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Comportamento

Na publicidade, piadas e amigos, Pedrinho se despediu deixando história

Pedro partiu no último domingo deixando saudades e recordações aos amigos

Thailla Torres | 21/03/2019 19:35
Fabiana (filha), Pedro e Guto (amigo) durante viagem de aniversário a Paris. (Foto: Arquivo Pessoal)
Fabiana (filha), Pedro e Guto (amigo) durante viagem de aniversário a Paris. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nos últimos dias, as redes sociais de muitos colegas da comunicação foram tomadas por homenagens e lembranças de Pedro Mattar. Aos 80 anos, publicitário, escritor e um dos ex-diretores da TVE, ele se despediu da vida no último domingo, deixando recordações de uma vida especial, dedicada a criação e ao cultivo de grandes amizades.

Nascido no interior de São Paulo, ele chegou em Campo Grande na década de 80, depois de anos de atuação em agências de São Paulo. Entre os relatos de amigos, ficou marcado pelo acolhimento, era um homem que abraçava as ideias sem distinção, dava abertura à palavra e nem tinha medo da ousadia, o que resultava em frases que ficaram marcadas.

Nutricionista e filha, Fabiana Mattar, se recorda exatamente de quando o pai veio se aventurar em Campo Grande. “Ele teve um convite para trabalhar na TV morena e foram muitos anos na emissora. Depois teve a própria agência e, como publicitário, tinha um jeito de escrever incomparável. Às vezes, ironizava, e trazia particularidades no texto que emocionavam”, recorda a filha.

Quando chegou a Campo Grande.
Quando chegou a Campo Grande.

Melhor amigo, para Guto Paraná, Pedro era muito mais que um publicitário, a quem conhecesse ele se tornava um pai com seus gestos. “Falar dele não se restringe em falar em pessoas ou situações daqui. Ele sempre foi do mundo. Participou da 1ª travessia e do livro “Cem Dias Entre Céu e Mar" do Amyr Klink. Foi o ombro amigo e de consolo da cantora Maisa. Morou no mesmo apartamento que o Olivier Anquier para quem escreveu a peça "Olivier Fusca e Fogão”, lembra Guto.

Mas também era amigo do Messias, que se auto intitulou o segundo melhor garçom do mundo, diz Guto. “Ato em que o Pedrinho perguntou: E quem é o primeiro? E o Messias respondeu para ele, todos os outros. Ele adorava essa história. O Pedrinho era um homem de muitos e muitas amigas de todos os círculos e esferas, sem distinção de raça, credo, nível social ou intelectual”.

Pedro também amava as crianças para quem fazia mágicas. “Sempre as mesmas. E as crianças amavam ele e suas criancices. Aliás, impossível falar do Pedrinho sem falar de amor. Ele era o amor mais puro e fiel que uma pessoa pode encontrar e eu sou um destes felizardos. Nunca conseguirei saber se ele era meu pai, meu amigo, meu irmão ou meu filho. Provavelmente ele tenha sido todos em um e por isso eu já tenha sido mais completo e agora me sinta tão vazio”, descreve.

Pedro com a família reunida.
Pedro com a família reunida.

Ao amigo e jornalista Ogg Ibrahim, a ousadia e profissionalismo vai fazer falta. Ele se recorda de um episódio, na década de 90, em que o dom de Pedro fez a diferença que muita gente não imaginava. “Eu ajudava a divulgar a academia de uma amiga quando procurei a Carpe Diem (agência). Conversei com um dos publicitários mais fantásticos que já conheci. Antenado, Pedro me sugeriu, naquela época, que colocássemos um outdoor apenas com a frase "Bunda mole não!" e com nome da academia embaixo. Mesmo receoso com o provincianismo de Campo Grande naqueles tempos e o resultado disso, acabei aprovando a campanha. Foi um tiro certo. A academia bombou de pessoas que se sentiram incomodadas com seus corpos e foram despertadas por aquela frase”, lembra Ogg.

A vida pessoal e profissional sempre parecia uma só. “Muita gente trabalhou com meu pai e as pessoas estavam sempre admiradas por ele, pela forma como ele tratava as pessoas. Ele dizia que era ateu, mas eu acho que não porque nunca vi alguém tão espiritualizado em termos de amor que ela sabia dar aos outros”.

Um apaixonado por Paris, dos 70 aos 75, todos os aniversários foram comemorados por lá. “O lugar que ele mais gostava e os amigos, sempre fieis, iam juntos na aventura dele”, lembra Fabiana.

O tempo levou a saúde, nunca o sorriso que brilhou até nos últimos dias de vida, em uma cama de hospital, depois de ser internado com uma infecção urinária silenciosa. “Foi o último sorriso que vi do meu pai, ele sorriu assim que viu os meninos (netos), em seguida apertou minha mão e ali fiquei achando que era uma despedida. No último domingo, ele descansou”.

Para quem viveu a amizade, Pedro deixou muito sorriso. “Pedrinho era um talento vivo. Agora é um talento eterno. Ele sintetizava como ninguém a amizade e o sorriso. Não havia em sua volta tristeza ou mediocridade. Ateu, não ria de Deus. Generoso, surpreendia por não dar limites a essa virtude. Semeou amigos por onde andou e, hoje estamos colhendo saudades. Para honrá-lo, vamos fazer isso com alegria. Dói. Mas, por ele, vamos sorrir”, declara o jornalista e amigo Guilherme Filho.

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Um pai amigo, amoroso e sempre feliz. (Foto: Arquivo Pessoal)
Um pai amigo, amoroso e sempre feliz. (Foto: Arquivo Pessoal)
Pedro, entre os grandes amigos, Dani e Guto. (Foto: Arquivo Pessoal)
Pedro, entre os grandes amigos, Dani e Guto. (Foto: Arquivo Pessoal)
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