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Comportamento

Granja abre o bar às 5h50, mas só recebe amigos pela grade

Dono fez do pequeno local seu refúgio contra o tédio e não se incomoda de ver a vida acontecer do lado de fora

Por Natália Olliver | 10/10/2025 06:10
Granja abre o bar às 5h50, mas só recebe amigos pela grade
Granja abre o bar às 5h50, mas só recebe amigos pela grade (Foto: Natália Olliver)

Sem preguiça de abrir o bar às 5h50 da manhã para os fiéis clientes baterem ponto, Aparecido Granja, ou só Granja, como é conhecido, espera as figuras aparecerem para ficar sabendo das histórias de quem tem muita coisa para contar. Mesmo depois da pandemia, ele mantém as grades do local fechadas e diz não se importar de ver a vida acontecer lá de dentro, separado de todos. Inclusive, ele acha que isso foi a melhor coisa que fez, assim evita bagunça e ainda mantém as amizades.

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Aparecido Granja, conhecido como Granja, é dono de um bar que abre às 5h50 da manhã para clientes fiéis no bairro Monte Castelo, em Campo Grande. Aos 75 anos, ele mantém o estabelecimento com grades desde a pandemia, evitando problemas e preservando amizades. Após 30 anos como motorista de ônibus, Granja realizou o sonho de ter seu próprio negócio, que hoje complementa sua renda de aposentado. O bar, sem fachada e localizado na frente de sua casa, é ponto de encontro para moradores da região. Granja vende bebidas, ovos e alimentos não perecíveis, além de preservar um balcão de 60 anos. Ele afirma que a rotina tranquila e o contato com os clientes são essenciais para evitar o tédio e manter-se ativo.

Aos 75 anos, o dono do bar que leva o sobrenome dele conta que sempre desejou ter o próprio negócio e se sente realizado por ter conseguido depois de trabalhar durante mais de 30 anos como motorista de ônibus na cidade.

Granja abre o bar às 5h50, mas só recebe amigos pela grade
Granja abre o bar às 5h50, mas só recebe amigos pela grade
Granja vê a vida acontecer lá fora, mas não se importa com isso (Foto: Natália Olliver)

“Minha fama aqui é 10 para as 6, nesse horário levanto a porta. Veio a pandemia e tive que colocar a grade para evitar assalto e proibi de fumar aqui. Melhor deixar a turma lá fora. Continuo com a grade para evitar dor de cabeça. Fico o dia todo aqui dentro e nunca pediram para tirar. O pessoal respeita. Aprendi a ficar mais distante mesmo. Eles chegam, me chamam e quando não estou, coloco uma campainha, assim vou levando a vida.”

Granja mora na Rua Irlanda, esquina com a Rio de Janeiro, há 35 anos. Um dia, depois de cansar de ser motorista, ele resolveu mudar de vida. Abriu o bar, que nem fachada tem, na frente da casa, no bairro Monte Castelo. Aposentado, o negócio é uma fonte de renda extra.

“Vim quando ainda não tinha asfalto. Coloquei um mercadinho e, na época, era mais completo, e venho trabalhando. Esse é um complemento da renda, se fosse pra viver não dava, aí teria que abrir pra funcionar melhor. A galera bate ponto aqui todo dia nessa hora. Aqui são todos conhecidos. Tem um período que dá uma parada, no almoço, aí sento na minha velha cadeira pra descansar.”

Granja abre o bar às 5h50, mas só recebe amigos pela grade
Granja abre o bar às 5h50, mas só recebe amigos pela grade
Colegas batem ponto para conersar com dono todos os dias, mesmo assim Granja não abre portão (Foto: Natália Olliver)

Empolgado com a visita inesperada, Aparecido abre o portão para mostrar as poucas coisas que vende ali. No ambiente, além das pingas e conhaques, há um balcão que, segundo ele, passou da casa dos 50 anos. No caixa antigo, as moedas e notas ainda existem.

“Aqui não pegou chuva ou sol, mas quando trabalhava na rua de motorista saía às 4h. Agora, abrindo 5h50, tá ótimo. Pode estar frio, chovendo que venho sossegado. Tem sempre os clientes. Faço de tudo pra evitar problema, proíbi também cerveja de garrafa.”

Para fazer jus ao apelido, Granja vende ovos e alguns alimentos não perecíveis. Para ele, a rotina sossegada é o que tira o ócio dos dias. “Aqui é onde me sinto bem. Se ficasse só dentro de casa, morreria de tédio. Eu fico esperando eles chegarem para saber as histórias. Mantenho isso só pra continuar vivendo e batendo um papo.”

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