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Para suprir demanda, centro de atendimento para autistas será inaugurado

Espaço será inaugurado na próxima segunda-feira, na Rua Junquilhos, no bairro Cidade Jardim

Por Mylena Fraiha | 19/10/2023 14:25
Sala de atendimento no centro localizado na Rua Junquilhos, bairro Cidade Jardim (Foto: Divulgação)
Sala de atendimento no centro localizado na Rua Junquilhos, bairro Cidade Jardim (Foto: Divulgação)

Na próxima segunda-feira (23), a Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul) vai inaugurar um centro médico dedicado ao acolhimento e tratamento de crianças e adolescentes com TEA (Transtorno do Espectro Autista). A iniciativa é uma resposta às crescentes demandas por atendimento especializado no Estado.

Uma das famílias que serão atendidas é a da publicitária Lauanne Araujo, de 33 anos, e do seu filho Gael, de 4 anos, que foi diagnosticado com autismo aos 3 anos de idade. Segundo ela, os sinais foram percebidos quando seu filho tinha um ano e três meses.

"Entramos com investigação, quando ele tinha 1 ano e um mês. Ele tinha problemas de sono e alimentação. Ele não dormia mais do que 35 minutos”, explica Lauanne.

Após meses de preocupação, um encaminhamento para um neurologista finalmente trouxe à tona a suspeita. "Depois disso, ele fez uma série de avaliações com especialistas que ajudaram a compor o diagnóstico. No caso dele, o diagnóstico foi fechado quando ele tinha 3 anos", acrescenta a publicitária.

Lauanne e Gael são uma das famílias que serão beneficiadas com a criação do "Espaço Somos Cassems - TEA" (Foto: Arquivo pessoal)
Lauanne e Gael são uma das famílias que serão beneficiadas com a criação do "Espaço Somos Cassems - TEA" (Foto: Arquivo pessoal)

O diagnóstico do autismo, como Lauanne enfatiza, é uma jornada que requer uma equipe multidisciplinar para avaliar e compreender as necessidades específicas de cada criança. Ela destaca a importância de ter um centro médico, com uma equipe de médicos e uma estrutura especialmente projetada para crianças no espectro autista.

A terapia precoce é importante, porque ajuda a criança evoluir muito. Hoje o meu filho está muito desenvolvido”, ressalta Lauanne.

Crescimento - De acordo com dados da SED (Secretaria Estadual de Educação), no estado de Mato Grosso do Sul, 4 mil alunos foram diagnosticados com autismo. Já em Campo Grande, com dados da Semed (Secretaria Municipal de Educação), 2.095 alunos receberam o diagnóstico.

A presidente da associação PRO D TEA, Naina Dibo, esclarece que, embora os números da educação pública não abranjam todos os casos na capital e no estado de Mato Grosso do Sul, eles indicam claramente a crescente necessidade de serviços de atendimento especializado para crianças com autismo na região.

“A gente não sabe até que ponto está duplicado. Desde 2018 estamos lutando pra fazer um cadastro único. A cada um laudo, temos três sem, porque demora dois anos e oito meses até conseguir chegar a um neurologista. A cada três nascidos, um tem TEA”, explica Naina.

Naina também observou que a demanda por atendimento tem superado a capacidade das clínicas conveniadas, e muitas crianças ainda aguardam avaliação. “Fomos chamados para ver o projeto. Na verdade, está crescendo tanto o número de diagnóstico que não estava tendo profissional para atender. As clínicas conveniadas já estavam sem espaço nenhum”.

Em um cenário mais amplo, a prevalência do TEA também tem aumentado significativamente. Segundo estimativas da ADDM (Rede de Monitoramento de Deficiências de Autismo e Desenvolvimento) do órgão de saúde CDC (Centers for Disease Control and Prevention), uma em cada 36 crianças foi identificada com TEA em 2020.

Esse número representa um aumento em relação aos anos 2000, quando a prevalência era de uma em cada 150 crianças. Conforme o relatório do órgão de saúde, os padrões de crescimento têm sido vistos como consequência na melhora da identificação do transtorno.

A médica neuropediatra da Cassems, Andrea Rizzuto de Oliveira Weinmann, aponta que o aumento na conscientização sobre o autismo tem levado a diagnósticos mais precoces, o que, por consequência, colabora com o aumento no número de pacientes. “A nova forma de classificação abrange um maior número de pacientes, que antes ficavam apenas nos transtornos globais".

O centro - O Espaço Somos Cassems - TEA é uma unidade abrangente que proporcionará um ambiente acolhedor e seguro para crianças e adolescentes com autismo e suas famílias. A infraestrutura é composta por uma recepção acolhedora, sala de espera, áreas de triagem e mais de 15 consultórios, além de uma Cozinha de Ensino.

A equipe multidisciplinar inclui profissionais como Neuropediatras, Psiquiatras, Terapeutas Ocupacionais com Integração Sensorial, Psicólogas, Fonoaudiólogos e um Nutricionista especializado em Seletividade Alimentar.

Espaço de atendimento lúdico do "Espaço Somos Cassems - TEA" (Foto: Divulgação)
Espaço de atendimento lúdico do "Espaço Somos Cassems - TEA" (Foto: Divulgação)

Localizado na Rua Junquilhos, no bairro Cidade Jardim, em Campo Grande, o "Espaço Somos Cassems - TEA" teve a arquitetura planejada para garantir que não haja comprometimento da neurodiversidade.

A clínica também pretende proporcionar um ambiente inclusivo e adaptado às necessidades específicas das crianças e adolescentes com autismo, criando um ambiente que promove seu bem-estar e desenvolvimento. O centro de atendimento é voltado aos beneficiários da Cassems.

De acordo com a diretora de Assistência à Saúde da Cassems, Maria Auxiliadora Budib, a criação do Espaço Somos Cassems - TEA foi uma resposta direta às demandas dos pais e mães de crianças com autismo. “Nossa gestão é compartilhada, essas famílias ao levar seus filhos em consultas, terapias e tratamentos viam que existiam a necessidade de centralizar e adaptar esse atendimento, e nos apresentaram esse pedido”.

Diagnóstico - A médica neuropediatra Andrea Weinmann explica que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a socialização, a comunicação e o comportamento, variando em severidade entre os indivíduos.

Segundo Andrea, os sintomas, como atraso na fala e linguagem, comportamentos repetitivos e restritivos, distúrbios do sono e atrasos nos marcos motores, costumam se manifestar antes dos 3 anos de idade.

“O quanto antes iniciarmos as terapias específicas, mais chances temos de o indivíduo apresentar melhores respostas em seu neurodesenvolvimento”, completa.

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