Valmir decidiu viver aposentadoria ao lado de 3 mil rosas-do-deserto
Natural do Paraná, ex-bancário hoje cuida de mais 3 mil plantas em terreno localizado na região central

No lugar de pilhas de papéis e metas para bater, Valmir Belini, de 62 anos, escolheu viver sua aposentadoria entre rosas-do-deserto, suculentas e o silêncio que só o contato com a terra proporciona. Hoje, ele cuida sozinho de mais de 3 mil plantas em um terreno na Rua das Garças, na região central de Campo Grande.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Quem passa pelo portão nem imagina o “santuário” verde que existe ali dentro. Em fileiras organizadas, vasos reciclados abrigam plantas de todos os tamanhos, idades e formas. Algumas moldadas com arame, outras com raízes robustas que mais parecem esculturas naturais, todas cuidadas com a paciência de quem encontrou ali uma forma de terapia.
O trabalho com as plantas começou mesmo depois da aposentadoria, lá em 2005. Antes, foram 20 anos no banco e mais 15 como produtor de abacaxi, milho e melancia. “Sempre gostei de plantar, nasci na roça, em Maringá, no Paraná. Mas agricultura é mais pesada. Jardinagem é outra coisa. Você molda a planta, observa, trabalha com calma. É muito mais terapêutico”, compara.

Entre os xodós de Valmir estão as rosas-do-deserto, plantas de origem africana e árabe que se adaptaram bem ao clima de Campo Grande. “Elas gostam de calor, pouca água e um substrato bem drenado. No inverno, entram em dormência; não pode nem regar muito, senão apodrecem”, explica.
As mudas variam entre R$ 10 e R$ 600, dependendo da idade, formato e espécie. E se engana quem pensa que Valmir faz tudo no improviso. Ele já aprendeu a fazer polinização, enxertos e moldagem com arame para criar formas variadas. “Tem planta aqui com até cinco cores diferentes. Mas tem que saber combinar as flores, porque nem todas florescem ao mesmo tempo".
Ao lado das vendas, há também as “plantas hospitalizadas”, que clientes levam para recuperação. “Se a pessoa gosta de planta, eu ajudo. Mas explico que é devagar, não é milagre. E tem gente que traz, perde, leva outra. A gente vai trocando, vai aprendendo junto".

No entanto, segundo ele, durante os meses frios as vendas caem. “Este ano foram uns 90 dias sem vender nada”, lamenta. Mas ele não se desespera.“Não dependo disso pra viver. Gosto mesmo é de cuidar. Me faz bem".
Hoje, Valmir concilia o jardim com a rotina de avô e a vida doméstica. Cuida das plantas de manhã e depois das 14h, quando volta do mercado ou de buscar o neto na escola. As vendas acontecem pelo boca a boca ou pelas redes sociais.
O jardim não é só bonito, é também reaproveitado. Ele explica que pallets, vasos, arames, tudo vem de construções, floriculturas ou doações. “Eu reaproveito tudo. Não dá pra manter funcionário, então faço tudo sozinho. Se a pessoa traz o vaso, eu replanto, recupero a planta, cuido como se fosse minha. Mas sem pressa”, explica.

Longe do estresse do banco e das roças de abacaxi, Valmir hoje aponta que lidar com a jardinagem é uma forma de aprender a ter paciência e respeitar o tempo da natureza, além de trazer saúde mental. “Se a pessoa gosta de planta, é uma terapia. Me fez muito bem".
Para conhecer o trabalho de perto, visitar o local e comprar mudas, basta acessar o Instagram oficial @poucarega ou entrar em contato pelo número (67) 99906-2463.
Confira a galeria de imagens:
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.