ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 28º

Comportamento

João perdeu a visão e passou por 22 cirurgias, mas nada o impediu de ser DJ

Thailla Torres | 19/05/2018 07:20
Em casa, a sala ainda com poucos móveis é ocupada pelo notebook e a mesa de som. (Foto: Marina Pacheco)
Em casa, a sala ainda com poucos móveis é ocupada pelo notebook e a mesa de som. (Foto: Marina Pacheco)

Exemplo de força de vontade, determinação e garra, João Pedro Ruiz, de 17 anos, perdeu a visão aos dez e hoje é o DJ, que no passado, chegou a escutar que nunca seria. Agora, a meta é ganhar o mundo, como grandes nomes da música eletrônica que admira, do tipo Alok e David Guetta.

O sonho de tocar começou aos 12, influenciado pela música no cotidiano da família. "Nasci em um berço de gente que escuta música boa. Isso foi me introduzindo no universo undergroud e me fez ter vontade de trabalhar com um som diferente". 

Quando João começou a escutar Racionais MC's, desejou saber como eram feitas as batidas. Então, pediu à mãe uma mesa de som. "Até que um dia uma amiga dela, vendo o meu sonho, me deu uma mesa de presente", conta.

O sonho é ser um DJ de sucesso no País. (Foto: Marina Pacheco)
O sonho é ser um DJ de sucesso no País. (Foto: Marina Pacheco)

João é portador da Síndrome de Peters, uma anomalia congênita que acomete os dois olhos, diminuindo a visão. "Hoje enxergo menos de 10% de um olho". Enxergar a vida com outros sentidos foi o menos dolorido aos 10 anos, lembra o DJ. "O pior foi ouvir das pessoas que eu não seria capaz". 

O menino foi persistente, levou a sério tudo que aprendia pela internet em termos de som, mixagens e estilos da música eletrônica. Quando o equipamento chegou de presente, o que ficou na lembrança foi o primeiro evento para amigos e familiares de Porto Murtinho, onde morava com a mãe. "Foi uma energia muito forte. A batida da música te mostra que você enxerga além dos olhos".

Em poucos meses, João fez a primeira festa, um episódio que contou com ajuda até da polícia da cidade. "Estava previsto de tocar em uma festa na beira do rio, mas a polícia chegou e quis acabar com tudo. Mas falei que aquela seria a minha primeira vez no palco e a festa acabou continuando normalmente. Foi a maior alegria".

Lívia tem esperança que o filho volte a enxergar. (Foto: Marina Pacheco)
Lívia tem esperança que o filho volte a enxergar. (Foto: Marina Pacheco)

Em cada conquista do filho, um brilho no olhar transborda de Lívia Gisely Ruiz, mãe que largou tudo em Porto Murtinho para recomeçar a vida ao lado de João em Campo Grande. "Ele precisava estudar braile, interagir mais com outras pessoas e ter oportunidades. Lá era muito difícil, o único jeito foi deixar tudo e recomeçar aqui com ele".

Mãe e filho dividem sonhos e um desejo constante pela recuperação. Mas a caminhada não tem sido fácil desde os 8 meses de vida. "João foi diagnosticado com a síndrome ainda pequeno e passou a lutar muito de hospital em hospital. Foram 22 cirurgias, entre elas, dois transplantes de córnea, mas nada da visão dele voltar ao normal".

Lívia tem esperança que novos estudos possam auxiliar na recuperação do filho. "Mãe nunca perde a esperança, sei que o médico dele em São Paulo tem feito muitos estudos e quem sabe uma cirurgia definitiva possa ajudá-lo a enxergar".

Apesar da baixa visão, João leva uma vida normal, tem estudado, feito cursos e se dedicado cada vez mais à música. Recentemente, realizou o sonho de conhecer o DJ Alok no último show em Campo Grande. "Foi uma grande conquista, porque hoje ele é uma inspiração pra mim. Sei que ainda vou longe, não pelo dinheiro, mas para fazer as pessoas felizes", diz.

Quem tiver interesse em contratar João, o telefone para contato é (67) 99676-3613.

Curta o Lado B no Facebook e Instagram.

Lívia e o filho João Pedro vivem um recomeço em Campo Grande. (Foto: Marina Pacheco)
Lívia e o filho João Pedro vivem um recomeço em Campo Grande. (Foto: Marina Pacheco)
Nos siga no Google Notícias