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Comportamento

Em emocionante sim, noiva casa após descobrir doença que poderia cancelar tudo

Paula Maciulevicius | 09/11/2015 06:23
Gabriela e o noivo, Guilherme no altar. (Foto: Marcus Moriyama)
Gabriela e o noivo, Guilherme no altar. (Foto: Marcus Moriyama)

Quatro meses antes do casamento, Gabriela descobriu uma doença autoimune que destrói as plaquetas do organismo. Sem causa e nem cura específica, quando tudo mostrava que adiar ou cancelar a cerimônia era o caminho, ela e o noivo Guilherme tocaram o sonho adiante, até o altar. No dia 31 de outubro, eles disseram "sim" numa cerimônia emocionante, na Morada dos Ipês, em Campo Grande, depois de sete anos juntos.

Estudante de Odontologia, Gabriela estava nos preparativos estéticos quando comentou com os especialistas a aparição de manchas roxas pelo corpo. Eles pediram exames de sangue que foi o que detectou as alterações. "Aí começou a luta, os efeitos colaterais do corticóide são terríveis, além do inchaço, senti dores pelo corpo, não dormia à noite, suava muito", descreve Gabriela Brasil, de 22 anos.

Os médicos chegaram a desconfiar de leucemia, até fechar diagnóstico: Púrpura Trombocitopenica Idiopática. Foram altas doses de corticóide que fizeram a noiva inchar 20 quilos às vésperas do casamento. Por aqui, nenhum dos medicamentos fazia efeito e ela passou a se tratar em São Paulo, onde ficou internada por dois meses no Hospital Sírio Libanês. 

Mãe e avó acompanham os preparativos da noiva. (Foto: Marcus Moriyama)
Mãe e avó acompanham os preparativos da noiva. (Foto: Marcus Moriyama)
Avô que levou as alianças em momento de afeto. (Foto: Marcus Moriyama)
Avô que levou as alianças em momento de afeto. (Foto: Marcus Moriyama)
Na chegada ao local da cerimônia. (Foto: Marcus Moriyama)
Na chegada ao local da cerimônia. (Foto: Marcus Moriyama)
Os últimos passos como "solteira". (Foto: Marcus Moriyama)
Os últimos passos como "solteira". (Foto: Marcus Moriyama)

"Precisei retirar o baço de emergência, mas as plaquetas estavam muito baixas, já estava com hemorragias: intestinal, nasal e correndo o risco de hemorragia cerebral involuntária", conta Gabriela. A jovem recebeu seis bolsas de sangue junto com a notícia de que a medula óssea também estava lesionada, consequência que os médicos atribuem aos medicamentos.

Os familiares e amigos tentaram fazer a noiva adiar e até mesmo desistir, por ora, do casamento. "Eu não deixei. Para mim era uma segunda comemoração, por estar viva. Eu resolvia as coisas lá do hospital", fala Gabriela. Somado ao orçamento para o grande dia, a noiva também teve de por nas contas os custos do tratamento, só um remédio custa R$ 1,7 mil por semana.

"Não foi fácil. Mas o Gui (noivo), cuidou de mim o tempo todo, largou tudo pra ficar comigo. Ele me deu muita força". Eles se conheceram numa festa que Gabriela foi de bicão com uma amiga e foi paixão à primeira vista. Nos últimos dois anos eles passaram planejando o casamento. Antes de Gabriela descobrir a doença, Guilherme a convenceu de casar no civil.

"Ele botou na cabeça que queria casar antes. Essa parte da história foi muito Deus, porque eu estava sem convênio médico e dois dias depois que peguei a carteirinha, descobri que estava doente. O tratamento só está sendo possível graças a isso", relata a noiva que se tornou dependente do marido no plano.

Gabriela afirma saber que para Guilherme, não importava a forma física dela. Durante todo processo em hospitais, a noiva chorou e muito. "A maioria das pessoas achava que eu não aguentaria, ou que eu deveria adiar porque não devia casar inchada, gorda. Eu era muito ligada em beleza antes, mas depois, não me importava mais. Sabia que para o Gui não fazia a mínima diferença. Depois de tudo que passei, minha aparência era o que menos me importava", relata.

Até o altar, o caminho foi longo, mas carregado de emoção. (Foto: Marcus Moriyama)
Até o altar, o caminho foi longo, mas carregado de emoção. (Foto: Marcus Moriyama)

A cerimônia levou todo mundo às lágrimas a partir do momento em que Gabriela desceu do carro para cruzar o corredor até o altar. "Chorei o tempo inteiro, mas os votos dele me surpreenderam muito e ele fez no dia, disse tudo sem ler. Me emocionei muito também quando meus avós entraram com as alianças, meu avô não anda sozinho, alugamos uma cadeira de rodas, mas ele quis ir andando. Acho que não teve quem não se emocionasse", descreve Gabriela. 

