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Diversão

Espetáculo Huma traz performance premiada da Amazônia a Campo Grande

As sessões acontecem neste sábado (17) e domingo (18), às 16h, na Estação Cultural Teatro do Mundo

Por Thailla Torres | 14/05/2025 09:15
Espetáculo Huma traz performance premiada da Amazônia a Campo Grande
A atriz Ly Skant entrega uma performance crua, intensa, moldada com precisão pela preparadora de elenco Koia Refkalefsky. (Foto: Robert Coelho)

Uma mulher caminha entre os escombros de uma cidade doente. Carrega no corpo as marcas da ditadura, da fome, da intolerância, de uma política que mata em silêncio. Chama-se Huma. Mas poderia se chamar Maria, Rosa ou qualquer outro nome que carregue, junto, o peso de existir num país que insiste em deixar seus filhos sangrarem em silêncio. Neste fim de semana, Campo Grande é atravessada por essa presença: “Huma/”, espetáculo premiado da Cia. Ateliê 23, de Manaus (AM), que se apresenta pela primeira vez na capital.

As sessões acontecem neste sábado (17) e domingo (18), às 16h, na Estação Cultural Teatro do Mundo (Rua Barão de Melgaço, 177, Centro). A entrada é gratuita.

“Huma” é ferida aberta. “A personagem se chama Huma, mas há um jogo com a ideia de humanidade: o que é ser humano num mundo em colapso?”, explica o diretor Francisco Rider, que também assina a dramaturgia. No palco, que pode ser praça, casarão antigo ou uma estação cultural, como em Campo Grande, o que se vê é um corpo dissidente resistindo em meio à peste: biológica, simbólica e institucional.

A atriz Ly Skant entrega uma performance crua, intensa, moldada com precisão pela preparadora de elenco Koia Refkalefsky. É sozinha em cena, mas acompanhada por todos os fantasmas que o Brasil varre para debaixo do tapete. Do alto da violência política à solidão da pandemia, Huma se arrisca a sair. Vai às ruas. Enfrenta os vírus, os da carne e os da alma.

“Huma/” foi destaque no XVIII Festival de Teatro da Amazônia, onde conquistou o prêmio de Melhor Direção e recebeu indicações a Melhor Atriz, Dramaturgia e Cenário. E agora rompe fronteiras: é o terceiro espetáculo do projeto “Escambo: Rede Parente”, que promove trocas entre artistas do Norte, Centro-Oeste e Sudeste com curadoria dos atores Edgar Castro e Donizeti Mazonas.

O projeto chega à terceira semana em Campo Grande, reafirmando que o teatro potente e político não tem CEP fixo. “Vir do Norte até o Centro-Oeste já é, por si, um gesto contra-hegemônico. Mostrar que existe dramaturgia forte fora do eixo é parte da luta”, diz Rider.

Além do espetáculo, o público pode participar da mesa pública “Corpocidade: dinâmicas em via pública”, que ocorre no sábado (17), às 17h, logo após a apresentação. No domingo (18), das 9h às 12h, será oferecida a oficina “Corpo-cidade-performance”, no Espaço Fulano Di Tal (Rua Rui Barbosa, 3099, Centro) — tudo gratuito, com inscrição via Instagram @projetoescamboredeparente.

Em “Huma/”, o palco é cidade, a fala é denúncia e o corpo é trincheira. Não se trata de buscar respostas fáceis, mas de escancarar perguntas incômodas. É teatro que atravessa, em vez de entreter. Que fere, antes de curar. E, para isso, basta comparecer — de olhos e ouvidos abertos.

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