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Conversa de Arquiteto

Traços da nossa arquitetura, desde o “Gabinete Téchnico de Desenho" na Calógeras

Ângelo Arruda | 29/11/2016 06:25
Planta residencial.
Planta residencial.

A arte e a técnica de desenhar edifícios, materializar em uma folha de papel através de traços um projeto, faz parte do oficio dos desenhistas e projetistas.

Esta arte teve seus precursores em Campo Grande a partir de 1914, quando a cidade se integrou ao sistema ferroviário brasileiro e chegaram os migrantes atrás de novas oportunidades de emprego e de trabalho.

Pouco de sabe sobre eles, pois seus nomes não aparecem nas plantas aprovadas pela Intendência Municipal, exceto dois profissionais, compreendendo o período de 1915 a 1935: Plotino de Aragão Soares e Ernesto R. Moraes.

Casa com espaço também para o comércio.
Casa com espaço também para o comércio.
Residencia de família na Campo Grande de Plotino Soarez.
Residencia de família na Campo Grande de Plotino Soarez.

Plotino Soares era professor particular e desenhista proprietário de um escritório denominado “Gabinete Téchnico de Desenho”, localizado na Rua Calógeras e sua assinatura aparece em diversos projetos aprovados entre os anos 1915 e 1924, geralmente residências construídas pelos construtores Emílio de Rose, Interlando Carmello, Thomé & Irmãos e Camillo Boni.

A habilidade de desenhista e também de conhecimentos mínimos de projeto lhe permitiu projetar a planta do Passeio Público - atual Praça Ary Coelho de Oliveira -, em 1914, contendo um traçado clássico de passeios internos e o calçamento externo.

O Pavilhão do Chá, erguido em 1925 no meio da Praça, pelo construtor José Ferreira da Silva, foi também projetado por Plotino Soares.

Atribui-se a ele o projeto da Biblioteca Municipal, que era localizada na Av.Afonso Pena, que depois foi reformada e passou para a sede do Rádio Clube, além da primeira escola de Campo Grande, na Rua 26 de Agosto, a José Rodrigues Benfica, em 1915.

Projeto no Bairro Amambay.
Projeto no Bairro Amambay.

O material usado nos anos 10, do século XX, era geralmente o papel linho – uma espécie de tecido com superfície lisa -, ou o milimetrado. O papel vegetal, conhecido por todos nos dias de hoje, apareceu em projetos a partir dos anos 20.

Em 1935, registramos a presença do desenhista-projetista Armando Escudero, responsável pelo projeto urbanístico da Vila Planalto, aprovada em 1938 pela Prefeitura Municipal de Campo Grande.

Até os anos 40, as informações disponíveis dão conta da existência de desenhistas que trabalhavam nas repartições militares em Campo Grande, responsáveis pelos desenhos de plantas urbanas e das construções e levantamentos das obras em Mato Grosso.

Traços da nossa arquitetura, desde o “Gabinete Téchnico de Desenho" na Calógeras

Durante anos, nas pesquisas que realizei para escrever meus livros sobre arquitetura histórica de Campo Grande, entrevistei muitas pessoas e delas, obtive doações de plantas e desenhos originais que eu nunca tinha compartilhado com ninguém.

Nesse artigo eu resolvi colocar prá fora, para todos verem como eram os desenhos antigos, como eles eram bonitos, diferentes do que se tem hoje, com o uso da informática, mais luz, brilho e realismo.

Saboreiem esse presente de Natal. Semana que vem tem mais desenhos para vocês.

Plotino Soares.
Plotino Soares.
Documento referente à Vila Planalto.
Documento referente à Vila Planalto.
Projeto do Colégio Dom Bosco.
Projeto do Colégio Dom Bosco.
Traços da nossa arquitetura, desde o “Gabinete Téchnico de Desenho" na Calógeras
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