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Aos 16 anos, com 140 quilos ela pensou em desistir da vida, até emagrecer 43kg

Liziane Berrocal | 28/03/2016 06:56
Hoje, Gabriela tem outro sorriso.
Hoje, Gabriela tem outro sorriso.

Gabi é linda. jovem, cheia de vida e sorrisos. Aos 17 anos, Gabriela Otnemicsan tem uma diferença em relação a maioria das meninas com quem ela convive. Aos 16 anos, Gabi chegou a pesar 140 quilos e chegou a pensar em, como ela mesmo traduz, desistir da vida. Os mil regimes e dietas feitos antes não resolveram e a saída foi uma cirurgia bariátrica. Tudo bem detalhado, pensado e bem acompanhado pela equipe médica. Quem conheceu a adolescente de piercing no nariz de antes e depois, reconhece o olhar brilhante e cheio de vida. Quem vê uma foto do antes e depois, também consegue imaginar, o quanto ela sofreu para tomar essa decisão.

“Eu cheguei aos 140 quilos, agora estou com 97 quilos. Eu tive uma infância bem difícil sofri muito bullying, minha mãe sempre foi na escola por conta disso, tinha dia que eu chegava e chorava muito em casa. Sempre vivi em médicos, tanto particular ou em posto de saúde e sempre fui do efeito sanfona”, lembra Gabi, que começou a sentir-se diferente quando o interesse nos meninos despertou.

“Aí fui ficando mocinha, gostando dos menininhos e ninguém nunca se interessou por mim... Sempre fui a amiga gordinha sabe, aquela que as pessoas gostam, mas os meninos esnobam? Nossa sofria muito mesmo, eu cheguei a pensar em desistir da vida, quando meus pais resolveram pagar um plano de saúde para que eu pudesse fazer a cirurgia. Meus pais, eles foram essenciais para mim, me apoiaram com tudo, tudo mesmo, se não fossem eles, acho que já teria desistido da vida, porque eu já me cortei, pensei em me matar e tudo mais. Me culpava muito, porque eu sempre fui daquelas que começa a emagrecer e não via aquele resultado que esperava e desistia. Quando fiz a bariátrica, eu comecei a me amar sim", conta.

Após emagrecer 43 quilos, a menina, agora com os cabelos loiros e roupa sexy na foto do perfil, se redescobriu. “Eu me arrumo, comecei a me amar! Não como eu gostaria ainda porque agora com quase 18 anos caiu tudo, mais mesmo assim eu não desisti sabe. Eu vestia o jeans número 60 hoje uso número 50 e tem calça 48 que serve. E tudo mudou. Agora eu quero sair com meus amigos, quero me divertir, conhecer gente nova. Hoje eu sei como é se sentir amada e desejada, hoje eu me considero uma mulher de verdade hoje eu descobri como me amar de verdade. E até coisas simples, como comprar em lojas de departamento me fazem bem. Antes, quando eu ia nas lojas comprar roupa, tinha atendente que nem queria atender e já falava que não tinha roupa que me coubesse e hoje eu encontro roupa que me serve, gente nunca achei roupa que me servisse nessas lojas”, comemora.

A relação com os meninos também mudou muito. “Aí comecei a emagrecer, os olhos daqueles que tanto me esnobaram hoje vem atrás sabe. Nossa, aqueles que me esnobaram hoje me procuram, me chamam pra sair, falam que eu mudei bastante e hoje eu que digo não. Quando eu saio com minhas amigas meninos vem falar comigo coisa que nunca tinha acontecido. Agora eu sei como é você sair e a atenção ser pra mim, mudou radicalmente”.

Agora selfies são constantes.
Agora selfies são constantes.
Gabi no início do processo de emagrecimento.
Gabi no início do processo de emagrecimento.

Apesar das críticas que a cirurgia recebe, em especial por ela ainda ser uma adolescente, Gabriela é madura na resposta e na decisão que tomou. “A bariátrica mudou a minha vida e eu não me arrependo de nada. De nenhuma escolha, nenhum momento de dificuldade que eu tive, porque agora eu não me sinto mais diferente, agora eu me sinto igual a elas sabe, antes eu me sentia muito diferente me sentia feia, não gostava nem de sair com elas, por conta de roupa, de beleza e sobre o meu corpo também, hoje? Nossa hoje eu uso cropped, me arrumo, me maquio. Hoje me sinto igual a elas entende? Claro que ainda tenho vergonha de usar um short ou saia e acho que não estou preparada pra isso no momento por conta das minhas pernas e tudo mais”.

Na memória, a cura de um dos traumas que marcou a adolescência com obesidade. "O que me marcou foi o fato de que eu não passava na catraca do ônibus, não sentava em cadeiras de braço, uma vez fui à feira central e eu não consegui sentar na cadeira parecia até que ia quebrar e todos olharam. Então, eu só consegui depois de seis meses de operada, ir até a feira e sentar e me senti muito bem. Mas, uma vez, na escola também quando eu estava com 13 anos um guri me zoou tanto na escola que eu nem ia mais, foi quando reprovei por falta e por nota porque perdi muita matéria. Depois que eu emagreci, ele pediu pra ficar comigo e eu disse um não bem dado na cara dele e ainda lembrei ele do que ele me fez, espero que tenha servido de lição”, conta.

As lágrimas tomam conta de Gabi, quando ela fala sobre o que sofreu e o desabafo se transforma num conselho para quem passa pelo mesmo problema. “Eu acredito que as pessoas nunca podem desistir dos sonhos. As meninas que passam por isso, eu peço que lutem pelo que mais querem na vida, que corram atrás do objetivo de emagrecer, que se amem mais, por que isso vai ajudar bastante no processo de emagrecimento”, afirma com as lágrimas de quem sabe o que é a luta diária numa sociedade que ainda impõem o corpo “padrão” como regra.

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