolescentes, que vão para as series mais avançadas.

Thais acredita que essa etapa pode mudar a vida de Emanoel e trazer melhores possibilidades para o meninão. "Lá ele vai ter acesso a escola, vai estudar em um período e no outro, todos os dias, estudar balé. Ele tem dentista, fisioterapeuta, médicos e nutricionista, coisa que aqui ele só teria acesso pelo SUS", comenta.

Foi a professora quem assumiu a bronca de levar o casal para os ensaios, que costumavam acontecer na escola, mas que, por pouca estrutura, passaram para o Horto Florestal, porque lá possui espelho, barra e o tablado, até então a coreografia essa ensaiada no meio do pátio da escola ou em uma das salas de aula.

Junto de Adalton Garcia e Iara Costa correram atrás de patrocínio para levar os dois para a seletiva em Joinville e agora busca por ajuda para mantê-lo com mais segurança financeira por lá. "É um menino muito tranquilo. Falo pra ele que a seleção foi difícil mas é ainda mais difícil conseguir se manter no Bolshoi, porque as notas tem que ser boas, mas eu acredito no potencial".

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Giovana foi quem o incentivou a ir para o balé e agora a duplinha se separa. (foto: Kisie Ainoã)
Giovana foi quem o incentivou a ir para o balé e agora a duplinha se separa. (foto: Kisie Ainoã)
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