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Comportamento

Bordão de novela faz Ceinf trocar de nome após quase 20 anos de zombaria

Ângela Kempfer e Aline Araújo | 19/05/2015 06:12
No prédio, placa ainda tem o nome antigo. (Foto: Marcos Ermínio)
No prédio, placa ainda tem o nome antigo. (Foto: Marcos Ermínio)

Em 1997, a novela “A Indomada” vivia o sucesso nos bons tempos de audiência da Rede Globo. A protagonista era Adriana Esteves, mas quem caiu na boca do povo foi o Ceinf Nha-Nhá, aqui em Campo Grande.

Na trama, a atriz Luiza Thomé interpretava Scarlet, esposa do prefeito Ypiranga, que não vivia sem sexo e sempre perguntava ao marido: “Vamô nhanhá?”.

“Daí o povo começou a tirar sarro da gente”, lembra a diretora do Centro de Educação Infantil, Angélica Fernandes.

Depois de anos tentando mudar o nome, em dezembro de 2013 ela conseguiu oficializar a troca, mas a placa continua lá, sem data para substituição. "Já fizemos a solicitação e esperamos que seja logo", diz a diretora que já criou estratégias para não ouvir gracinhas.

“Quando chego em uma reunião de diretores, logo vou falando que vim do Ceinf com nome mais bonito: o Nha-Nhá. Tiro eu mesmo sarro antes que alguém faça isso”, explica.

As brincadeiras deram uma força boa para que Angélica começasse a briga para rebatizar o Centro, algo que sempre defendeu.

Primeiro, ela tentou colocar o nome de Catariana Corrêa da Costa, que segundo a lenda é a mulher que doou as terras para famílias humildes se instalarem na região. Para retribuir, a comunidade teria batizado o local de Nha-Nhá, apelido de Catarina. “Mas não consegui comprovar oficialmente, não encontrei ninguém da família para contar a história”, justifica.

Depois, a proposta foi homenagear a aluna Tamires Moura Martins, que morreu ainda criança por conta de uma doença. “Não entendi até hoje, mas também não autorizaram a troca”, comenta a diretora.

Por fim, dois meses após a morte do pai, uma amiga deu a ideia. “Ela lembrou que meu pai tinha uma história tão bonita, que me ajudou em todos os Ceinfs em que trabalhei, que foi um dos fundadores do bairro Jóquei Clube”, relata.

Hoje, o nome oficial é do pai de Angélica, Antônio Rustiano Fernandes. Segundo a Secretaria de Educação a escolha foi autorizada por ser uma homenagem a morador antigo de Campo Grande, conhecido pelos trabalhos voluntários.

Para Paulo Roberto de Melo, melhor mesmo é trocar o nome do bairro inteiro.
Para Paulo Roberto de Melo, melhor mesmo é trocar o nome do bairro inteiro.

Quem vive na vila está acostumado com a zombaria. “Meu filho mora em Manaus e, sempre que liga para saber da minha neta, que estuda lá, ele pergunta o porquê de colocarem um nome tão horrível em escola de criança”, diz Vânia de Souza, 46 anos, auxiliar administrativa..

Mas para a maioria, a novela já caiu no esquecimento e o que importa na forma como o campo-grandense vê o bairro é outro motivo, bem mais sério. “As pessoas acham que todo mundo aqui é bandido. Que toda casa fica ao lado de uma boca de fumo. Prendeu um lá no outro bairro e já falam que é na Nha-Nhá”, reclama o pedreiro Paulo Roberto de Melo, 34 anos, ao chegar à hora para pegar o filho Enzo, de 1 ano e 8 meses.

Para ele, “bom mesmo era mudar o nome do bairro todo”.

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