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Comportamento

Manual escrito à mão por neta de 9 anos ensinou Sebastiana a usar celular novo

Para a professora aposentada, a dedicação da neta foi um gesto de amor que fez toda diferença entre duas gerações

Thailla Torres | 02/07/2018 08:34
Sebastiana guarda com carinhos os manuais feitos pela neta para que aprendesse usar o celular. (Foto: Saul Schramm)
Sebastiana guarda com carinhos os manuais feitos pela neta para que aprendesse usar o celular. (Foto: Saul Schramm)

Sebastiana Maria Barros dos Santos tem 77 anos, Larissa Ravaglia dos Santos já está com 13. As mais de seis décadas de diferença ficam para trás quando avó e neta mexem juntas no celular. Isso porque a menina, quando estava 9 anos, resolveu fazer um manual para que avó pudesse aproveitar de um celular moderno e, principalmente, dos aplicativos que hoje é um grande aliado nos compromissos de dona Sebastiana.

"Eu não sabia nada de tecnologia, nem internet e nem wi-fi. Trabalhei 28 anos com educação, vi o mundo evoluir, mas não consegui acompanhar as mudanças tecnológicas", conta. Mas há quatro anos essa realidade mudou. "Meu celular era daqueles antigos que só servia para ligar e receber ligação. Decidi então ter um mais novo".

Mas ao ver interesse da avó por um celular mais completo batendo de frente com a dificuldade de mexer nas funções, a neta tomou uma iniciativa. Pegou a agenda de anotações de Sebastiana e, com caneta, fez um passo-a-passo para que ela conseguisse mexer no aparelho quando estivesse sozinha, o que aos poucos, garantiu à avó a liberdade de usar cada recurso que um celular atual oferece.

Aos 77 anos, hoje ela usa WhatsApp e Uber sem nenhuma dificuldade, graças a neta.  (Foto: Saul Schramm)
Aos 77 anos, hoje ela usa WhatsApp e Uber sem nenhuma dificuldade, graças a neta. (Foto: Saul Schramm)

O gesto simples virou orgulho no coração da avó que, por onde passa, leva suas anotações na bolsa. "Eu fiquei emocionada, porque ela fez com tanto carinho, percebendo que eu também podia ter minha independência com a tecnologia", conta.

A delicadeza nas letrinhas de Larissa mostra que as crianças têm muito a nos ensinar, principalmente na demostração de cuidado. "Elas também se preocupam com a gente e meus netos sempre foram muito carinhosos comigo. Para algumas pessoas, pode parecer uma coisa boba, mas eu fico toda envaidecida com o carinho deles", declara.

A timidez fez Larissa não participar da entrevista e nem quis ser fotografada, mas a avó não mede palavrar para reconhecer a importância do gesto e demonstração de afeto, considerando a dificuldade da nova geração em compreender aqueles que já se tornaram mais velhos. "Coisa de adolescente, não quer aparecer em fotografias, então preferi respeitar a decisão dela", justifica a avó. "Mas fico muito feliz quando mostro meu manual e as pessoas elogiam. Isso prova que essa ligação entre família é o amor que o mundo precisa".

Neste ano, a neta resolveu atualizar o manual da avó, que agora ganhou edição extra com todas as dicas para Sebastiana usar o Uber, com segurança. "Antes eu só usava táxi, tinha até cadastro na central, até que ela me ensinou a usar o Uber, olhar a pontuação do motorista, ver certinho qual é o carro, enfim, tudo para que eu economizasse também".

Dicas foram escritas à mão pela neta Larissa, aos 9 e 13 anos de idade.  (Foto: Saul Schramm)
Dicas foram escritas à mão pela neta Larissa, aos 9 e 13 anos de idade. (Foto: Saul Schramm)

O manual virou auxílio admirado quando ela tira da bolsa. "Tive amiga que até tirou foto e achou uma graça o cuidado dela comigo". Sem contar que a vida social deu uma guinada com o aplicativo. "Agora eu mexo no WhatsApp, tenho meus grupos de amigas, do terço e das reuniões da melhor idade", conta animada.

Mas não é só o celular que aumenta o elo entre avó e neta, o que diferencia na relação uma com a outra é contato humano, garante Sebastiana. "Hoje em dia acredito que a tecnologia afastou muito as famílias. As crianças nascem olhando para a tela do celular. Não acho errado aprender a mexer, inclusive, faz parte da nova geração, mas o contato, o olhar e a conversa com a família nunca pode faltar. Se minha neta teve esse carinho comigo, é porque na nossa rotina existe um diálogo que faz aumentar a nossa preocupação e o carinho uma com a outra", ensina a avó.

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