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Comportamento

Aposentado por obrigação, Antônio quer novo trabalho aos 83 anos

Lei Federal obrigou saída dos Correios e aposentado agora luta por nova chance no mercado de trabalho

Por Clayton Neves | 11/09/2025 06:30
Aposentado por obrigação, Antônio quer novo trabalho aos 83 anos
Ao todo, Foram 17 anos de serviço nos Correios. (Foto: Arquivo Pessoal)

No dia 31 de julho deste ano, Antônio Malheiros Neto, de 83 anos, encerrou oficialmente um ciclo de 17 anos nos Correios, onde passou por quase todos os setores: administrativo, coleta, triagem e entrega. “Os últimos 10 anos trabalhei tanto que não tive tempo nem de envelhecer. Minha meta era parar só quando fizesse 90 anos, porque me sinto com um vigor que cada dia que passa fico mais novo”, resume.

RESUMO

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Antônio Malheiros Neto, de 83 anos, busca recolocação no mercado de trabalho após 17 anos de serviço nos Correios. Aposentado compulsoriamente por legislação que impede a permanência de funcionários com mais de 75 anos em empresas federais, Antônio sente a falta da rotina e dos rendimentos. Apesar da idade, demonstra vigor e disposição, atribuídos à prática regular de atividades físicas, como ciclismo e corrida.Com vasta experiência profissional, incluindo professor de educação física, técnico de basquete, e atuação em diversos setores dos Correios, Antônio busca uma nova oportunidade. Formado em Educação Física e cursando Processos Gerenciais, oferece aulas de basquete voluntárias e possui habilidades em informática e manutenção de computadores. Sua trajetória inclui passagens pelo esporte profissional, inclusive jogando ao lado de Pelé. Antônio reforça o desejo de continuar ativo e contribuir profissionalmente, solicitando apenas uma chance para demonstrar suas capacidades.

Mesmo aposentado e já 80+, ele não pensa em sossegar e tenta de tudo para voltar ao mercado. “Eu não quero parar, porque se eu parar, eu perco o pique. Mas arrumar um trabalho com 83 anos está sendo muito difícil”, explica.

O vigor vem de uma vida inteira dedicada ao esporte. Professor de educação física, foi técnico de basquete em Corumbá, diretor do Corumbaense e até jogador profissional, chegando a atuar pelo Botafogo do Rio e conquistar o título de campeão brasileiro em 1967.

Aposentado por obrigação, Antônio quer novo trabalho aos 83 anos
Antônio na passagem da tocha olímpica em Campo Grande. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu nunca parei com a atividade física. Acho que é isso que garantiu a disposição até hoje. Eu acordo às 5h, pego a bicicleta, vou me exercitar e ainda corro no Belmar Fidalgo nos finais de semana”, conta.

Natural de Corumbá, Antônio se mudou para Campo Grande em 1999, depois de encerrar a carreira como professor. Tentou voltar à área, mas esbarrou na idade. “Eu já tinha 65 anos e aqui formavam 300, 400 professores de educação física por ano. Experiência eu tinha, mas com 65 era muito difícil arrumar vaga”, relata.

Foi então que, em 2007, prestou concurso para os Correios. Passou em segundo lugar. “Com 65 anos, foi um caso inédito. Muita gente dizia que eu não podia mais trabalhar, mas entrei com pedido para assumir a vaga com base no Estatuto do Idoso. Fiquei lá até me obrigarem a sair agora, por causa da lei que impede quem tem mais de 75 de trabalhar em empresa federal. Isso é absurdo. Hoje em dia todo mundo fala em valorizar a terceira idade e vem uma lei dessas”, critica.

Aposentado por obrigação, Antônio quer novo trabalho aos 83 anos
Formado em educação física, Antônio foi jogador profissional de basquete. (Foto: Arquivo Pessoal)
Aposentado por obrigação, Antônio quer novo trabalho aos 83 anos
Até hoje, aposentado mantém atividade física em dia. (Foto: Arquivo Pessoal)

A demissão compulsória foi um baque. Além da perda financeira do salário e benefícios, o que mais pesa é a falta da rotina. “Eu era o primeiro que chegava e o último que saía. Em dez anos nunca faltei um dia. Eu não esperava ser dispensado assim", avalia.

Hoje, ele divide os dias entre o curso superior em Processos Gerenciais, no qual está no último semestre, e as aulas informais de basquete que oferece como voluntário no Belmar. Mas não se conforma em ficar apenas nisso. “Eu tenho um estúdio montado, tenho curso de computação, de manutenção de computadores. Já tive loja, academia, fui professor, trabalhei com som, com propaganda. Posso atuar em várias áreas. Só quero uma oportunidade", afirma.

Com uma memória afiada, Antônio guarda lembranças preciosas. Foi interno no Colégio Marista de Poços de Caldas, onde em 1958 a Seleção Brasileira treinou antes de conquistar a primeira Copa do Mundo. “Eu era chamado de Corumbá pelos jogadores. Jogava bola com eles, inclusive com o Pelé. Isso é uma coisa que levo para a vida”, lembra.

Aposentado por obrigação, Antônio quer novo trabalho aos 83 anos
No tempo de servidor, Antônio trabalhou em diferentes setores dos Correios. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ele também já recebeu moção de reconhecimento na Câmara Municipal de Campo Grande pelos serviços prestados como professor e como funcionário dos Correios. Mas, para ele, o maior reconhecimento seria poder continuar ativo. “Posso ter o melhor currículo do mundo, posso ser um super-homem, mas tenho 83 anos. A idade pesa. Ainda assim, eu só queria que me dessem a chance de mostrar que posso contribuir”, diz.

Com vários planos ainda em mente, Antônio insiste que parar não é um deles. “Eu queria parar só com 90 anos. E até lá, se depender de mim, vou continuar correndo atrás”, finaliza.

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