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Comportamento

Jantar e poncã provam que nem só de porrada vive quem trabalha na Santa Casa

Rotina é muito estressante, mas recompensa vem em presentes e homenagens de ex-pacientes aos funcionários

Thailla Torres | 02/07/2017 07:05
Dayane em uma das homenagens, quando pintura no rosto foi sinal de gratidão.
Dayane em uma das homenagens, quando pintura no rosto foi sinal de gratidão.

Ver alguém indo embora para casa nunca fez tão bem quanto para os funcionários de um hospital. O recorrente esbarro com o sofrimento é o que faz muitos enfermeiros e médicos torcerem pela despedida e, por isso, alguns redobram o cuidado para que à alta médica chegue mais cedo.

A dedicação gera um efeito de gratidão em grande parte dos pacientes e até de familiares que perdem alguém querido, mas retornam ao hospital para agradecer a atenção durante dias complicados. O que prova que nem todos os dias são de porrada dentro do maior hospital de Campo Grande.

Recentemente funcionárias foram presenteadas pelas filhas de uma mulher.
Recentemente funcionárias foram presenteadas pelas filhas de uma mulher.

Alguns gestos fazem toda diferença, diz a enfermeira Dayane Macedo, de 30 anos. "Pra uma pessoa internar na Santa Casa é porque a situação de saúde está grave e com isso me sinto responsável pela vida delas de alguma maneira. Com o tempo, a gente cria laços, por mais que as pessoas acreditem que só estamos ali para fazer um trabalho".

Dayane exerce a Enfermagem há 10 anos com afinco, desde que ouviu na sala de aula que nunca seria reconhecida por essa profissão. A década de trabalho provou o contrário, como histórias que a fazem se emocionar diariamente no ambiente hospitalar.

Dentro do hospital ela já recebeu mimos como chocolate, canetas e cartas de pacientes. O mais constante é o abraço e o sorriso de gratidão. 

Ela se recorda até de jantar especial no início da profissão. "Lembro de uma paciente que ficou quase um mês no CTI (Centro de Terapia Intensiva) e depois que saiu fez questão de preparar um jantar na casa dela com toda equipe da enfermaria".

Neste ano, no Carnaval, uma das pacientes que é artista plástica presenteou os enfermeiros com pinturas. "Também foi um momento especial. Parece simples, mas faz toda diferença".

Outro momento de homenagem com presentinho de paciente.
Outro momento de homenagem com presentinho de paciente.

Sem conseguir se desligar dos pacientes quando volta para casa, Escarlat de Oliveira Olagas, de 24 anos, se emociona ao lembrar do que já recebeu como forma de agradecimento.

Enfermeira da Santa Casa há 3 anos, de todos, ela acredita que o presente mais simples é que faz diferença até hoje em seu dia. "Eu nunca consegui me esquecer de um paciente que um acidente vascular encefálico que paralisou o lado direito do rosto. Por conta de todo cuidado e carinho, a esposa dele chegou no hospital com uma sacola cheia de poncãs, dizendo que veio para me agradecer. Pra mim, foi um sentimento tão lindo que até hoje não esqueço aquela sacolinha de supermercado.

Cada gesto, segundo Escarlat, fortalece a vontade de ver o paciente ir embora. "Geralmente ninguém deseja ver o outro sair da nossa vida, mas no hospital é diferente. Enquanto alguns abrem as portas de casa, ali a gente abre as portas para tchau. É a maior alegria ver alguém se recuperando", descreve.

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