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Comportamento

Baile da terceira idade volta a atrair público fiel e exigente no Arena Country

Arena é o antigo Rancho do Cowboy, que fez sucesso na cidade nos anos 80 e 90

Thaís Pimenta | 31/07/2018 06:40
Depois que reabriu, no ano de 2018, a casa passou a ter público máximo de 100 pessoas.
Depois que reabriu, no ano de 2018, a casa passou a ter público máximo de 100 pessoas.

Na rua dos Andradas um grande galpão de madeira chamado Arena Country, antigo Rancho do Cowboy, atrai um público diferente do que estamos acostumados a ver na noite campo-grandense. Ali quem manda na casa são os idosos da terceira idade, que chegam para os bailes sertanejos, de vanero, polca e chamamé às 13 h e só vão embora lá pelas 19h. 

E quem pensa que esse público não ter a ginga no pé e animação no último está bem errado! Nair Montalvão foi professora de dança do CTG (Centro de Tradições Gaúchas) e frequenta o Rancho desde quando ele abriu, no fim dos anos 80, começo dos 90, quando a festa ainda rolava ali na Júlio de Castilho. "São mais de 30 anos vindo aqui pra dançar. Eu não venho pra paquerar não, é pra dançar! Só tem sido difícil encontrar um parceiro bom pra nós nos último tempos", explica.

E a gerente do Arena,Cintia Soares dos Santos, explica que isso aconteceu porque o rancho fechou suas portas por dois anos, quando passou a ser notificado rotineiramente pelo vizinho de imóvel. "Nos anos 80, 90 isso aqui dava mais de 2 mil pessoas. Aí nos anos 2000 era fácil lotar com 500 pessoas. Agora que reabrimos não dá nem 100 pessoas no baile, mas estamos tentando resgatar o nosso pessoal", diz ela, que é filha do dono do local, Neres Fernandes dos Santos, de 64 anos.

Delcia é cliente há pelo menos 10 anos e Cintia tem 21 anos, é gerente e filha do dono.
Delcia é cliente há pelo menos 10 anos e Cintia tem 21 anos, é gerente e filha do dono.
Delcia, Cintia, Nair e Angélica, amiga de Cintia.
Delcia, Cintia, Nair e Angélica, amiga de Cintia.

Ela fala que o público da terceira idade tem um diferencial: eles não acessam as redes sociais, então por isso divulgar evento no Facebook é desnecessário. "Quando estava fechado eles batiam aqui todo fim de semana e chegavam a nos ligar todos os dias cobrando a reabertura. Eles são muito fieis mas acho que hoje em dia eles estão com um certo receio de bater aqui e estar fechado, então fica o recado que estamos de portas abertas para os bailes de novo", completa ela.

Exigente, a paraguaia Delcia Villanueva, é uma das últimas a ir embora do baile e já chama Cintia no cantinho pedindo pra que ela invista em "gente animada para dançar". "A gente gosta mesmo é de chamamé, de vanerão, essas coisas mais novas não são animadas, os velhos não animam pra dançar, aí fica uma paradeira só a pista", diz ela.

Ela se recorda que já são pelo menos 10 anos frequentando o local, onde fez muitas amizades. "Estou aqui desde 13h e só saio quando acabar o baile. Na minha época isso daqui era bombando, e a gente espera que volte a ficar cheio como era, de novo".

Lotação com 500 pessoas, antes da casa fechar suas portas, há cerca de 2 anos e meio.
Lotação com 500 pessoas, antes da casa fechar suas portas, há cerca de 2 anos e meio.

O proprietário, Neres, lembra que teve a ideia de abrir uma casa para este público depois que sua mãe, dona Dora Fernandes, disse que estava frequentando o baile da prefeitura para a terceira idade. "Eu fui até o baile com panfletos e comecei a distribuir para eles. Eu já tinha um salão de festas então mão demorou muito a casa tava lotada", conta ele.

No espaço da Júlio de Castilho foram mais de 15 anos. No ponto novo, mais 17 anos. "A gente fes história em Campo Grande, lançamos uma coisa que nunca tinham pensado antes. Temos um carinho muito grande por eles e não fechei o rancho acho que por causa disso. Tem sido muito desgastante ter que fechar a casa a cada intimação do Ministério Público".

Ele garante que o rancho está com a documentação em dia e, mesmo assim, sofre as consequências de quem liga denunciando a casa. "Nesses dois anos fechados, foram gastos mais de R$ 15 mil em obra para a gente se adequar as exigências do Bombeiros. Já fizemos teste e nosso som é lacrado, não sai do salão, mas acho que pegaram maldade com a gente mesmo", finaliza ele.

Cintia diz que já nasceu em meio à toda essa energia da casa. E é graças ao Arena Country que hoje ela ganhou vários avós. "Eles me viram crescer, eu e meus irmãos. Eu os vi envelhecer. É uma relação diferente, de muito carinho. Eu assumi a bronca de ficar na gerência e vamos lutar para conseguir manter os nossos bailes, ao menos os de sábado". Pra quem quiser conferir, dia 3 de agosto acontece o baile do Zé Carrilho, com entrada a R$ 10,00. 

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Bailes aconteciam sábado e domingo, com cerca de 500 pessoas por festa.
Bailes aconteciam sábado e domingo, com cerca de 500 pessoas por festa.
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