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Lado Rural

Pesquisa da Agraer pode ampliar a produção da pitaia em MS

Por ser um cultivo pouco exigente em matéria de qualidade de solo, adapta-se bem nos Cerrados

José Roberto dos Santos | 20/01/2023 11:36
Objeto de estudos pela Agraer, variedade BRS Granada do Cerrado tem coloração vermelha e polpa roxa. (Foto: Arquivo/Embrapa)
Objeto de estudos pela Agraer, variedade BRS Granada do Cerrado tem coloração vermelha e polpa roxa. (Foto: Arquivo/Embrapa)

Cultivada há menos de 20 anos no Brasil, pouco se sabe sobre a cultura da pitaia em Mato Grosso do Sul, fruta que caiu no gosto dos agricultores familiares, o que tem chamado atenção de pesquisadores locais, tornando necessário um estudo aprofundado sobre como conduzir corretamente os manejos necessários à boa produtividade.

Foi pensando nisso que a engenheira agrônoma doutora em Produção Vegetal, Aline Mohamud Abrão Cezar, pesquisadora do Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer), em Campo Grande (MS), passou a desenvolver um estudo que vai mapear o comportamento vegetativo de cinco genótipos dessa planta, bem como seu desenvolvimento, produção, produtividade e qualidade.

“Basicamente, vou olhar como elas estão crescendo, como estão se desenvolvendo, quanto tempo demoram para atingir o poste, para crescer, quanto tempo vão demorar para florescer e formar frutos, aspectos muito importantes para o produtor”, explica a pesquisadora.

A variedade BRS Granada do Cerrado é um dos objetos do estudo. Desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), ela tem coloração vermelha e polpa roxa. Já a BRS Minipitaia do Cerrado (também da Embrapa) é pequena, tem espinhos, cor vermelha e polpa branca. Aline também estudará a pitaia branca comum, a Roxa do Pará e a baby, que é vermelho rubi com espinhos e polpa branca.

“Dessa forma, eu vou ter como falar para o produtor aqui de Mato Grosso do Sul, em especial das regiões com características semelhantes às de Campo Grande, como a pitaia vai se comportar nesse tipo de solo, nesse clima, quantos frutos pode dar e qual a produtividade. Será possível comparar esses cinco genótipos e recomendar o melhor para cada necessidade específica”, explica a pesquisadora.

Aline destaca que não estará sozinha nessa empreitada. Ela tem como parceiras as engenheiras agrônomas Adriana de Castro Correia (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e Regiani Aparecida Alexandre Ohland, da Iagro-MS (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal).

A produção de pitaia pela agricultura familiar em Mato Grosso do Sul é pequena e pontual. Dessa forma, não há dados a respeito da produção nas pequenas propriedades. Porém, muitos agricultores familiares, em contato com a Agraer demonstram interesse no plantio da fruta.

Diante disso, a pesquisadora Aline Mohamud resolveu estudá-la, uma vez que as informações sobre o comportamento da pitaia no clima e solo locais ainda são insipientes. "Esperamos que os resultados possam servir como um manual para ajudá-los a diversificar a produção, oferecendo mais uma opção de cultivo para a categoria que é responsável por boa parte do alimento consumido pelos brasileiros", afirma a pesquisadora.

Procedimentos

De acordo com a coordenadora do estudo, serão utilizadas 200 plantas de pitaia, ou seja, 40 de cada genótipo.

“As mudas já estão prontas. Elas são feitas a partir de partes dos galhos. Elas ainda estão na estufa e devem ser transplantadas para o campo ainda no decorrer de janeiro”, explica a pesquisadora.

A partir daí, Aline vai acompanhar e monitorar cada fase do desenvolvimento das pitaias e comparar materiais estudados. “Vamos avaliar o crescimento, florescimento e frutificação das plantas". Ao fim, após a colheita, o estudo entra na fase laboratorial. "Avaliaremos o comprimento, diâmetro, massa total, espessura da casca, dureza dos frutos, bem como suas características químicas (pH, acidez, vitamina C, entre outros)”, explica.

Conforme a doutora em Produção Vegetal, embora sejam necessárias várias pessoas para fazer os tratos culturais da pitaia no campo, é um cultivo que não exige mecanização, o que a torna alternativa para complementar a produção da agricultura familiar.

Pitaias são descascadas em laboratório da Embrapa para beneficiamento. (Foto: Arquivo/Embrapa) 
Pitaias são descascadas em laboratório da Embrapa para beneficiamento. (Foto: Arquivo/Embrapa)

A fruta do dragão

Conhecida como fruta-do-dragão por conta da casca escamosa, a pitaia é o fruto de uma cactácea nativa das florestas tropicais da América Central e do Sul, Índia e Malásia. Quando madura, a polpa apresenta consistência gelatinosa e paladar doce. Normalmente é consumida in natura, mas pode ser processada em sucos, geleias, saladas, vinhos e sorvetes.

Trata-se de uma planta perene, pouco exigente em qualidade do solo e que pode crescer em copas de árvores e rochas. Apresenta uma demanda por irrigação mais baixa que outras frutíferas. Por isso, adapta-se muito bem às condições do Semiárido e Cerrados brasileiros.

Benefícios para a saúde 

As qualidades da pitaia vão além do sabor suave, doce e refrescante. Estudos laboratoriais realizados pela Embrapa em 2020 com animais mostraram que a fruta apresenta um grande potencial para auxiliar no controle do colesterol, da glicemia e da ansiedade.

Durante os testes, a pitaia foi eficaz na redução do colesterol total e na elevação do HDL (conhecido como “colesterol bom”). Em animais diabéticos, as doses de 200 mg/kg e 400 mg/Kg reduziram significativamente a glicemia no grupo tratado. Os testes demonstraram efeito ansiolítico e ausência de toxicidade nas concentrações avaliadas.

* Matéria editada às 14h30 para acréscimo de informações.

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