Todo ano é assim: na festa da "firma" sempre tem alguém para dar "bafão"
Parece que a opinião é unânime. A maioria concorda que nas festas de final de ano sempre tem alguém para dar “bafão”. Entre familiares, parece regra. Nos encontros organizados pelas empresas, também. O funcionário se comporta bem durante os 12 meses, mas no dia da confraternização “enfia o pé na jaca”. A mancada, dependendo do grau, garante a diversão alheia, é verdade, mas o exagero pode ser um tiro no pé.
A técnica de enfermagem Marcieni Pereira Dan, de 30 anos, já presenciou vários deslizes. “O amigo do meu marido levou um apertão da esposa. No meio da festa ela começou a dar de dedo na cara dele. Foi bafo. E, em outra, tinha um bêbado dançando na beira da piscina. Ele fazia nado sincronizado e tudo”, relembrou.
A mirim, que estava de caso com um funcionário, caiu nas garras da esposa irada. “Jogaram ela na piscina”, contou, ao dizer que o momento DR (Discutir Relação) com o “traidor” rolou solto, para todo mundo ver. Mas não são só os subordinados que “brincam” além da conta. Marcieni lembra que, em uma festa, o chefe da turma bebeu todas, foi jogar truco e berrava feito um louco.
“Só não subiu na mesa porque não deu. O mais engraçado é que ele era super sério e mal conversava com a gente. Mas, neste dia, até moda de viola ele cantou”.
Os barracos, para ela, são “o máximo”. É a diversão da festa. “Claro que tem que ter moderação, mas eu acho que bafo no fim de ano é perdoável. As pessoas querem descansar de todo o estresse. É um momento de diversão, confraternização, sem as cobranças do dia a dia. O problema é que alguns relaxam demais”, disse.
Relaxam mesmo. Diretor do clube dos comerciários de Campo Grande, André Luiz da Silva Garcia, de 43 anos, já presenciou muita mancada. Por conta do cargo que ocupa há 6 anos, ele precisa, obrigatoriamente, acompanhar todos os encontros realizados no espaço do SEC (Sindicato dos Empregados no Comércio em Campo Grande).
Não é frequente, diz ele, mas, vira e mexe, acontece algum “probleminha”. Por conta da bebida, principal causadora dos exageros, as pessoas “perdem a mão”. Tombos são frequentes, mas isso é pouco perto das situações inusitadas. Certa vez um colaborador esqueceu o filho no clube. Depois da festa, foi embora sem a criança. Só lembrou quando chegou em casa. Sem saída, os responsáveis pelo espaço tiveram de cuidar do menino até o retorno do pai.
Tem aqueles que resolvem brigar com o colega justo no “dia de paz” e outros que, do nada, decidem afrontar os superiores. André se lembra do rapaz que organizou um encontro sem autorização e, no meio da festa, começou a discutir com outro funcionário por conta de bebida. Até uma bandeira, com o símbolo da empresa, foi queimada. Resultado: demissão.
Por isso, orienta André, é preciso tomar cuidado para não manchar a imagem profissional ou, como neste caso, sair no prejuízo. Se o evento for realizado sem a presença dos chefes até dá para passar da linha com os companheiros mais próximos, mas sem pisar na bola, é claro. Agora, se os chefes estiverem na festa, é bom “segurar a rédea”.
Bom senso é a palavra de ordem. É um momento para se divertir, confraternizar, colocar o papo em dia, mas a maturidade deve falar mais alto sempre, afinal de contas não se trata de sua casa. Uma dica valiosa é não desperdiçar o que está sendo oferecido. Não é de bom tom deixar o patrão com a sensação de que o investimento não valeu a pena. O próximo ano, dependendo da revolta, pode ser de “vacas magras”.