Corumbaense, o polêmico e consagrado Yustrich não é lembrado na sua cidade
"Homão" é o nome do livro-reportagem sobre a vida do treinador, lançado em agosto

Um dos principais personagens do futebol, nascido em Mato Grosso (hoje Mato Grosso do Sul), o polêmico Dorival Knippel, o Yustrich, nasceu em 28 de setembro de 1917, em Corumbá — se vivo, estaria completando 108 anos. Ignorado em sua cidade — ele também preteriu a terra natal, onde passou a infância, nem ao menos para uma visita —, fez história ao passar por grandes clubes do Brasil e de Portugal, como campeão e homem linha-dura.
RESUMO
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Dorival Knippel, conhecido como Yustrich, nascido em Corumbá em 1917, foi um dos principais personagens do futebol brasileiro. Apesar de sua relevância como jogador e treinador, é ignorado em sua cidade natal, onde não há registros ou homenagens em seu nome. Após carreira como goleiro no Flamengo e Vasco, tornou-se treinador de sucesso, conhecido por sua disciplina rígida e preparação física intensa. Dirigiu grandes clubes como Atlético Mineiro, Porto, Vasco, Flamengo e Corinthians. Faleceu em 1990, em Belo Horizonte, vítima de câncer de próstata, deixando um legado polêmico no futebol brasileiro.
Corumbá não se lembra de seu filho ilustre, nem na memória dos moradores nem em registros de logradouros públicos, como uma rua ou um espaço esportivo que leve seu nome. Tendo morado, durante grande parte de sua trajetória, no Rio de Janeiro, Yustrich teria cultivado amigos na cidade, mas as informações são vagas. O Campo Grande News ouviu pessoas e fez um levantamento, inclusive com a ajuda das rádios locais, mas ninguém se apresentou como parente remanescente de sua família.

Depois de uma carreira de relativo sucesso como goleiro, passando pelo Flamengo e pelo Vasco, onde pendurou as chuteiras em 1945, o grandalhão (tinha 1,90 m de altura) fixou residência em Belo Horizonte. Montou uma oficina, tornou-se policial e representante comercial e, tempos depois, estreou no América Mineiro como treinador, conquistando o Campeonato Mineiro de 1954.
Sem limites — A partir de então, escreveu sua folclórica e controvertida história pregando uma filosofia de trabalho apoiada em dois pontos básicos: disciplina rígida e uma preparação física intocável. Dirigiu grandes clubes como o Atlético Mineiro, Porto (Portugal), Vasco da Gama, Flamengo e Corinthians. Encerrou a carreira no Villa Nova (MG), em 1985, e viveu no anonimato, na capital mineira, voltando ao noticiário quando faleceu, em 15 de fevereiro de 1990.
Em agosto deste ano, Yustrich ganhou uma biografia do jornalista gaúcho José Luiz Costa, ganhador do Prêmio Esso. O livro-reportagem resgata a trajetória de um dos mais polêmicos personagens do futebol brasileiro e detalha um ser humano “durão”, brutalizado por uma tragédia familiar na adolescência. Não conhecia o significado da palavra “limite” e conquistou com a mesma intensidade amigos e inimigos entre atletas, dirigentes e a imprensa.
“Yustrich foi insuperável na arte de arrumar encrenca. Entre 1930 e 1980, ninguém do meio esportivo se meteu em tantas controvérsias. Discussões, ameaças, brigas, socos, tiros e prisões fazem parte desse currículo, iniciado como modesto goleiro e consagrado como um grande treinador”, escreveu o autor de “Homão”. “Pavio curtíssimo, explodia de raiva por problemas banais na mesma velocidade em que caía em prantos por simples compaixão.”

Morte dos pais — De família alemã, Yustrich — apelido que dá nome ao livro “Homão” — tinha 13 anos quando chegou ao Rio de Janeiro, onde foi entregue aos tios, que ficaram responsáveis por sua criação e educação após a morte dos pais, Solano (comerciante em Corumbá) e Anna, vítimas de tuberculose. No Rio, Yustrich, que ganhou o apelido pela semelhança física com o goleiro argentino Elias Yustrich, tentou a carreira de atacante até encontrar a posição de goleiro e foi contratado, em 1935, pelo Flamengo.
O biógrafo encontrou poucos registros sobre os Knippel, mas consta que o mais ilustre antepassado foi Addão, presidente da Câmara de Vereadores de Corumbá (1909-1911), ex-combatente da Guerra do Paraguai. Outro parente conhecido na cidade foi Luiz Knippel, dono do jornal O Commercio e de uma tipografia. Longe dos holofotes e das polêmicas, Yustrich enfrentou problemas financeiros e morreu sem saber de sua doença: câncer na próstata.
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