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Comportamento

Maior medo de quem experimenta morar sozinho é voltar para casa dos pais

Evelise Couto | 26/06/2015 06:56
Priscila Vidal morou em São Paulo há 5 anos
Priscila Vidal morou em São Paulo há 5 anos

Conversando com alguns amigos percebi que um dos grandes medos de quem vai morar sozinho não são as contas, nem a roupa suja que se acumula, muito menos encarar o fogão. O que eles não querem mesmo é ter que voltar à casa dos pais.

E muita calma nessa hora, pais, não é nada pessoal com vocês. Seus filhotes continuam os amando. O que rola é que, para muitas pessoas, voltar à casa dos progenitores só aconteceria em uma única situação: se o plano A - aquele de morar sozinho, independente e dono do próprio nariz - der errado.

Voltar ao ninho depois que já se aprendeu a bater asas e voar sozinho pode trazer algumas realidades embaraçosas. Há quem não consiga mais se adaptar à rotina de ter que dar satisfações sobre o que faz ou deixa de fazer, existem os que sentem que a privacidade que se tinha sozinho acabou e, o mais curioso de tudo ao meu ver, aqueles que não se encaixam mais e se sentem verdadeiros hóspedes na casa dos pais.

Foi o que aconteceu com a enfermeira Priscila Vidal. Morando em São Paulo há 5 anos, houve um momento em que percebeu que teria que voltar para Campo Grande. “Surgiram alguns empecilhos e não fui madura o suficiente para enfrentar. Pedi arrego, mas sabia que não estava fazendo o certo. Mas pra saber a gente precisa fazer. Daí conversei com meus pais e decidi voltar com o apoio deles”, explica. O porto seguro que a relação com os pais proporcionava, no entanto, não deixou Priscila 100% à vontade.

Ela conta que não entendia, por exemplo, a mania que a mãe tinha de limpar tanto a casa, de cuidar dos móveis, como as louças eram guardadas, enfim… os detalhes do funcionamento da casa em que morou a vida toda deixaram de ser familiares para a enfermeira. Sem contar que essa volta significava uma certa frustração: “Eu era independente. Se não pagasse minha luz, cortavam. Morando com eles, não. Era cômodo e isso acabava comigo.”

O retorno à casa dos pais, por melhor que fosse sua relação pessoal com eles, durou pouco. Seis meses depois, ela decidiu voltar à Terra da Garoa e acredita que esse período ajudou muito em seu amadurecimento. “Voltei mais determinada, mais madura, mais compreensiva, principalmente com meus pais. Hoje sou mais pé no chão”, afirma.

Professora universitária Daniela Silva Costa
Professora universitária Daniela Silva Costa

Quem também deu adeus à vida longe do ninho foi a professora universitária Daniela Silva Costa. Em 2003, quando trabalhava em um banco, decidiu jogar tudo para o alto. Vendeu o carro, deixou o emprego e foi com um amigo morar em Birmingham, na Inglaterra.

“Morei lá oito meses, trabalhei de garçonete, lavei louças, fui babá. Sofri muito com a distância mas especialmente com o tratamento desleal dos portugueses que eram nossos gerentes. Não juntei nada de dinheiro porque, para juntar, você não poderia viver, então, conhecemos outras cidades, curtimos um pouquinho da Inglaterra”, conta.

Quando conseguiu um bom emprego e as coisas melhoraram, no entanto, precisou voltar para Campo Grande para fazer companhia para a mãe, que estava passando por problemas pessoais.

O baque de voltar à rotina foi grande: “É esquisito porque, de repente, você não manda mais na arrumação da casa, mal ou bem, volta a dar satisfações, mas foi maravilhoso, porque voltei pra cuidar dela e a vendo feliz hoje, sei que foi o melhor que fiz”, completa. Além disso, foi nessa época que Dani conheceu seu marido e hoje os dois têm a pequena Gabriela. Ou seja, Casa de Um, nunca mais!

E você, conhece alguém que precisou voltar à casa dos pais? Divida sua história lá na fanpage do Casa de Um.

*Evelise Couto é jornalista, colaboradora do Lado B e autora do blog Casa de Um, com dicas e experiências para quem mora sozinha.

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