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Comportamento

Na aldeia, mulheres conquistam espaço em dança que sempre foi "de homem"

Thaís Pimenta | 05/08/2018 07:30
. Agora as mulheres participam desta e de outras apresentações artísticas que antes eram dançadas só por eles.. (Foto: Acervo Pessoal)
. Agora as mulheres participam desta e de outras apresentações artísticas que antes eram dançadas só por eles.. (Foto: Acervo Pessoal)

Representando a vitória nas batalhas, a dança do Bate Pau, tradicional das tribos Terena, sempre foi dançada exclusivamente pelos homens das aldeias. Mas na aldeia Limão Verde, em Aquidauana, essa tradição foi quebrada. Agora as mulheres participam desta e de outras apresentações artísticas que antes eram dançadas só por eles.

Já são mais de 10 anos que, pouco a pouco, a tradição vai sendo quebrada. Mas as apresentações aconteciam apenas dentro da aldeia. O marco aconteceu no dia 14 de julho, quando a Limão Verde veio para Campo Grande, a convite da professora do grupo de capoeira Memória, Priscila Coutinho, para a festa de troca de graduação dos alunos, e eles dançaram a Bate Pau com mulheres e homens.

A atriz Thathy DMeo estava presente na apresentação aqui em Campo Grande e diz ter se emocionado com o que viu. "Achei muito interessante, muito bonito. Fiquei tão feliz naquela situação, naquela ocasião, porque é muito difícil né, a questão do índio, a gente consegue compreender historicamente como é complicado pra eles quebrarem esse paradigmas, muito mais do que pra gente".

De acordo com um dos Caciques de dança, Valério Lemes da Silva, isso é reflexo de uma mudança mais profunda que vem acontecendo dentro da aldeia. “Está havendo um resgate do feminino. Faz parte de um movimento maior, mundial, e não tinha como nós nos excluirmos disso. É o nosso trajeto resgatando a cultura com a participação das mulheres junto conosco”, explica.

Eles tiveram vários intercâmbios com outras tribos, como os Xingu, os Xavantes, os Guarani Kaiowá, e puderam ver que nelas nada era diferente. “Homem e mulher participam junto das modalidades, no mesmo ritmo”.

Por enquanto só as mulheres participam das danças masculinas. O contrário não acontece. “Elas querem estar nas nossas danças. Mantem mais força nas apresentações”. 

Mas como os passos da Bate Pau tem um chacoalho mais pesado, são as índias mais novas que participam. “As mais velhas se cansam mais rápido”, completa Valério.

Houve até mesmo um resgate da uma estátua da anciã Rosa Dias, localizada na Praça dos Estudantes. Rosa foi uma das principais representantes das mulheres da tribo, que morreu aos 110 anos. A Cacique da dança Emília Barros da Silva também ganha mais representatividade com a mudança cultural.

(Foto: Acervo Pessoal)
(Foto: Acervo Pessoal)
(Foto: Acervo Pessoal)
(Foto: Acervo Pessoal)
(Foto: Acervo Pessoal)
(Foto: Acervo Pessoal)
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