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Comportamento

Mesmo com 10 mil km de distância, em busca da família, Gerson encontrou o amor

Parentes do bandoleiro Silvino Jacques, Gerson e Silvana descobriram que compartilhavam bem mais que a família

Tatiana Marin | 02/12/2018 08:06
Unidos por um ancestral, depois de 7 meses de relacionamento virtual, Gerson e Silvana se encontraram e se casaram. (Foto: Paulo Francis)
Unidos por um ancestral, depois de 7 meses de relacionamento virtual, Gerson e Silvana se encontraram e se casaram. (Foto: Paulo Francis)

O bandoleiro Silvino Jacques uniu o empresário Gerson Jacques, de 48 anos, e a bacharel em Direito Silvana Perrupato Antunes, de 35. A conexão, que pode parecer absurda a princípio, chegou com a busca pela história das origens de Gerson e, separados por quase 10 mil quilômetros, a genealogia (e talvez o destino) foi capaz de aproximá-los.

Silvino Jacques é aclamado como o último bandoleiro e sua história é contada em diversas publicações. (Foto: Paulo Francis)
Silvino Jacques é aclamado como o último bandoleiro e sua história é contada em diversas publicações. (Foto: Paulo Francis)

A primeira aproximação veio em dezembro de 2014, por conta do catálogo "Inventário do Acervo Documental de Silvino Jacques", compilado por Maria Margareth Escobar Ribas Lima. Naquela época, Gerson morava e estudava nos Estados Unidos e, através de um primo, ficou sabendo do material sobre o avô, Silvino, alvo de muito investimento em pesquisas genealógicas. 

Figura lendária por essas bandas, além de uma espécie de Lampião do Cerrado, Silvino  era do tipo namorador e foi espalhando a família por essa região, com muita gente que nunca se cruzou.

Também curiosa, Silvana é bisneta de Silvino, já havia enviado uma mensagem a um site dedicado ao bandoleiro, mantido por Gerson. “Enviei uma mensagem e ele nunca me respondeu. Fiquei achando que ele era mal-educado”, diz ela

A avó de Silvana, Hildorilda Jacques Perrupato, é filha única do primeiro casamento de Silvino. Já, o filho único do segundo casamento do bandoleiro é o pai de Gerson.

Na árvore genealógica, Gerson mostra o ancestral que eles têm em comum. (Foto: Paulo Francis)
Na árvore genealógica, Gerson mostra o ancestral que eles têm em comum. (Foto: Paulo Francis)

Com o lançamento do Inventário do Acervo, finalmente os dois tiveram a primeira conversa, pela internet, e o mal-entendido da mensagem sem resposta, enviada 6 anos antes, foi desfeita. Silvana não havia feito cadastro, então ele recebeu apenas o texto e não sabia quem havia enviado, e ficou impossível retornar o contato.

“Depois deste dia, nós nunca mais deixamos de nos falar por um dia sequer”, conta ele. Mas eles tinham um problema: a distância. Silvana tentou por duas vezes o visto para os Estados Unidos, que foram negados. 

Mas apesar do relacionamento virtual, Gerson deu um jeito de estar presente em muitos momentos na vida de Silvana, como no aniversário dela, em maio de 2015. “Eu quis preparar uma festa surpresa para ela, então combinei tudo com uma amiga dela, mandei dinheiro, falei o que comprar e o que fazer".

Ainda sem ter contado para o pai, Silvana postou sobre "o aniversário surpresa que quase não deu certo", sem citar Gerson. (Imagem: Reprodução/Facebook)
Ainda sem ter contado para o pai, Silvana postou sobre "o aniversário surpresa que quase não deu certo", sem citar Gerson. (Imagem: Reprodução/Facebook)

A ideia dele era uma noite em grande estilo. “Eu falei para ela que nós dois iríamos a um encontro. Pedi que ela se arrumasse e que eu vestiria minha melhor roupa e iríamos ao shopping. Ela perguntou ‘como assim?’". O planejamento deu trabalho, e na casa de uma amiga a aniversariante ganhou a festa surpresa do namorado de longe.

Por diversas razões, Silvana nunca havia contado para os pais que estava em um relacionamento à distância, mas com as frustrações a respeito do visto a levaram a ponderar que o que faltava era contar tudo.

“Como que eu ia dizer que ia casar com um cara que eu nunca tinha visto?”, questiona ela. O problema nem era o parentesco diluído entre eles, mas o fato de não se conhecerem pessoalmente.

Finalmente, Silvana contou para o pai, que ficou incrédulo. “Ele está te enganando”, disse o pai. Uma ligação feita por Gerson o acalmou, mas não convenceu. “Ele não acreditava que nós casaríamos, tanto, que eu falei que viria para o Brasil e faria uma surpresa para Silvana e ele nem deu atenção”, relata o empresário.

Ligados por um ancestral no passado, unidos pelo amor no presente. (Foto: Paulo Francis)
Ligados por um ancestral no passado, unidos pelo amor no presente. (Foto: Paulo Francis)

Enfim, o encontro - Com o curso praticamente completo nos Estados Unidos, Gerson deveria vir para o Brasil para resolver questões do visto e avisou Silvana que chegaria em São Paulo e somente uma semana depois poderia vir a Campo Grande. Mas, como ele sabia, os trâmites levariam bem menos tempo e no dia seguinte já estava voando para o Mato Grosso do Sul.

“Ela trabalhava em um sindicato e combinei com uma colega dela que eu chegaria de surpresa”, relembra ele. Em julho, depois de 7 meses de intermináveis conversas por Skype e WhatsApp, eles se encontraram.

Com flores, Gerson chegou ao sindicato e, convenientemente, foi o próximo a ser atendido por Silvana. “Eu estava chegando com as flores e quando ela viu, apenas abaixou a cabeça e começou a chorar. Eu cheguei perto dela e a beijei. Todos já estavam sabendo, tinha gente filmando”, descreve ele sobre o momento tão especial.

Em poucos dias ele decidiu permanecer no Brasil e em agosto de 2015 eles se casaram. Hoje esperam o filho, Felipe, que vai nascer em março. Ao ser registrado, a família da primeira esposa de Silvino receberá novamente o sobrenome Jacques.

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