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Sabor

Inspirado na Europa, Raí transformou quintal em vinhedo urbano

Primeira colheita foi motivo de felicidade para o empresário e rendeu 3 tipos de uvas doces e sem sementes

Por Natália Olliver | 04/11/2025 07:04
Inspirado na Europa, Raí transformou quintal em vinhedo urbano
Raí Zahran plantou três tipos de uva chamados de gourmet, doces e sem semente (Foto: Marcos Maluf)

Doce, sem semente e com nome que nem parece de fruta: Melodia. A uva que Raí Zahran Silveira, de 37 anos, comeu em um almoço qualquer de família virou uma ideia que, um ano depois, se transformaria em um vinhedo urbano cheio delas. A inspiração veio de viagens que fez pela Suíça e Itália, onde cachos de uva cercam as casas das cidades. O sonho era fazer o mesmo em Campo Grande.

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Empresário de Campo Grande cria vinhedo urbano inspirado em experiências na Europa. Raí Zahran Silveira, de 37 anos, cultiva três variedades de uva gourmet - Melodia, Vitória e Syrah - em uma área menor que um hectare no bairro Universitário. O projeto, iniciado em 2024, contou com expertise argentina na estruturação da estufa e supervisão de especialista em cultivo. Os primeiros resultados são promissores, com frutas sem sementes e alto teor de açúcar. O empresário planeja abrir o espaço para colheita própria dos visitantes e produção artesanal de vinho.

As primeiras mudas foram plantadas entre setembro e outubro de 2024 e agora ele colhe as espécies gourmet no quintal de casa, no bairro Universitário. Andamos pela plantação, carregada de três tipos de uva. Além da Melodia, Raí escolheu a Vitória e a Syrah. Ao todo, o plantio ocupa menos de um hectare da propriedade, que, no total, conta com quatro.

A primeira é adocicada, mas o sabor é puxado para frutas vermelhas como a framboesa ou o que chamam de “tutti-frutti”. Já as outras são igualmente doces, mas com toque característico das uvas já conhecidas quando colhidas na época certa. Todas não têm sementes e são o orgulho do empresário.

Inspirado na Europa, Raí transformou quintal em vinhedo urbano
Inspirado na Europa, Raí transformou quintal em vinhedo urbano
Primeira colheita demorou 1 ano para acontecer e veio melhor do que o esperado pelo empresário (Foto: Marcos Maluf)

A fruta sempre esteve presente nas reuniões familiares, mas o estopim para realmente investir no negócio veio depois de provar a Melodia. O que começou como hobby virou oportunidade de um negócio promissor.

“Temos o hábito de sempre comer uva no almoço. Aí nos deparamos com esse gosto por esse tipo de uva. A gente estava procurando uma uva diferenciada e aquele sabor era diferente.”

O projeto deu certo, mas, para fazer acontecer Raí teve que trazer técnicos diretos da Argentina para construir a estrutura da estufa e contratar um especialista no cultivo e na manutenção das plantas.

“A sensação de comer a primeira foi emocionante porque no começo a gente não sabia como seria e atingimos o objetivo, elas estão com o grau Brix alto, isso mede o açúcar na fruta e deu 21. Isso é bom. A gente voltou de viagem e viu os primeiros cachos, comemos a primeira em família no almoço, meu pai colheu, foi especial”, conta.

Raí explica que essas não são as primeiras uvas da casa. Há cinco anos, ele ganhou de um amigo um pé da espécie Niágara. Ele percebeu que, se podia fazê-lo crescer e dar frutos, também poderia cultivar outros.

“Fiquei enchendo o saco dele. A gente tentou fazer mudas dela sem conhecimento e vimos que poderia dar certo. No projeto do vinhedo queríamos uvas sem semente. A gente quer trazer produtos com qualidade e na pequena produção podemos fazer isso. A chácara é integrada na cidade, normalmente as produções são mais afastadas. Lá fora, as cidades cresceram em volta dos vinhedos, queria isso aqui”, diz Raí.

Para achar a uva que Raí se apaixonou foi preciso muita pesquisa. O primeiro desafio foi encontrar viveiros autorizados pela Embrapa que cultivam a fruta. Ela é normalmente plantada no Vale do São Francisco, no Nordeste, e na região Sul do país.

“Optamos no sistema Y da estufa, feito em metal e cobertura plástica, isso deixa entrar mais luz, melhora a ventilação e diminui a temperatura térmica também. Essa estrutura é mais forte para aguentar os ventos. Uvas gourmet exigem cuidados maiores.”

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Raí está no vinhedo urbano, e a 1ª parreira de uva que ganhou de um amigo há 5 anos (Foto: Marcos Maluf)

O objetivo, no futuro, é abrir o quintal para que as pessoas colham o próprio cacho de uva. Nos planos também está fazer vinho com elas, algo intimista, artesanal e de pouca produção.

Por ora, os inúmeros cachos serão doados a alguma instituição beneficente. Raí também quer vender alguns para testar a aceitação dos futuros clientes. Em média, cada cacho pesa entre 450 e 550 gramas. O preço ainda não foi definido pelo empresário e pelo pai, que acreditou no sonho do filho e ajudou a investir.

“É um projeto piloto, queríamos ver a qualidade das uvas antes de vender de fato, mas já vimos que é uma uva de muita qualidade, são bem doces e sem sementes. São boas para consumir in natura e fazer vinho. Vamos começar a vender ano que vem, na segunda colheita.”

Ele lembra quando os pequenos pés chegaram à propriedade, vindos de Petrolina, em Pernambuco. Embora não se recorde da quantidade, foi o suficiente para encher os dois complexos de estufas.

Inspirado na Europa, Raí transformou quintal em vinhedo urbano
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Mudas vieram do Nordeste e demoraram 1 ano para dar frutos (Foto: Arquivo pessoal)

“Há toda a parte de preparo do solo. As mudas vieram de fora, pelo correio, com a raiz nua. A princípio, não tínhamos referência de produtores; buscamos no Nordeste. Essa é uma uva de exportação. Há todo um processo para dar certo, que inclui a formação do pé, podas dos ramos e o manejo natural de limpeza.”

Ele conta que, no começo, foi difícil e que teve de aprender muitas coisas sobre o manejo das folhas e da planta. Ao todo, trabalham duas pessoas diretamente com a família e o professor, que é PhD. Ele mora em Jales, no interior de São Paulo, mas visita o vinhedo a cada dois meses.

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