ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 33º

Consumo

Para além dos benefícios, kombucha forma rede de doações e escambo

Quem tem o kombucha defende o compartilhamento, não a venda da bebida

Thaís Pimenta | 06/05/2018 07:40
Laura Oshiro com o filho, que  também está começando a tomar kombucha. (Foto: Acervo Pessoal)
Laura Oshiro com o filho, que também está começando a tomar kombucha. (Foto: Acervo Pessoal)

A alimentação natural tem resgatado um milenar hábito de consumir alimentos probióticos, conhecidos por conterem “bactérias do bem”. Um deles, o kefir, já não é novidade para ninguém, diferente da kombucha, modinha do momento que também fomenta uma forma diferente de se relacionar, criando uma rede colaborativa probiótica. Para inserir essa bebida como hábito, quem tem o kombucha defende o compartilhamento, não a venda.

A bebida milenar é feita a partir de um chá ou infusão adoçado que, por meio de uma fermentação natural, oferece qualidades probióticas, enzimas que auxiliam na digestão, além de vitaminas do complexo B e K, provenientes do processo metabólico dos microrganismos. O resultado promete ser saboroso, refrescante e naturalmente frisante.

A kombucha é gaseificada naturalmente e, claro, é muito mais  saudável do que qualquer refrigerante. Natural, a bebida pode ser sim encontrada engarrafada em empórios naturais da cidade - por um preço bem salgadinho, inclusive - mas é democrática e pode ser feita em casa, o primeiro passo é conseguir uma "mudinha" do scoby, geralmente é doado ou trocado de maneira colaborativa.

Isso só é possível porque essas bactérias do bem, usadas para a reprodução dos probióticos, se reproduzem até que "nasçam" filhotes do microrganismo principal. Quem consome, ao invés de jogar essa sobra, repassa para alguém. 

Gabriel e seu kombucha. (foto: Arquivo CG News)
Gabriel e seu kombucha. (foto: Arquivo CG News)

Laura Oshiro ganhou a muda de kombucha, da vizinha, Rita, que parou de mexer com a sua bebida há alguns meses. "Não acho elegante vender o scoby, tem que ser doado mesmo, é muito pessoal, temos muito contato com ele na nossa produção em casa", justifica.

Faz trinta dias que está no processo de produção e pra Laura, tem sido uma verdadeira terapia. "Comecei a tomar pois estava com a imunidade baixa e a Rita já tinha me dito para ler sobre o assunto. Quando comecei a tomar vi que aumenta a minha disposição", comenta ela. 

Ela conta que primeira produção demorou 21 dias e a segunda com 8 dias já estava perfeita. "Foi nessa fermentação que tirei o scoby para a primeira doação", explica.

Como tem feito muito bem a ela, Laura pretende usar seus novos scobys para aumentar sua produção. "Toda a minha família está tomando, inclusive meu filho, que não gostou dos sabores que eu escolhi para saborizar. Devo tentar novas combinaçãoes para além do maracujá e da uva".

Ana Ostapenko com sua produção, que já rendeu três mudinhas de scoby, todas doadas. (foto: Acervo Pessoal)
Ana Ostapenko com sua produção, que já rendeu três mudinhas de scoby, todas doadas. (foto: Acervo Pessoal)

De acordo com o nutricionista Gabriel Borges, um dos primeiros a lecionar curso de reprodução do composto em Campo Grande, criar a sua própria mudinha realmente é capaz de mudar o estilo de vida da pessoa, isso porque obriga que se cuide de todo o processo pela qual a kombucha passa. "Ela vai ter um fim terapêutico, tanto endógeno, pelos benefícios que traz ao corpo, quanto exógenos, o fato de ter que ficar cuidando, olhando", explica ele.

Só Gabriel já foi responsável por distribuir, por conta dos cursos, mais de cem mudas de kombucha. "Como participo de grupos nos quais reuni os meus alunos, noto que existe uma relação muito grande entre os produtores ali, no mundo digital, uma troca de informações em relação aos cuidados. A maioria das pessoas doa, mas tem quem troque por chás também".

A jornalista Ana Ostapenko começou a produzir sua própria bebida depois da doação de um cliente e amigo seu. "Eu já tinha um pouco de noção de como funcionava o processo de produção em casa. Na primeira muda do scoby, decidi que não seria justo vender, e repeti o ato de doação a uma amiga minha, a Maira Pinho, que se interessou quando leu uma postagem que eu fiz no meu Facebook anunciando".

Desde então, ela já conseguiu retirar outros três filhotes da bactéria que dá origem a bebida.Para tomar ela não precisa de nenhum ritual. "Eu já tomei em jejum mas agora estou tomando a noite, eu chego do trabalho e aí eu tomo. Então de manhã eu já estou bem pra ir ao banheiro, está sendo bem gostoso". Vale lembrar que entrar nessa não é tão simples assim, visto que a primeira kombucha realmente tomável a partir de uma mudinha ganha só é possível de ser consumida com cerca 36 dias de cultivo.

Curta o Lado B no facebook  e no Instagram.

Nos siga no Google Notícias