Menor que apê, trailer que parece vagão de metrô é refúgio de casal
Carlos Roberto e Jória Pessoa se aposentaram e resolveram se aventurar nas estradas

Depois de uma vida inteira de trabalho, viver a bordo do trailer futurista que mais parece um vagão do metrô de São Paulo é o hobby do casal Carlos Roberto Silva, 76 anos, e Jória Pessoa Oliveira Silva, de 71. A professora e o auditor fiscal resolveram se aventurar nas estradas levando uma pequena casa junto com o carro da família. O “puxadinho”, que custou R$ 170 mil, é menor que um apartamento popular, mas que, para eles, é do tamanho ideal.
No interior, uma cozinha compacta e funcional, com um cooktop de duas bocas, uma pia pequena e armários embutidos. Os bancos, usados durante as refeições, também podem virar cama para os visitantes. Na parte de baixo, uma geladeira pequena e até máquina de lavar compõem o espaço. De um lado, a cama de casal e, do outro, o box quase moldado em formato de cápsula.
Jória explica que a casa móvel não tem televisão e que as notícias chegam pelo celular. Ali, os dias passam devagar, mas com felicidade. Apesar de terem uma casa fixa na Capital, o casal não aguenta ficar longe da estrada.
Para ela, isso é o que dá sentido para a vida. Depois de terem criado três filhas e dois netos, os aposentados comentam que nada compra o prazer de estarem no meio da natureza com o trailer e poder conhecer outros lugares levando a casa junto. Antes, o “imóvel” era ainda menor.

“Já fomos para o Nordeste, região Sul, Uruguai e Argentina. Nós cumprimos tudo: trabalhamos, aposentamos no tempo correto, cuidamos dos filhos e netos, que vivem com a gente, que trabalham e estudam. Agora, fazer o quê? A gente sempre gostou muito de viajar, de acampar", conta Jória.
O objetivo era tornar a experiência completa e melhorar as dificuldades da estrada. Por isso o casal investiu no "carro metrô".
"Fomos buscando agregar um pouco mais de conforto, até mesmo pela idade. Às vezes pegava frio, vento, e pensamos na possibilidade de ter um lugar que, em dia de chuva, a gente pudesse comer aqui mesmo”, acrescenta.
A diversão dos dois é estar na estrada, à noite beber uma cerveja ou abrir um vinho e curtir a vida a dois, longe do que é rotineiro. Carlos liga o som, acoplado do lado de fora do trailer, e curte sentado em uma cadeira de praia que eles colocam do lado de fora.

“Na hora do almoço, a gente para e faz um lanchinho. De noite, a gente pode sair também para conhecer as comidas típicas, acessíveis e legais dos lugares. Quando estamos em viagem, a gente fica dormindo nos postos de gasolina, que são seguros e 24h. Eles acolhem muito bem e têm guarda a noite toda. Onde a gente chega, procuramos os campings também. Na Argentina e no Uruguai, tinham parques estaduais que recebem os motorhomeiros e campistas. Pagamos R$ 15,00 por dia para dormir com equipamento. Tinha água e luz também. Estamos ao ar livre, com a natureza, bicho andando pra lá e pra cá”. diz Carlos.
Sobre o valor investido no trailer, ele ressalta que, apesar de pequeno, ali de fato é ideal para duas pessoas que têm uma casa fixa, mas que amam viajar assim. Atualmente, o preço pago é o valor de algumas boas parcelas de um apartamento popular. Mesmo assim, a casa sobre rodas não é comparável para eles.

Para ele o trailer e o apartamento são coisas distintas e que eles conhecem bem, porque no começo da vida a dois aconteceu em um, na cidade de São Paulo.
"O que a gente precisava dele? Chegar em casa, deitar, dormir e, depois, no outro dia sair para trabalhar. O apartamento a gente curtia no sábado à tarde e no domingo, que também não ficávamos muito, porque a gente saía. Isso aqui a gente vive dentro dele, todos os dias, noites, em qualquer estado ou país que estejamos. Ele agrega o mínimo que a gente precisa para sobreviver com conforto. O espírito nosso hoje é isso daqui. A gente está em outro momento da vida.” explica Carlos.
A esposa acrescenta que eles gostam de conhecer pessoas, bater papo e viver, acima de tudo. O outro trailer que o casal tinha era ainda menor, só tinha uma cama e banheiro, que são coisas fundamentais na estrada.

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