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Comportamento

Ataques e defesas sobre a reportagem mais lida e comentada do dia

Ângela Kempfer | 26/02/2013 16:54
Matéria publicada hoje no Lado B.
Matéria publicada hoje no Lado B.

Quando certas reportagens são publicadas no Lado B, sabemos que a repercussão virá forte, mas também há surpresas no meio do caminho. Foi o que ocorreu hoje com a matéria “Com tanto gay na cidade, o que sobrou para as mulheres em Campo Grande?”.

As centenas de comentários na própria matéria e nas mídias sociais surgiram carregadas de uma violência digna dos debates mais apaixonados.

É assim: escreve o que quer, ouve o que der na telha das pessoas. A pauta surgiu porque a reclamação é recorrente e de conhecimento público em Campo Grande e o assunto foi parar até na página da personagem “Cleycianne, uma diva  do senhor no mundo da internet”. Com 59,6 mil seguidores, a postagem abriu a discussão nacional sobre a reportagem, mas com deboche que espaços assim permitem.

Ali, com o humor que até então julgávamos dar o tom, gente de diversos estados confirmou a falta de “heteros no mercado”. Priscilla Estrela mandou o recado: “Olha isso Brena Braz não é só BH que sofre desse mal”.

De Votuporanga (SP), André Augusto Gorgen também comentou “Isso não é só em Campo Grande, é em todo o Brasil e deve ser no mundo também”.

Porém, o debate mais quente surgiu recheado de filosofia, indicação de especialistas e classificações do tipo “preconceituosa”, “pobre”, “sem sentido”, “falta de pauta”, "tosca" e ataques pessoais.

É claro que um canal com intenção de falar apenas de pessoas e de assuntos discutidos na cidade, com pautas não convencionais, sem recorrer à estatísticas e especialistas, não pode ser sentimental ao ponto de rechaçar criticas.

Por isso, buscamos hoje nas mídias sociais autorização para a postagem dos comentários mais severos, como forma de dar voz aos extremos. A maioria das autorizações não veio, mas estão lá para serem vistos.

O fato é que a matéria que pretendia apenas tornar pública uma discussão leve de mesa de bar provocou muita ira. Mesmo sem a intenção de culpar gays pela falta de namorados em Campo Grande, muitos interpretaram como pejorativo o enfoque.

Em Campo Grande, o jornalista Guilherme Cavalcante, responsável por uma coluna sobre o universo GLBT no Estado, aceitou dividir as considerações com os leitores do Campo Grande News. No Facebook ele postou. "Eu não entro no mérito de discutir o porquê das mulheres estarem solteiras, mas em relação a reportagem, é leviano endossar a opinião de apenas três pessoas que responsabilizam os gays pela solteirice, quando o senso comum claramente aponta que as razões são outras”.

O jornalista continua avaliando que “nada teria acontecido se a matéria tivesse apenas citado a questão da proporção de homens heterossexuais disponíveis para o número de mulheres à procura de relacionamento, mas dizer que a culpa é porque a cidade está cheia de gays não dá, até porque aqui está longe de ser uma Avenida Paulista em dia de Parada Gay. Eu acho que por conta desse reducionismo, a matéria é passível de todas as observações em relação ao assunto. E jornalismo é isso mesmo, é provocar debates, reações, nem que seja pelos erros que nós, profissionais, cometemos vez ou outra”.

O empresário Rodrigo Gel é dono da Non Stop, boate criada para o público gay em Campo Grande e comenta algo ainda sobre a tal concorrência dita pelas mulheres. “Não que o público homossexual aumentou, mas hoje se expõem mais, não tem vergonha de se assumir. Acaba que você vê mais homossexuais nas ruas, uma conquista de quem sempre sofreu preconceito.”

Ele lembra que observa isso por conviver com o público LGBT na casa noturna todos os dias. “Hoje nosso público é totalmente diversificado, heteros não se importam mais de estar num ambiente com a grande maioria homossexual, consideramos que a nossa casa é democrática e recebemos a todos sem preconceito”.

A polêmica foi parar na Associação de Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul. “Recebi hoje o comunicado sobre esta matéria no Campo Grande News como sendo de cunho preconceituoso e para ser sincera não vi tom preconceituoso nem na matéria nem nas falas”, diz a presidente da entidade, Cris Stefanny.

Apesar da seriedade na conversa, ela faz uma brincadeira com as mulheres de Campo Grande. “Ressalto que se não têm homem no mercado para as mulheres saibam que para nós as Travestis e Transexuais também está feia a coisa.”

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