Família encara a Rota Bioceânica e chega ao Pacífico de carro
Com planejamento e coragem, família realiza sonho e atravessa três países de carro
RESUMO
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Família realiza sonho de atravessar a Rota Bioceânica até o Pacífico. Mariana Castelar, seu marido Marcus Vinícius e a filha Helena, de 15 anos, viajaram durante dez dias, partindo de Campo Grande até o Oceano Pacífico. A rota incluiu Porto Murtinho, San Ignacio, Tartagal, Salta, San Salvador de Jujuy e Purmamarca, na Argentina, antes de chegarem ao Chile, atravessando o deserto do Atacama até San Pedro. A viagem, planejada para custar R$ 7,5 mil, teve custo final de R$ 12 mil, sendo R$ 4 mil gastos com combustível. Apesar dos desafios, como a altitude e o frio, a família considerou a experiência gratificante, destacando a observação astronômica no Atacama e a emoção de Helena ao se deparar com as paisagens. Mariana ressalta a importância do planejamento e incentiva a realização de sonhos, mostrando que é possível viajar sem ser rico, com vontade, planejamento e coragem.
Aos 15 anos, Mariana Castelar sonhava com um mochilão. Não sabia ainda se ia ser na Bolívia, na Patagônia ou em qualquer ponto onde desse para ver o pôr do sol de uma montanha. O plano era simples: uma mochila, um mapa e talvez um caderno com anotações. O tempo passou, a filha veio, os boletos também, e o sonho ficou ali, guardado numa gaveta com algumas passagens vencidas.
Quase três décadas depois, ela decidiu abrir aquela gaveta e fez isso com o pé no acelerador.
Aos 40 anos, a jornalista resolveu pegar a estrada com o marido, o professor de geografia Marcus Vinícius Costa, e a filha Helena, de 15 anos. Só os três, um carro, dez dias e um plano: atravessar a Rota Bioceânica, saindo de Campo Grande até chegar ao Oceano Pacífico.
“Foi partindo do Marcus que a gente aprofundou esse roteiro”, conta Mariana. A paixão do marido pelos relevos e mapas fez nascer a ideia de colocar as rodas na estrada e transformar o sonho em experiência. “A gente sempre teve essa curiosidade. Sair do Atlântico e chegar no Pacífico...”
Três países, uma estrada
O trio começou por Porto Murtinho, seguiu até San Ignacio, depois Tartagal, Salta, San Salvador de Jujuy, Purmamarca, onde a montanha de sete cores os fez pensar em comprar um lote e nunca mais voltar, até cruzar a temida aduana rumo ao Chile.
Ali, tudo mudou. A estrada virou curva, a altitude virou obstáculo, e a paisagem virou outro planeta.
“Você sai de 2.500 metros e chega a 4 mil. Tinha acabado de nevar, o frio era absurdo, a gente teve que baixar o pneu, lidar com a altitude, com o cansaço, com o medo. Mas foi lindo. Foi desafiador demais, mas lindo.”
Foi em meio ao deserto do Atacama, em San Pedro, que Mariana entendeu que estava vivendo algo fora do comum. “A gente viu estrela cadente. O pôr do sol entre crateras e vulcões. Fizemos observação astronômica. Foi mágico.”
Planejamento foi a chave. A família fez tudo com roteiro definido e uma planilha honesta. A ideia era gastar R$ 7,5 mil, mas se programaram para R$ 10 mil. No fim, foram R$ 12 mil, sendo R$ 4 mil só de gasolina.
“Se você pensar que foram dez dias, pra três pessoas, saiu 4 mil por pessoa com tudo. Água, comida, hospedagem, passeio, tudo. Os hotéis na Argentina são caros, mas o restante a gente foi equilibrando.”
Sem luxo. Mas com vista para vulcão da janela. E sem medo. “Não nos sentimos inseguros em nenhum momento. Claro que dá aquele frio na barriga, mas foi tudo muito tranquilo.”
Mas o ponto alto da viagem talvez não tenha sido geográfico.
Foi ver Helena, a filha de 15 anos, se encantar com o mundo. “Ela achou que a salina era neve. Colocou o dedo pra ver. Riu. Se emocionou com as lhamas atravessando nosso caminho. Viu a mãe chorar ao ver o Pacífico pela primeira vez.”
“Quando eu era adolescente, meu sonho era ser mochileira. E agora eu consegui fazer isso com minha filha do lado. É outro olhar. Essa geração vê o mundo de outro jeito. E ela viu tudo isso acontecer.”
Um recado da Mariana de 40 para a Mariana de 15
“Eu diria pra aquela adolescente que achava que não ia dar porque não tinha dinheiro: espera. Tudo tem sua hora. Realizar isso aos 40 anos é saber que eu tô no caminho certo. E que bom que aquela Mariana ainda existe dentro de mim.”
E para quem ainda está esperando coragem para colocar o pé na estrada, ela avisa:
“É possível. Não precisa ser rico. Precisa querer, planejar e ir. A gente atravessou três países, viveu coisas lindas, e provou que o mundo cabe dentro de um carro com tanque cheio e alma aberta.”
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