Os votos, Guilherme não escreveu, como a noiva disse, mas se lembra de cabeça o discurso que fez sobre a garra e a admiração que tem pela noiva e como os dois superaram. 

"Gabi, meu amor, nosso grande dia enfim chegou. Hoje nos completamos como marido e mulher. E essa palavra, completa, é justamente a que melhor nos define.

Além do carinho, da amizade e da cumplicidade, nós somos muito felizes e seremos ainda mais a partir de hoje, por que juntos somos um todo em harmonia. Muita gente acha que sua alma gêmea deve ser alguém parecido, e você me mostrou que essa ideia é muito errada. A essência do nosso amor é o contraste que há entre nós. E você, por ser tão diferente de mim me completa, me faz uma pessoa melhor... 

Obrigado por me dar a honra de me casar com a pessoa mais fantástica do planeta: minha princesa, minha guerreira.
Nunca se esqueça que eu sempre vou estar ao seu lado para o que der e vier para que nós, juntos, com muita fé, força, e de cabeça erguida passemos por tudo que a vida tem a nos trazer. Nada pode nos abalar. Nada. Nem mesmo a chuva, nem a falta de roupa uma hora antes do casamento. Te amo!"

Os avós levaram as alianças até o casal. (Foto: Marcus Moriyama)
Os avós levaram as alianças até o casal. (Foto: Marcus Moriyama)

Para a noiva, só de falar as lágrimas já brotam de novo. "Sonhei muito com o dia do casamento, passei a vida toda esperando por aquele dia, organizando, imaginando, pensando em cada detalhe, mas quando fiquei doente, fiquei desanimada, triste, não me conformava com o inchaço, mas encontrei forças no Gui, e chegar lá e ver tudo exatamente (até melhor) do que eu sempre sonhei, mesmo que não exatamente como eu gostaria de estar, foi sensacional", descreve a noiva.

Gabriela continua em tratamento e de mudança para Dourados, onde o casal vai morar. A doença não está sob controle, ainda. Perto do casamento, ela se recusou a fazer o exame de sangue que revelaria o número de plaquetas para não ficar triste.

A jovem precisou deixar a faculdade, não pode dirigir e nem fazer exercícios físicos e precisa, ao máximo, evitar qualquer tipo de corte ou machucado que cause sangramento.

Os votos de Gabriela foram estes abaixo, que ela promete repetir diariamente:

"Sonhei com esse momento desde que me conheço por gente, e esse dia finalmente chegou. Hoje estou me casando com o meu melhor amigo, meu eterno companheiro, um homem de caráter admirável que com amor e paciência me ensina coisas novas todos os dias.

Deus sabia exatamente o que fazer quando fez um homem protetor, carinhoso e dedicado como você, e então ele me inventou e me deu o presente mais lindo que eu poderia querer. Você é em cada detalhe mais que perfeito para mim.
Com você aprendi a ter certeza de que juntos enfrentaremos tudo!

Sabemos que os últimos dias não foram fáceis, mas seu amor e cuidado me fizeram ter forças para estar aqui. Obrigada por nunca me deixar perder a fé e por acreditar em mim quando até eu mesma duvidei. Obrigada por cuidar de mim de um jeito que eu nem imaginava existir. Que a partir de hoje seus sonhos, sejam nossos sonhos, meus planos, sejam nossos planos. Que a nossa aliança seja eterna! Prometo te amar e te respeitar por todos os dias da minha vida! Te amo!"

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Guilherme dizendo, de cabeça, os votos à amada. (Foto: Marcus Moriyama)
Guilherme dizendo, de cabeça, os votos à amada. (Foto: Marcus Moriyama)
Depois do "sim", o primeiro beijo. (Foto: Marcus Moriyama)
Depois do "sim", o primeiro beijo. (Foto: Marcus Moriyama)
E a comemoração que Gabriela tanto queria: à vida. (Foto: Marcus Moriyama)
E a comemoração que Gabriela tanto queria: à vida. (Foto: Marcus Moriyama)
Na pista de dança, os noivos são recebidos com palmas e carinho. (Foto: Marcus Moriyama)
Na pista de dança, os noivos são recebidos com palmas e carinho. (Foto: Marcus Moriyama)
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