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Consumo

Reclamação no Facebook sobre vendedor de bala mobiliza legião de defensores

Quem conhece Wesley faz questão de afirmar que o vendedor nunca incomodou ninguém, tem até quem diga que vai passar a frequentar o supermercado só para comprar as balas baianas.

Kimberly Teodoro | 15/02/2019 08:19
Depois de reclamação em grupo do facebook, uma verdadeira legião de defensores se manifestou a favor do vendedor (Foto: Paulo Francis)
Depois de reclamação em grupo do facebook, uma verdadeira legião de defensores se manifestou a favor do vendedor (Foto: Paulo Francis)

Não é difícil encontrar Wesley Pereira, de 26 anos, no estacionamento do supermercado movimentado na Avenida Eduardo Elias Zahran. Tímido, o vendedor de balas baianas pede para não sair de frente na foto, “É porque eu fico aqui no meu cantinho trabalhando e meu medo é me tirarem daqui”, explica.

O medo é justificável, recentemente em um grupo no Facebook em que consumidores trocam dicas e fazer reclamações sobre o comércio em Campo Grande, Wesley virou alvo de crítica, em que um dos clientes do supermercado inclui a seguinte queixa: “(...) Tem um rapaz que fica na entrada vendendo insistentemente bala baiana. Não é qualquer pessoa que pode comer doce...E se vc fala que não quer, ai ele fala que é pra ajudar...Daqui a pouco vai ter gente dentro do mercado vendendo jogo do bicho” (sic).

A mensagem, aparentemente sem lógica, não renderia muita coisa, mas serviu para movimentar clientes fiéis e trazer à tona a história de Wesley. 

Depois da postagem, uma verdadeira legião de clientes do local, que conhecem Wesley, se juntou em defesa do vendedor. “Olha eu não gosto de bala baiana. Mas o moço da bala baiana está trabalhando honestamente e ele é super educado. Quem gosta eu garanto que não tem do que reclamar do produto do rapaz! Super indico!” (sic), comentou uma das participantes do grupo. Depois da repercussão, choveram incentivos ao vendedor, “Moro longe, mas vou lá só para comprar a bala agora” (sic), afirma outra participante.

No facebook, são mais de 300 comentários em defesa do vendedor na página "Aonde não ir em Campo Grande". (Foto: Reprodução / Facebook / Aonde não ir em Campo Grande)
No facebook, são mais de 300 comentários em defesa do vendedor na página "Aonde não ir em Campo Grande". (Foto: Reprodução / Facebook / Aonde não ir em Campo Grande)

Não para por aí, durante a entrevista com Wesley, quem passava pela equipe do Lado B parava e fazia questão de demonstrar o quanto o vendedor é querido pelos clientes. “Eu vi a postagem do cara reclamando, nada a ver, tem 1 ano e pouco já que eu estou aqui e ele nunca desrespeitou ninguém, sempre está aí vendendo a bala dele, nunca foi grosso com ninguém”, conta a colaboradora do supermercado, Kelly Cristina, de 36 anos.

Outra cliente, Danielle Ibrahim, que mora perto do local afirma ter ido até lá só para comprar as balas e defender o amigo. “Ele não incomoda ninguém, é muito educado e está aqui trabalhando honestamente para ganhar o dinheiro dele. Ele fica sempre aqui, escondido e fala ‘bala baiana’, mas não aborda ninguém sendo insistente. É melhor você ter uma pessoa vendendo do que alguém pedindo dinheiro ou roubando, não atrapalha a vida de ninguém, não quer comprar não compra”, diz.

Todos os dias, Wesley sai de onde mora, perto do terminal Nova Bahia, e atravessa a cidade para vender as balas, dentro da vasilha de plástico, leva entre 50 e 60 unidades do doce e só volta para casa quando não sobra nada. 

Wesley leva entre 50 e 60 balas baianas e só volta para casa depois de vender tudo (Foto: Paulo Francis)
Wesley leva entre 50 e 60 balas baianas e só volta para casa depois de vender tudo (Foto: Paulo Francis)

Wesley nasceu aqui em Campo Grande mesmo, mas não vê a família desde os 19 anos, quando a mãe se mudou para Santa Catarina e ele decidiu tentar a sorte sozinho por aqui mesmo. Trabalhando desde muito cedo, ele conta ter parado de estudar no 1º ano do ensino médio, por problemas de saúde que não permitiram que ele conciliasse trabalho e estudo. “Tive problemas no coração, os médicos chegaram a falar em colocar um marca-passo, por causa do ritmo que acelerava do nada”, explica se referindo a uma arritmia cardíaca e diagnóstico de sopro, que não precisou de uma operação e tinha relação com o tipo de trabalho pesado que ele fazia na época.

Quem faz as balas é Sandra, a “tia” do coração de Wesley, que ele conheceu ali mesmo quando ainda era auxiliar de cozinha, “Ela está com alguns problemas de saúde e é cadeirante, como nesse momento ela não consegue mais vir vender, eu resolvi começar a ajudar ela”, conta. A parceria existe há quase 2 anos e tem dado tão certo que hoje os dois inclusive moram juntos e dividem as contas, “Para mim ela é uma tia, uma mãe, a família que eu encontrei depois de grande e nós cuidamos um do outro”, afirma.

O valor de cada bala baiana, Wesley não revela de jeito nenhum, “Isso eu queria que fosse surpresa, é tão baratinha que ninguém vai se assustar”, promete. Antes do fim da entrevista, faz questão de fazer propaganda e diz que Sandra aceita encomenda de balas para festa e é possível entrar em contato pelo telefone 9 9334-3781.

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