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Comportamento

As vantagens de um cego no mundo do marketing eleitoral

Ângela Kempfer | 07/10/2012 13:42
O massoterapeuta Leandro Aparecido de Souza votou hoje cedo no Instituto dos Cegos
O massoterapeuta Leandro Aparecido de Souza votou hoje cedo no Instituto dos Cegos

Sem a imagem para atrapalhar, quem é deficiente visual pode se sentir privilegiado em uma campanha eleitoral. Fica mais difícil enganar esse tipo de eleitor com sorrisos ou beijinhos em criancinhas nas propagandas de TV ou impressos de campanha.

A lição que fica é óbvia. “A gente tem de ouvir mais e olhar menos, para saber quem é quem. Não adianta ser bonitão, ou ficar rindo por aí”, diz o massoterapeuta Leandro Aparecido de Souza.

Para quem não enxerga, poder econômico que forra a cidade de material de divulgação  quase não faz efeito. Marqueteiros não têm vez, não tapeiam pela construção de uma imagem falsa, nem pela edição da propaganda eleitoral.

Bandeiraço então... Pode ter milhares de meninas lindas empunhando bandeiras com o número do candidato, não vão conquistar qualquer voto.

Hoje, na urna, Leandro confirmou o voto em duas pessoas que têm a voz tranquila, mas demonstram segurança na avaliação de Leandro. “O tom deles é de cortesia, de educação. Não voto em quem grita muito e é mal educado. Isso é coisa de gente autoritária”.

O músico Orlando Brito também nunca viu a figura de um candidato e sabe que a fala mansa também pode enganar, por isso só presta atenção no “conteúdo”.  “Ser simpático qualquer um pode ser em época de eleição. Mas para gente, não tem como se deixar levar por nada além do que se diz. Não enxergar tem lá suas vantagens. Só o que fica são as propostas”.

Para ele, a lição maior a ser dada por um cego é “ouvir mais” e dar menos valor à imagem.

A professora Telma Nantes ouviu debates, acompanhou propaganda eleitoral, foi abordada por gente com propostas especificas para portadores de deficiência, mas decidiu que quer mais. Apesar de não ver, consegue ir mais longe e pensar como cidadã. “Não fico só pensando nas minhas causas, tenho de pensar como cidadã”.

Apesar de achar que é mais difícil enganar um deficiente visual, pela habilidade que os cegos tem de ouvir até o que não é falado, ela pede licença para errar. “A gente escolhe, pode estar errado, mas pelo menos apostamos em algum conteúdo”.

A professora Telma Nantes diz que ouviu debates e acompanhou propaganda eleitoral.
A professora Telma Nantes diz que ouviu debates e acompanhou propaganda eleitoral.
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