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Comportamento

Sem medo dos mais velhos, "baile de debutantes" de Nathaly será na UFMS

Ângela Kempfer | 21/01/2013 16:58
Nathaly já na UFMS, para a matrícula. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Nathaly já na UFMS, para a matrícula. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Aos 14 anos, Nathaly já estava preparada para o 2º ano do Ensino Médio na escola Maria Constança de Barros Machado, com matrícula feita e tudo. Mas os planos mudaram vai direto para a Universidade Federal, graças a decisão da Justiça.

Para a menina, que diz estar acostumada com amigos mais velhos, “de 15 e 16 anos”, a notícia não deu nem frio na barriga. Nathaly já fala como universitária, com uma conversa de surpreender diante da pouca idade.

Tem uma maturidade difícil de encontrar na meninada do Ensino Médio, além dos sorrisos, muitos sorrisos. Principalmente hoje, dia de matrícula na universidade.

A estudante conseguiu nota no Enem para cursar Artes Visuais na UFMS, teve o direito negado e por isso recorreu à Justiça e ganhou. “Fiz como treineira, mas sabia que tinha condições”, conta.

O curso é um dos menos concorridos, mas a facilidade não foi critério na hora da escolha. “Entrar na faculdade é fácil, mas ser bom no mercado nessa área é bem mais difícil. Sempre pensei em fazer Artes. É o que eu gosto e o que vejo como trabalho no futuro”, justifica.

A menina nem completou o Ensino Médio e já sabe exatamente onde quer estar daqui a 4, 5 anos. “Trabalhar na rede pública de ensino e na comunidade”. Ela tem todo aquele discurso da juventude de mudar o mundo. Pretende usar a arte para transformar, para melhorar o que julga estar errado.

Se não for “bem isso”, quando estiver se formando em Artes terá a idade dos que entram na faculdade. Daí, é só continuar e, quem sabe, chegar aos 30 anos com 4 diplomas. “Posso fazer Jornalismo e até Direito depois”, planeja.

A palavra chave para enfrentar a rotina de estudos em uma universidade, sem aquela vigilância dos ensinos Fundamental e Médio, é “autonomia”. “Minha mãe sempre me criou para tomar minhas próprias decisões, sem cobrar notas, por exemplo. Tudo ficava sob minha responsabilidade e assim aprendi a ser responsável”.

Nathaly não acha ser diferente de outros adolescentes. Talvez a “vantagem” seja a determinação e o convívio com a mãe advogada, avalia. “Ia para faculdade com ela e ali aprendi como é o ambiente universitário. Sempre gostei”, lembra.

Quando tinha dez anos, os pais se separaram, uma etapa aparentemente sem maiores traumas. Hoje, com uma irmã de 2 anos, é a “velha” da casa, mas ainda lida com as bonecas. São modelos para criação de roupas.

Desde os 8 anos, Nathaly gosta de customizar peças, de cortar os cabelos das amigas de forma “diferente, de “mexer, de se expressar”. Quer ser artista no sentido amplo da palavra, transitando por diferentes formas de expressão, nada diferente da maioria das adolescentes na era da informação fácil.

Apesar de dizer que gente mais nova “só por Deus”, o “quase namorado” tem 15 anos, os melhores amigos também estão na mesma faixa etária. A tendência é que todos fiquem pelo caminho com a chegada de outra turma na vida da futura acadêmica. Um problema? A garota acha que não.

“Tem muita gente que diz que isso não é certo, que não é bom gente mais nova se relacionar com mais velhos por causa de coisas como droga. Isso para mim é muito tranquilo, só é complicado para quem não sabe o que quer”, defente.

Em maio Nathaly completa 15 anos, mas sem o baile de debutantes. A vida adulta chegará antes, em março, quando começam as aulas na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

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