ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 25º

Comportamento

Há 40 anos no mesmo ponto, Iracema e Albano são o casal mais receptivo do Centro

Casados, eles optaram por, mesmo aposentados, em continuar trabalhando, sempre juntos

Thaís Pimenta | 24/10/2018 07:54
Iracem a e Albano trabalham juntos há 64 anos. Em Campo Grande, na Classic, estão há 40 anos. (Foto: Marina Pacheco)
Iracem a e Albano trabalham juntos há 64 anos. Em Campo Grande, na Classic, estão há 40 anos. (Foto: Marina Pacheco)

Não há coração que não se derreta quando vê Iracema Garcez Goellner, de 82 anos, e Albano Lotário Goellner, de 85 anos, no Centro de Campo Grande. Na Relojoaria Classic, na Rua Cândido Mariano, os dois trabalham juntos, no mesmo ponto, há 40 anos. Parceiros na vida e no trabalho, não bastou se casarem há 64 anos: tinham que passar quase que as 24 horas do dia juntos, afinal, são 64 anos do "sim" e de trabalho em conjunto.

Ele relojoeiro, ela atendente, trabalho em equipe que fez vingar a loja, uma das mais tradicionais da cidade. Mesmo aposentados, os dois optaram por continuar atendendo os novos e os mais velhos clientes, que confiam apenas na habilidade de Albano para arrumar os relógios da família.

Albano é relojoeiro desde os 14 anos de idade. Hoje com 85 não quer nem pensar em parar. (Foto: Marina Pacheco)
Albano é relojoeiro desde os 14 anos de idade. Hoje com 85 não quer nem pensar em parar. (Foto: Marina Pacheco)

Ele trabalha com isso desde seus 14 anos, quando aprendeu o ofício com um dos irmãos. Curioso e decidido, não demorou para decidir que faria disso seu ofício, um dos mais tradicionais do mundo. "Estou desde essa idade trabalhando com relógios. A profissão mudou muito pois os próprios relógios mudaram, já passaram por mim de 4 a 5 fases e tipos diferentes do acessório, a gente precisa aprender a mexer com todos".

Gaúcha de Passo Fundo, que nunca gostou de passar frio, Iracema veio a Campo Grande numa viagem a passeio em 1970 e, quando voltou para casa, sentiu saudade. "Foram três anos para convencer o Albano para virmos para cá, mas deu certo, não nos arrependemos nunca, a gente ama essa terra como se fosse nossa", comenta a simpática Iracema.

Bons de prosa, talvez esse seja o segredo do negócio dar certo há tanto tempo. (foto: Marina Pacheco)
Bons de prosa, talvez esse seja o segredo do negócio dar certo há tanto tempo. (foto: Marina Pacheco)

Inclusive, dos três filhos do casal, o caçula é o único campo-grandense, e nenhum deles quis seguir o mesmo ofício do pai. "Cada um seguiu seu rumo profissional, eu não acho ruim não", acrescenta o paizão.

Aqui em Campo Grande, Albano foi trabalhar, assim que chegaram, na relojoaria Confiança, que hoje em dia não existe mais. Ficou lá por pouquíssimo tempo, até juntar um dinheiro, e se mudaram para uma portinha bem apertadinha na 14 de julho.

"Mas lá tinha muito larápio [ladrão] e a gente precisou se mudar porque não confiávamos na região naquela época, era o que, 74, por aí".

Mesa de um relojoeiro: bagunça organizada. (Foto: Marina Pacheco)
Mesa de um relojoeiro: bagunça organizada. (Foto: Marina Pacheco)

Foi quando vieram para onde estão hoje, entre a 14 e a 13 de maio, bem em frente ao antigo shopping Pantanal, que quando chegaram na rua ainda era uma chacrinha. "As ruas já eram asfaltadas e a Marechal era via dupla, ia e vinha".

Como cliente, é a simpatia de Iracema que atrai as pessoas, e é a agilidade e a precisão de Albano que mantem os clientes na Classic. Sérgio, cliente recente do casal, confirma que eles são "um casal humilde, simpático, honesto e, acima de tudo, ainda estão trabalhando, servindo de exemplo para nossos jovens".

O movimento mudou muito também e hoje eles consideram que - claro - já esteve melhor, mas está bem tranquilo. E o segredo para fazer dar certo um casamento de tanta parceria há muitos anos? "A gente entende que viemos de criações diferentes, casas diferentes, então é normal que, até nos adaptarmos, vai ter desentendimento. Acho que entender isso é essencial e, querer estar junto, também é necessário, afinal é diferente dos casamentos que vemos hoje, a gente faz dar certo", diz Iracema.

Curta o Lado B no Facebook e no Instagram.

Amor envolve os dois até hoje e o segredo do casamento é entender que cada um é diferente. (foto: Marina Pacheco)
Amor envolve os dois até hoje e o segredo do casamento é entender que cada um é diferente. (foto: Marina Pacheco)
Nos siga no Google Notícias