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Comportamento

“Não é fardo, é amor”, diz pai que adotou menina com deficiência

Casal fez o que apenas 6,51% dos que querem adotar no Brasil fariam: adotar uma criança com deficiência, mesmo depois de 10 filhos

Thailla Torres | 26/06/2020 06:41
Na foto, autorizada pelo casal a ser publicada, estão os outros 10 filhos que foram adotados por Jusefei e Karla.
Na foto, autorizada pelo casal a ser publicada, estão os outros 10 filhos que foram adotados por Jusefei e Karla.

“Não é fardo, é amor” diz o pai e servidor público Jusefei Vagner Fuhr, 45 anos, ao lado da esposa e professora Karla Fabricia Aparecida Soares, 50 anos, que fizeram o que apenas 6,51% dos casais que querem adotar no Brasil fariam: levar para casa filhos com deficiência. A menininha de 2 anos que saiu de Três Lagoas na semana passada para viver com sua nova família não é primeira filha do casal. Os dois já adotaram 10 crianças.

A fotos e o nome da criança que os pais carinhosamente chamam de ‘Estrelinha de Luz’ serão preservadas por cumprimento ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Mas não há processo que esconda o amor dos pais pela criança durante a conversa.

Por telefone, o pai conta que o ciclo de adoções começou há 15 anos e juntos compõem ‘a grande família’ na região em que moram no Mato Grosso, numa cidade pequena escolhida para garantir qualidade de vida e tranquilidade às crianças que foram chegando e ganhando um novo lar ao lado do casal.

O primeiro filho do casal é autista, eles também já adotaram grupos de irmãos e adolescentes. Sempre questionados, o pai é enfático. “Não é arrogância, não é prepotência, é amor e acreditamos que essa é a nossa missão aqui: dar amor a essas crianças”.

Por isso, ano após ano, fóruns de diversos lugares entraram em contato com o casal, que sempre estiveram no percentual pequeno de pais pretendentes que aceitam crianças independente de suas particularidades.

Em casa, os pais mantém todos os cuidados com a meninha. (Foto: Arquivo Pessoal)
Em casa, os pais mantém todos os cuidados com a meninha. (Foto: Arquivo Pessoal)

Adotar uma criança com deficiência estava nos planos do casal há alguns anos, “mas esperávamos um momento certo”, pontua o pai. Até que na semana passada o casal chegou a Mato Grosso do Sul para conhecer a filha. “Cremos que ela é uma estrela de luz que veio para trazer muita alegria. Estamos muito felizes, nosso coração transborda de alegria, não nos importamos com o que o mundo diz ou julga, é uma decisão nossa e estamos muito bem”.

Faltam palavras para o pai explicar o sentimento de ter a filha nos braços, mas Jusefei diz ter a sensação que a menininha sempre fez parte da vida do casal. “É como se fosse uma magia, algo que não é do nosso mundo. Ela se adaptou maravilhosamente bem em contato dos irmãozinhos. Hoje em casa estamos em 10 pessoas, isso porque nossa filha mais velha já está na universidade e morando fora”.

Desde sua chegada, os momentos são de carinho, cuidados extras e aprendizados. Além das medicações e alimentação por sonda, a ‘Estrelinha de Luz’ necessita de acompanhamento com neurologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, mas os pais pouco se importam com os esforços.

“Ela já nos ensinou muito e creio que nos ensinará muito mais, será uma evolução de vida para nós gigante. Mas nós nunca nos arrependemos de ter os nossos filhos, não enxergamos isso como um peso e nem um fardo, pelo contrário, enxergamos com amor. É natural que os filhos deem trabalho, mas pra mim e para a Karla as coisas fluem de forma diferente, as coisas vão se encaixando dentro de casa.

Embora alguns olhem de maneira diferente para a relação da família, Jusefei gosta de deixar claro que os filhos são filhos e ponto final. “Sejam eles filhos do coração ou não, filhos são filhos. É algo natural em nossas vidas. É claro que o medo e a insegurança todos nós temos, mas depois de todas experiências, para nós, é natural esse amor em nos nossos corações”.

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