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Comportamento

Rodando 1.443 km de Kombi, artista descobre que toda 'loucura' é recompensada

Naiane Mesquita | 07/06/2016 06:20
Anderson e sua corujinha Florinda, de 1973, na estrada (Foto: Arquivo Pessoal)
Anderson e sua corujinha Florinda, de 1973, na estrada (Foto: Arquivo Pessoal)

A corujinha vermelha, ano 1973 de Anderson Lima é guerreira. Assim como o dono, não teve nem um pingo de medo de ser feliz e atravessou 1.443 km de Campo Grande até o Paraná se tornando o xodó da estrada, motivo de comentários e até fotos entre os caminhoneiros. Toda estilosa e de vermelho, a kombi carregava não só as mudanças do artista, mas a esperança de um novo futuro ao lado da família.

“Talvez eu não saiba mesmo o tamanho da minha loucura. Quando eu anunciei minha viagem com Florinda, minha corujinha 1973, o que eu mais escutava era você é louco”, descreve Anderson. Mas, contrariando as expectativas dos pessimistas, a kombi foi até lá sem problema mecânico ou pneu furado.

Tudo na mais perfeita paz, em quase três dias de viagem. “As pessoas são muito negativas, preferem se acovardar na falta de coragem delas. Ouvi tanta coisa antes de pegar a estrada, queriam me fazer desistir. Antes de sair eu perdi o documento da corujinha, achei que era um sinal, de tanto que me falavam. Um tempo depois, achei de novo e pensei..bom se era um sinal, agora significa outra coisa”, acredita.

Estilosa, na estrada (Foto: Arquivo Pessoal)
Estilosa, na estrada (Foto: Arquivo Pessoal)

Confiante, no dia 21 de fevereiro, Anderson partiu às 5 horas, com destino ao litoral sul. Natural do Rio Grande do Sul, ele queria conhecer melhor a cidade de onde partiu há tanto tempo. “Peguei a estrada na maciota, com medo ainda, aos poucos fui me sentindo a vontade. De Campo Grande a Dourados, fiz em três horas, fiquei preocupado, achando que tinha exigido muito dela, mas fui entendendo como lidar com a Florinda”, descreve.

O carinho pelo carro foi aumentando a cada dia, normal para quem só tinha a companhia das quatro rodas e o silêncio da estrada. Os papos com Florinda foram inevitáveis, assim como os olhos de quem passava na estrada, a maioria caminhoneiro. Anderson chegou a pensar que fosse intimidação pelo jeito despreocupado na estrada, mas na verdade, tudo não passava de uma admiração pela corujinha, nome que faz alusão ao modelo da kombi.

“Um dia parei no posto para comer e dormir e um dos caminhoneiros veio conversar comigo, perguntando se eu era o dono da corujinha. Eles tem um rádio amador, por onde se comunicam e diz que eu estava famoso. Ainda disse que ia passar para a galera que eu estava indo para Porto Alegre e qualquer coisa eles me ajudariam. Foi muito legal, eu não sabia que existia esse sistema de comunicação na estrada”, ri Anderson.

Artista de rua, de palco e palhaço, Anderson agora aos 37 anos, mora em Praia Grande, ao lado da mulher e da filhinha, de 3 anos, que nasceu aqui em Mato Grosso do Sul. A mudança foi em busca de uma perspectiva melhor de trabalho e sustento. “Fiquei três meses no sul e depois rodei com a corujinha até São Paulo. Moramos aqui, nos finais de semana eu vou para a cidade, estou entregando projetos, em busca de novos parceiros. Quero trazer o Flor e Espinho para cá, o duo que eu tinha em Mato Grosso do Sul, mas isso ainda é mais para frente”, diz.

Para os que duvidaram de todo o percurso, Anderson nem sequer tirou foto para provar. Tudo ficou na lembrança e no desejo de que cada um faça o seu caminho. “Quem nunca passar por uma loucura dessa, nunca entenderá o que eu tenho pra dizer, mas digo: sejam loucos! Afinal, mais louco é quem me diz, que não é feliz, cantou o poeta”.

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