Roberto perdeu o fôlego ao brincar com a filha e mudou toda sua vida

Em uma tarde num parque aquático, Roberto Santos Cunha, advogado de carreira sólida, pai de três filhos, percebeu que não conseguia acompanhar Maria Lúcia, a caçula de três anos, de um brinquedo ao outro. O corpo não obedecia. O fôlego faltava. E a cena, trivial para qualquer pai, virou ponto de virada.

“Ali eu pensei: não adianta ter sucesso profissional, família, se eu não tiver saúde nem para brincar com a minha filha”, lembra. Foi nesse instante que Roberto, até então membro orgulhoso da turma dos “inimigos do fim”, que esticava noites a cerveja e açúcar, fez um contrato consigo mesmo. Cláusulas irrevogáveis, no juridiquês que domina desde os 21 anos, quando se formou advogado: exercício físico como regra, corte radical do açúcar, adeus à cerveja.

Aos 45, ele acaba de lançar Mais Forte aos 40, livro em que traduz em páginas a guinada pessoal que o levou da fadiga ao fôlego, do piloto automático a uma vida de propósito. Mas, antes de falar do livro, Roberto gosta de contar da vida. “Eu era doceiro, daqueles que vão a uma festa só esperando o bolo. Sofri para cortar o açúcar. Foi abstinência mesmo. Mas eu sabia que precisava mudar”, conta, com humor.

Na juventude, Roberto era faixa preta de judô, carregava no corpo a filosofia do mestre Jigoro Kano. Mas, com o tempo, a disciplina ficou sufocada pela rotina de trabalho. O advogado reconhece que pagou caro, com dois casamentos terminados e um filho mais velho que cresceu sem a sua presença constante. “Eu pensava só em produzir, ter sucesso. Até que a vida me cobrou.”

No terceiro casamento, com Lorena Ibrahim, encontrou o apoio que faltava. Juntos, estabeleceram uma rotina que inclui treinos, meditação às 5h30 e até a regra do “80/20” na alimentação, um equilíbrio entre o saudável e o prazer de um vinho ou jantar em família.

Hoje, Roberto ouve piadas sobre ser o “velho saradão”. Ri. Mas faz questão de corrigir a ideia de que sua busca é estética. “O corpo é só efeito colateral. O propósito é o bem-estar físico e mental. Corpo, mente e espírito caminham juntos.”

Na fala, cita estoicismo, Marco Aurélio, Aristóteles, e a influência da avó, Maria Lúcia, professora de português que batizou a filha caçula. Mistura filosofia clássica com cotidiano de academia. “Não é projeto verão. É projeto vida.”

O que fica da virada

Em seu livrol, Roberto destaca que entrega um exemplo de que mudanças reais não acontecem de um dia para o outro, nem com “fada madrinha”. Foram anos de disciplina, recaídas, tornozelo imobilizado e, sobretudo, escolhas. Dizer “não” para festas, para a procrastinação, para o açúcar no armário de casa.

“Eu não penso em quanto tempo vou viver, mas em como vou viver”, resume. A frase, que poderia ser slogan de academia, na boca dele soa como constatação simples de um homem que já testou os dois lados, o do sucesso sem saúde e o do equilíbrio.

Na prática, significa brincar com a filha sem perder o fôlego, compartilhar vinhos com a esposa sem culpa, e acordar cedo todos os dias para meditar antes de ir à academia.

“Em Mais Forte aos 40 existe é um lembrete de como é possível não se abandonar”, finaliza.

O livro está disponível aqui.

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