Faixa pantaneira volta à TV e leva as cores de MS à mesa da novela Vale Tudo
Na cena da novela Vale Tudo estavam faixas pantaneiras, tecidas à mão por mulheres do Mato Grosso do Sul
Era para ser só mais uma cena de jantar em uma novela das nove. Mas quem tem olhar treinado e história costurada por uma faixa colorida reconheceu: ali, entre Raquel, Ivan e Maria de Fátima, na cena da novela Vale Tudo, estavam faixas pantaneiras, tecidas à mão por mulheres do Mato Grosso do Sul.
Claudia Medeiros, idealizadora do projeto Sapicuá Pantaneiro – Ponto de Cultura, foi uma das que se emocionaram com o detalhe. “A gente identificou nosso produto. Foi uma surpresa. Eles estão reaproveitando o cenário que já usaram em Pantanal”, conta. E mais do que um cenário, é o artesanato de Claudia e de dezenas de mulheres que hoje trabalham tecendo essas faixas com a mesma paciência com que se tece uma memória coletiva.
Não é a primeira vez que o artesanato de Claudia invade os estúdios da Globo. Na novela Pantanal, exibida em 2022, as faixas criadas por ela e pelas alunas do projeto já apareceram nos figurinos de peões, nos chapéus, e até nos jogos americanos usados por Filó nas cenas de cozinha. Tudo feito por mãos sul-mato-grossenses, muitas delas do Rio Negro, em Aquidauana.
“Colaborei com a produção da novela com estudos sobre a cultura pantaneira. As faixas que iam nas cinturas, nos chapéus, e até o jogo americano da mesa da Filó foram feitos pelas minhas alunas”, relembra.
Agora, a faixa volta a aparecer, sem aviso prévio, na novela Vale Tudo, em horário nobre. A cena em questão, um jantar entre os personagens principais, traz o objeto cultural como parte do cenário.
A faixa pantaneira, também conhecida como faixa paraguaia, carrega em si mais do que tramas de algodão e cor. É herança de um tempo que veio com a Guerra do Paraguai e permaneceu como prática no corpo do peão pantaneiro: protege da picada de insetos, sustenta a coluna nas longas cavalgadas e, não por acaso, virou símbolo estético e cultural de um povo que resiste entre o barro e o céu aberto.
“Para mim, é uma alegria imensurável, porque é o reconhecimento do nosso trabalho e a certeza de que essa visibilidade vai dar força e energia para que os produtos circulem e o retorno financeiro mantenha o projeto ativo. É com ele que mantenho as artesãs”, diz Claudia.
Hoje, o Sapicuá Pantaneiro mantém artesãs produzindo em Coxim, Campo Grande, Aquidauana, dentro do Pantanal e em Rio Verde. É uma rede de saberes femininos que atravessa o Estado como o Rio Paraguai atravessa Corumbá: discreta, mas cheia de força. Saiba mais aqui.
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