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Consumo

Cadeira de balanço feita com orelhão é uma das criações de mostra de design

Aline Araújo | 15/11/2014 07:46
Cadeira colorida antes era a parte de um orelhão. (Foto: Paulo Francis)
Cadeira colorida antes era a parte de um orelhão. (Foto: Paulo Francis)

Criatividade e sustentabilidade não estão só nas roupas da Bocaiúva Moda Criativa e Design de MS, instalada na antiga estação ferroviária de Campo Grande para mostrar o que de bom é produzido aqui. Há também peças de decoração e mobiliário que seguem esses requisitos, algumas delas com resultado surpreendente.

No vagão escolhido por Gabi Dias para a instalação artística "Repaginário", a cadeira de balanço é de ar romântico, mas tem uma história dura. Foi feita a partir de uma orelhão depredado, recolhido por catador de recicláveis e doado à artista. O arrendondado da peça foi revestido de tecido colorido e ganhou uma estrutura de ferro como suporte, para garantir um merecido balanço.

A "Casa de Vidro", de Bonito, trabalha no lema “vidro não é lixo” e reutiliza garrafas descartadas para produzir novos utensílios. A ideia surgiu de uma maneira interessante, história já contada aqui no Lado B. Carlos Cardinal é arquiteto e era dono de restaurante, teve a ideia de fazer os copos da garravas que iam para o lixo, aprendeu a cortar vidro e assim surgiram muitos outros modelos.

Dez anos depois, a empresa já consegue reciclar cerca de 80% do vidro descartado na cidade de Bonito e o transforma em potes para a cozinha, abajur ou lustre. Tudo é reaproveitado, de recipientes de remédio aos garrafões de vinho. Os copos mais simples custam R$ 2,00.

Poltronas feitas de toneis. (Foto: Marcelo Calazans)
Poltronas feitas de toneis. (Foto: Marcelo Calazans)
Lustres produzidos em Bonito com  garrafas.
Lustres produzidos em Bonito com garrafas.

Na mostra, há muitas ideias expostas, algumas bem comerciais, outras experimentais. Várias deram certo, outras nem tanto, mas valem como inspiração por não seguirem o padrão de lojas convencionais.

Laura Rosa apresenta mudas plantadas em rolhas. Aos 52 anos, ela gosta de vinho e pensou como poderia aproveitar aquela rolha que sempre jogava fora. Moradora de uma chácara, procurou recursos naturais em casa mesmo para montar os pequeninos arranjos.

Quem conta a história é a artista plástica Indianara Obregon, de 34 anos, que cuida da participação nas feiras, enquanto a mãe fica com a criação dos arranjos vivos, feitos também com cascas de árvore, materiais reutilizados e espécies de plantas suculentas, que não precisam nem de muito sol e nem de muita água.

“Ela é apaixonada pela natureza e sempre pensa em reciclar tudo, reutilizar. Ela começou fazendo mudinhas nas caixinhas de leite. É tudo reciclável e bom para quem tem apartamento”, conta a filha. As peças vão de R$ 15,00 a R$ 50,00 de acordo com o tamanho.

Indianara já gosta de trabalhar a arte com o pincel. Ela pinta peças de gesso e cuida dos detalhes. Uma coruja com aspecto envelhecido, por exemplo, ganhou aplicações de miçangas de pérolas. As peças custam de R$ 10,00 a R$50,00, mas Indiara, com muita simpatia, sempre está aberta a negociação. "Gosta dessa parte de conversar e conhecer pessoas", explica. 

Plantinhas em rolhas.
Plantinhas em rolhas.
Grafite sai dos muros para colorir telas.
Grafite sai dos muros para colorir telas.
"Maninhos" feitos em latas de tinta.
"Maninhos" feitos em latas de tinta.
Arte em fibras.
Arte em fibras.

Para quem curte uma decoração que valorize a cultura hip hop, o "Viva Rua" tem um pouco dos grafiteiros daqui. São desenhos feitos em telas, portas de armários, garrafas e vinis. O trabalho é de Rafael Marreco, João, Pedro Ópio e Diego Verme, que imprimem arte geralmente nos muros.

Os "Maninhos" são ideias bem legais. São “bonequinhos” feitos em latas de tinta vazias que vira suvenires, por R$ 30,00. “Eles tem os detalhes desenhados, o capuz e as roupinhas todas no estilo”, comenta a produtora Lidiane Lima, integrante do Viva Rua.

Em um estilo completamente diferente, a artesã Marly Sanshik, de 60 anos, produz com fibras. Ela faz cestos tradicionais, mas também espelhos e flores usando palha de bananeira e de milho.

“Quando eu fui morar em chácara, vi quanta diversidade nós tínhamos em fibras regionais e sementes. Comecei a trabalhar com eles”, relata. Com alegria Marly é apaixonada pelo que faz já há 10 anos. As peças custam de R$ 1,50 a R$ 120,00.

A Bocaiúva Moda Criativa e Design de MS termina neste sábado na antiga Estação Ferroviária de Campo Grande, ao lado da Feira Central. O portão é aberto às 16h.

Vagão de Gabi Dias.
Vagão de Gabi Dias.
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