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Comportamento

Após 14 anos juntas, Kika deixou para Rosângela lição sobre amor incondicional

O convívio com os animais ensinou para a professora valores como lealdade e dedicação ao outro

Eduardo Fregatto | 15/07/2017 07:15
Rosângela com sua cadelinha chamada Tiny, que ainda está viva. As fotos com Kika são raras, já que a cadela faleceu há muitos anos. (Fotos: Acervo Pessoal)
Rosângela com sua cadelinha chamada Tiny, que ainda está viva. As fotos com Kika são raras, já que a cadela faleceu há muitos anos. (Fotos: Acervo Pessoal)

A coluna "O que ficou de quem partiu", daqui do Lado B, sempre preza por histórias de superação e, principalmente, do legado deixado por aqueles que já se foram. É uma forma de preservar a memória e os exemplos das pessoas importantes que passam pela vida de todos nós.

Mas hoje contaremos uma história um pouquinho diferente. Dessa vez, quem partiu e deixou muita saudade e várias lições valiosas não foi exatamente uma pessoa, mas sim uma forte vira-lata paulistana que atendia pelo nome de Kika e mudou completamente a vida da sua dona.

Afinal, os animais também são capazes de desenvolver laços de afetividade tão fortes com os humanos que deixam uma impressão difícil de ser esquecida pelos seus donos e melhores amigos.

Essa é a única fotografia que Rosângela tem da sua amiga Kika.
Essa é a única fotografia que Rosângela tem da sua amiga Kika.

Foram 14 anos em que Kika conviveu com a professora de inglês Rosângela Macia, de 61 anos. As duas se encontraram pela primeira vez quando Rosângela morava em São Paulo. Ela nunca tinha tido um animal de estimação na vida.

"A Kika veio até mim por meio de uma amiga. Eu nem podia ter bicho, morava em apartamento. Mas acabei aceitando", relata a professora. Por todos esses anos, elas se mantiveram juntas, a principal companhia uma da outra. "Tive relacionamentos, companheiros. Mas quem resistia ao meu lado era ela", ressalta.

Quando Kika faleceu, devido a um derrame, Rosângela conta que chegou a ter sintomas de depressão. Até hoje, vários anos após a morte da cachorrinha, sente forte emoção ao lembrar da velha amiga. "É muito difícil, a dor da perda, o sofrimento é imenso. E é até hoje, quando falo dela", diz. "Ela era muito estabanada, fazia aquela bagunça. Eu dizia que o rabo dela ia desparafusar, de tão feliz que ela sempre estava. A presença ainda faz uma grande falta", complementa.

Foi por meio da convivência com Kika que a professora diz ter aprendido valores importantes sobre amor e dedicação. A experiência toda, alega, a tornou mais humana e sensível aos sentimentos do outro. "Ela me fez ser uma pessoa diferente. Cuidar de um animalzinho me ensinou a me doar inteira a alguém que precisa. Me ensinou o que é o amor incondicional e a lealdade", reflete.

Essa é a Meiga Meg Ryan, que faleceu recentemente após 9 anos de companheirismo. (Foto: Célia Nazarko e Felipe Pellegrini/Studio Seu Pet Star)
Essa é a Meiga Meg Ryan, que faleceu recentemente após 9 anos de companheirismo. (Foto: Célia Nazarko e Felipe Pellegrini/Studio Seu Pet Star)

Hoje em dia, Rosângela cuida da mãe de 81 anos, que sofre de Alzheimer. Dedica grande parte da sua vida aos cuidados da mãe. Uma rotina que envolve justamente alguns dos valores cultivados por anos com Kika. "Com certeza eu realmente me tornei muito mais sensível às relações humanas", diz.

Ao longo dos anos, a professora foi adotando mais animais. Uma delas, a Meiga Meg Ryan (este é o nome completo da cadelinha), faleceu recentemente, após 9 anos de convívio. Foi outro baque, mas para seguir em frente Rosângela se apega aos bichinhos que ficaram e ainda precisam de cuidados: a fêmea batizada carinhosamente como Tiny Draga Tsunami Pernalonga Beaglelata Puro Amor e o macho que levou nome de galã, David Kiu Beckham.

A professora nunca teve filhos. Em uma tentativa, há muitos anos, perdeu o bebê e então desistiu de engravidar novamente. "Eu não quis mais. As pessoas ficam muito assustadas, perguntam como eu não tive filhos? Acham até que eu tenho esse carinho todos por animais pela falta de filhos", revela.

Ela garante que uma coisa pouco tem a ver com outra. Diz que seria apaixonada pelos animais de estimação mesmo que tivesse filhos.

"Depois da Kika, eu nunca mais deixei de ter cachorros. Um não é capaz de substituir o outro, mas todos são igualmente importantes e te ensinam coisas diferentes. Eu só não vou deixar de ter um bichinho quando não tiver mais condição física de cuidar", promete.

"A perda é um sofrimento enorme, mas o tempo que nós temos com eles, seja um ano, dez ou vinte anos, é de uma de felicidade total. Vale à pena", finaliza.

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