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Consumo

No Jardim Alegre, senhora de bem com a vida monta bazar no portão de casa

Aline Araujo e Elverson Cardozo | 02/07/2014 07:00
Roupas ficam penduradas no portão e chamam a atenção de quem passa pelo local. (Foto: Marcelo Victor)
Roupas ficam penduradas no portão e chamam a atenção de quem passa pelo local. (Foto: Marcelo Victor)

Na boca, nenhum dente, mas o sorriso é do tamanho do mundo. Bertilhe dos Santos da Silva, “Vó Bete”, como é conhecida no Jardim Alegre, em Campo Grande, combina com o nome do lugar onde mora há 14 anos. “A gente fica velho e não pode ficar reparando o espelho. Tem que se sentir bem”, ensina.

Aos 73 anos, a senhora, que garante ter 9 filhos, 25 netos e 34 bisnetos, é pura alegria e ainda tem forças para trabalhar. Mantém, na frente da própria casa, um bazar improvisado. Já são 10 anos colocando as roupas para fora, de segunda a sexta-feira, das 6h às 18h.

A cena, na rua Dona Eleta, chama a atenção por conta das peças penduradas na árvore e até nas grades do portão da casa grande, mas de aparência simples. São calças jeans, casacos pesados, blusinhas, camisetas, entre outras coisas que estão à venda pelo preço máximo de R$ 10,00.

Boa parte ela compra por até R$ 5,00 de gente que quer descartar o que não usa mais, mas também ganha muita coisa. Por outro lado, comenta, tem alguns que não vendem e nem doam. Preferem jogar na lixeira. Ela, ao contrário, parece ser um exemplo de solidariedade. “Quando a pessoa é muito simples eu até vendo mais barato. Às vezes passa um mendigo e dou uma camisa, uma calça”, conta.

Peças são vendidas por no máximo R$ 10,00. (Foto: Marcelo Victor)
Peças são vendidas por no máximo R$ 10,00. (Foto: Marcelo Victor)

Quando vende, o dinheiro é para comprar café, pão, leite ou frutas para comer com o esposo, um senhor de 78 anos que já não tem a mesma saúde de antes. Ele é aposentando, recebe pouco mais de um salário mínimo e ela, como nunca trabalhou, descobriu no bazar uma fonte de renda e uma ocupação.

“É uma distração muito boa pra cabeça. A gente começa a ficar velho e a reparar na nossa feiura. É bom ter o que fazer”, brinca. O bom humor de Vó Bete é contagiante. Ela faz piada até com a falta de dentes. Diz que tem dentadura, mas não consegue usar. A cada final de frase, uma risada, com palavras pronunciadas rápidas, mas sem nenhuma dificuldade.

A felicidade estampada no rosto reflete a maneira como ela leva a vida, sem peso. Quem a conhece, se encanta. “Ela é linda. Está sempre muito alegre e com a casa cheia”, elogia a vendedora ambulante Lidiane Santos, de 32 anos, que sempre vai levar verduras para a cliente, uma amiga.

O bazar de Vó Bete fica na Rua Dona Eleta, 66, no Jardim Alegre, próximo à Avenida Três Barras. Quem quiser colaborar pode entrar em contato com ela pelo telefone (67) 9929-9625.

Vó Bete até tem dentadura, mas não consegue usar e vive fazendo piada da situação. (Foto: Marcelo Victor)
Vó Bete até tem dentadura, mas não consegue usar e vive fazendo piada da situação. (Foto: Marcelo Victor)
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