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Comportamento

Pode continuar colocando a cadeira na frente de casa para conversar ao ar livre?

"Poder, pode", responde infectologista, mas os cuidados com higiene devem ser redobrados

Anahi Zurutuza e Liniker Ribeiro | 28/03/2020 08:40
Sentar na praça e curtir uma tarde ao ar livre não faz mal a ninguém, desde que a distância segura seja mantida entre e as pessoas e cuidados com higiene reforçado, inclusive quando chegar em casa (Foto: Kísie Ainoã)
Sentar na praça e curtir uma tarde ao ar livre não faz mal a ninguém, desde que a distância segura seja mantida entre e as pessoas e cuidados com higiene reforçado, inclusive quando chegar em casa (Foto: Kísie Ainoã)

Já são quase 10 dias de quarentena e hoje, dia 28, completa uma semana do toque de recolher em Campo Grande, mas a movimentação em alguns bairros incomoda que levou a sério o “cada um na sua casa” e “da porta para de dentro”. Pelas ruas dos bairros mais afastados do Centro, durante o dia, muita gente sentada na calçada, ao ar livre, tomando o tereré, hábito difícil de largar para o sul-mato-grossense.

Por isso, o Campo Grande News foi perguntar para quem entende do assunto. Pode continuar colocando a cadeira na frente de casa para conversar ao ar livre? A reposta é “sim, mas com alguns cuidados”.

Médica infectologista da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e a integrante do COE (Comitê de Operações de Emergência) da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Mariana Croda explica que a reuniãozinha na frente de casa é mais segura se for entre integrantes da mesma família, que moram na mesma casa e que estejam conseguindo não sair para trabalhar, por exemplo.

Se ninguém está exposto ao novo coronavírus durante os deslocamentos e a família tem tomado todas as precauções de higiene em casa, como lavar as mãos com frequência, não tem porque deixar de curtir esse momento gostoso. “Quando você habita com outras pessoas e todas têm os cuidados, tudo bem”, afirma.

Um pouco diferente fica para quem tem um ou dois familiares profissionais de saúde ou estão indo ao trabalho. “Essa pessoas têm de redobrar os cuidados ao chegar em casa e recomenda-se o não compartilhamento de utensílios”, explica a infectologista. Dificulta um pouco sentar na roda de tereré. Mas, e se cada um tiver a sua cuia e a sua bomba? Dá, não é?

Outra recomendação de especialistas para quem precisa sair conseguir preservar os familiares é antes de sentar ou encostar-se a qualquer coisa da casa ir direto para o banho. A roupa vai para a máquina de lavar ou cesto de roupa suja.

Mais difícil fica interagir com os vizinhos, por exemplo. Você pode estar tomando todas as precauções, mas quem garante que na casa do lado também? Mais uma vez vale destacar a importância do não compartilhamento de utensílios, mas para este caso, é importante também manter a distância segura entre as pessoas – pelo menos 1,5 metro.

“A princípio, a maleabilidade a cerca das restrições não nos autoriza tocar as nossas relações interpessoais. Mas, é preciso sim evitar aglomerações, limpar as mãos, ter distância segura”, repete a médica do comitê de enfrentamento ao novo vírus.

Pintor, Félix Cáceres, senta na calçada para tomar tereré e conversar com a esposa; o ideal é não compartilhar utensílios, mas se nenhum dos dois está saindo para se expor ao vírus, até dá para manter o hábito do tereré (Foto: Kísie Ainoã)
Pintor, Félix Cáceres, senta na calçada para tomar tereré e conversar com a esposa; o ideal é não compartilhar utensílios, mas se nenhum dos dois está saindo para se expor ao vírus, até dá para manter o hábito do tereré (Foto: Kísie Ainoã)

Pelas ruas – Sentado com a mulher no portão de casa, o pintor Félix Cáceres, de 47 anos, afirma que é sufocante ficar “trancado” o dia todo. “O Centro está parado, mas no bairro todo mundo continua andando. À noite, o movimento é ainda maior. Depois das 19h, muita gente passa andando, inclusive com crianças”.

Félix diz que se preocupa. “A gente fica meia hora tomando um tereré e já entra. O problema é mundial, preocupa sim. Não estamos mais saindo para passear com as crianças”.

Dentista, Valdeir da Silva, de 22 anos, estava reunido em uma praça na região do Bairro Mário Covas – sul da Capital –, com a dona de casa, Rafaela Andrade, de 25 anos, dona de casa, e o trabalhador autônomo, Ivan Zacarias, de 20 anos. O encontro foi para curar o tédio. “Escolhemos um local próximo de casa aberto, com vento”, explicou Valdeir. Os amigos pretendem inclusive se isolar numa fazenda nos próximos dias.

Vanessa Ribeiro, de 39 anos, também respeita o isolamento, mas diz que sentar na calçada é o alento. “Desde que começou a quarentena, estamos respeitando. Em casa a gente lava, passa, cozinha. Estamos saindo muito pouco, só para ir ao mercado. Eu me preservo, se eu fizer um pouquinho pra mim, o outro fizer um pouquinho por ele, vai dar tudo certo”.

Enquanto no Centro, quase não há movimento, ruas de bairro estão "bombando"; foto de uma tarde na região do Mário Covas e Paulo Coelho Machado (Foto: Kísie Ainoã)
Enquanto no Centro, quase não há movimento, ruas de bairro estão "bombando"; foto de uma tarde na região do Mário Covas e Paulo Coelho Machado (Foto: Kísie Ainoã)


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