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Comportamento

Após a depressão e o Parkinson, casamento vem para confirmar amor de 46 anos

Naiane Mesquita | 31/10/2016 07:34
O beijo de recém-casados de Zilda e Francisco (Foto: Marcos Ermínio)
O beijo de recém-casados de Zilda e Francisco (Foto: Marcos Ermínio)

O beijo carinhoso no altar selou 46 anos de união. Nas mãos de dona Zilda, dois buquês, um azul para os braços das moças solteiras e o outro, todo branquinho, para repousar no altar de Nossa Senhora das Graças. A união ao lado do grande amor da sua vida, Francisco, foi o desejo mais profundo do coração, o sonho de véu e grinalda que ela carregou por toda a vida e realizou na noite de sábado, na companhia de filhos e amigos.

A história de amor de Zilda Silva Maia, 68 anos, e Francisco de Azevedo Maia, de 74, foi escrita com cuidado ao longo dos anos. Morando na mesma rua, apaixonados na juventude e impedidos de subir ao altar, os dois precisaram fugir para a cidade vizinha para finalmente assinar os papéis do casamento civil, mas o religioso nunca veio.

Os votos feitos no altar, renovam o amor de toda a vida (Foto: Marcos Ermínio)
Os votos feitos no altar, renovam o amor de toda a vida (Foto: Marcos Ermínio)

“Já faz tantos anos, deixa eu me lembrar”, diz, aos risos, a noiva. De vestido branco e azul, as cores de Nossa Senhora das Graças, ela espera ansiosa no carro a hora de dar os braços ao filho e finalmente atravessar a igreja para encontrar Francisco. “Não sei como vou conseguir entrar lá”, diz, confirmando o nervosismo.

Da história, ela lembra um pouco, sem os muitos detalhes apagados pelo tempo. “Ele tinha uma mercearia e eu me mudei para a mesma rua. Meu pai era dos Correios e viemos transferidos de Corumbá para Campo Grande. Morei a meia quadra da mercearia”, relembra.

Dos produtos comprados no mercadinho, até as conversas de pé de ouvido, a paixão logo surgiu.

“Começamos a namorar, passaram muitos anos e casamos. Mas, a mãe dele descasou a gente. Ele era filho único e ela tinha que autorizar o casamento. Depois tentamos de novo. Fomos a uma cidade vizinha, assinamos os papeis e ele me colocou em uma casa”, diz.

Cumplicidade na cerimônia  (Foto: Marcos Ermínio)
Cumplicidade na cerimônia (Foto: Marcos Ermínio)
Os buquês de dona Zilda  (Foto: Marcos Ermínio)
Os buquês de dona Zilda (Foto: Marcos Ermínio)

Rindo, Zilda avisa que ninguém vai acreditar, mas os dois não dormiram juntos até ele convencer a mãe do casamento. “Eu fiquei na casa sozinha e ele com a minha sogra, tentando fazê-la aceitar. Eu tinha medo de não dar certo de novo. Mas, depois ficou tudo bem, no final acabei cuidando dela”, explica.

Do carinho, quatro filhos nasceram, todos frutos desse amor. Um faleceu, mas o restante estava presente no casamento realizado na Igreja Nossa Senhora de Fátima. Nervoso, seu Francisco mal conseguia falar. Com um estágio avançado, mas estável de Parkinson, ele se manteve seguro para dizer sim, com todas as letras, no altar.

“Estou um pouco nervoso. Decidimos casar pela minha doença”, explica com poucas palavras antes de entrar na igreja. Além do Parkinson, Francisco tem problemas visuais do lado direito, decorrentes de um acidente de carro ainda jovem.

A emoção no altar e o sorriso da noiva  (Foto: Marcos Ermínio)
A emoção no altar e o sorriso da noiva (Foto: Marcos Ermínio)

Mas, isso não foi problema na hora de esperar dona Zilda no altar, trocar as juras na frente do padre e posar para todas as fotos, com direito a beijinho e tudo. O casamento foi coletivo, com sete casais, cada um com sua história, de construir ou renovar, como no caso dos dois.

Para Zilda, os segundos que se seguiram foram de amor e devoção. “Sonhei a vida toda em casar com véu e grinalda. Isso não deu, mas eu vou casar mesmo assim”, sorri.

O medo de que um dos dois partisse antes da cerimônia foi o que motivou o casal a seguir com a ideia a diante. “Graças a Deus deu tudo certo. O azul é por causa de Nossa Senhora das Graças, até que não sou muito devota, mas frequentei a igreja e agora ela realizou meu sonho. Depois de casar vou dar meu buquê branco para ela”, conta.

Das lembranças de Francisco, do homem trabalhador que venceu uma depressão e hoje superou o Parkinson para estar ao lado de Zilda, só a motiva a seguir em frente. “Ele age um pouco como criança agora. Mas, ele é o amor da minha vida e isso não muda. Fiquei com ele até agora, aguentando ele”, ri, para completar. “Bom pai, marido, trabalhou tanto coitado que até agora não aproveitou muito da vida. Agora temos essa lembrança”, acredita.

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