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Comportamento

Vestido de caça-fantasmas, Nilson sai de Caravan pelas ruas atrás de corruptos

Paula Maciulevicius | 18/06/2016 07:05
A Caravan é modelo 1979/1980 e foi toda reformada para ser caça-fantasmas. (Foto: Marcos Ermínio)
A Caravan é modelo 1979/1980 e foi toda reformada para ser caça-fantasmas. (Foto: Marcos Ermínio)

"Os caça-fantasmas". É bater o olho na Caravan Diplomata pelas ruas de Campo Grande para associar o veículo ao filme da década de 80. Por trás do volante está Nilson Junior, um empresário que diz que resolveu caçar servidores fantasmas por todo Mato Grosso do Sul. A missão começou há pouco mais de três meses, depois do que ele jura ter sido a primeira denúncia: do próprio irmão, um servidor público, pelo menos na folha de pagamento, mas que não trabalhava.

O carro ainda está passando por reformas e Nilson garante que pronto mesmo só estará a partir de quarta-feira. Mas a verdade é que o veículo já tem a principal identificação: o adesivo logo do filme e uma parafernalha acoplada fazendo jus aos equipamentos usados para a caçada.

No Facebook, a página é direta ao resumir o trabalho: "O Caça Fantasmas tem objetivo em denunciar servidores públicos Fantasmas", junto do telefone que funciona como WhatsApp para denúncias. "Eu sou do combate à corrupção dos órgãos públicos", se apresenta o empresário Nilson Guassso Júnior, de 42 anos. 

Nilson se paramenta todo para ir à caça de denúncias. (Foto: Arquivo Pessoal)
Nilson se paramenta todo para ir à caça de denúncias. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ao Lado B ele que é empresário do ramo de eventos, conta que teve a ideia depois de uma briga familiar. "Eu tinha um irmão que ganhava e não trabalhava, ficava o dia inteiro em casa. O Brasil atravessando uma crise, as pessoas lutando para ganhar 700 reais e ele com 6 mil para não trabalhar?" conta.

"Triste" com a situação, como ele mesmo define, Nilson jura que ameaçou de denunciar o irmão e levou um soco. "Aí isso me abriu um leque, esse negócio de fantasmas de órgãos públicos e em vez de ficar chorando, eu fiz o BO e o denunciei no Ministério Público", relata.

Não foi por ser fã do filme que ele decidiu a caracterização e sim porque o personagem chamaria atenção.

"Eu assisti ao filme, é da minha época e o que aconteceria se eu usasse terno? As pessoas não olhariam para a minha causa, até porque os fantasmas existem há anos nos órgãos públicos e ninguém vê", explica. 

Vira detalhe junto de adesivos. (Fotos: Marcos Ermínio)
Vira detalhe junto de adesivos. (Fotos: Marcos Ermínio)
Parafernalha característica do filme
Parafernalha característica do filme
Nilson protocolando denúncia na Polícia Federal. (Foto: Arquivo Pessoal)
Nilson protocolando denúncia na Polícia Federal. (Foto: Arquivo Pessoal)

Sem fugir do "foco" que ele assegura ser o combate à corrupção, Nilson fala que os fantasmas podem até rir dele, mas que na realidade estão rindo é de todo mundo. "Da sociedade, de nós, honestos, de mim de você".

A Caravan é modelo 1979/1980, de único dono, mas os valores gastos na compra e na reforma, o empresário diz que ainda não calculou. Pelas ruas ele faz a própria propaganda com o carro nada chamativo e nas redes sociais, compartilha postagens com o número de telefone onde pode ser sempre encontrado.

"Fiz denúncia de pessoal vendendo vacina a 40, 80 reais. Já fiz umas 20 denúncias. Tem um aluno que é nomeado na Prefeitura, mas faz curso de Agronomia integral, outro que trabalha num comércio. Estou esperando para pegar no flagrante", descreve. Para quem traz a denúncia, Nilson pede elementos que provem a veracidade, como fotos e vídeos. Até para o que ele mesmo diz, não entrar em "rixas pessoais".

E é vestido como um caça-fantasmas que Nilson já foi até a Polícia Federal protocolar uma denúncia. Nas palavras dele, a intenção não é de tirar o emprego de ninguém, mas fazer todo mundo trabalhar. "Os que não quiserem, que deem lugar para os concursados, só acho que tem que ter critérios", resume.

Já viu o carro andando por aí?

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