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Meio Ambiente

Enciclopédia inédita traça 7,2 mil cursos de água em Mato Grosso do Sul

Luciana Brazil | 31/10/2014 12:37
Livro estará disponível também na página do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. (Foto: Marcos Ermínio)
Livro estará disponível também na página do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. (Foto: Marcos Ermínio)
Governador ao lado de Hildebrando durante cerimônia de lançamento. (Foto: Marcos Ermínio)
Governador ao lado de Hildebrando durante cerimônia de lançamento. (Foto: Marcos Ermínio)

Levantamento inédito no país catalogou 7,2 mil cursos de água em Mato Grosso do Sul, um trabalho de quase sete anos de pesquisa que resultou na “Enciclopédia das Águas”, obra lançada na manhã de hoje (31), no auditório da Governadoria, em Campo Grande. Com 335 páginas e investimento de R$ 590 mil, oriundos do Governo do Estado e da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), o livro traz dados sobre todos os cursos de água – entre córregos, rios e vazantes - nas 79 cidades.

A enciclopédia será uma referência para estudos nas áreas de geografia, topografia, hidrografia, história, cultura, turismo e meio ambiente. Uma iniciativa do IHGMS (Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul) e da Fundação de Cultura, a “Enciclopédia das Águas” será disponibilizada também na internet na página do Instituto. Bibliotecas, estabelecimentos educacionais e culturais do Estado e todas as escolas estaduais vão receber um exemplar - dos primeiros mil que já foram publicados.

Em um processo minucioso, foram catalogados córrego, seu afluente e o município e bacia a que pertencem cada um deles. Foram coletados dados da Bacias do Rio Paraná e do Rio Paraguai, sem incluir as sub-bacias, o que exigiria um trabalho ainda maior, explicou uma das autoras da obra, a geógrafa e professora Angela Antonieta Athanazio Laurino, 68 anos.

Além das informações repassadas pelos municípios- colaboradores diretos no processo, foram levantadas mais de 150 cartas cartográficas produzidas por um mapeamento completo do território brasileiro feito por fotos aéreas, que terminou no início da década de 70.

O projeto se baseou também em mapas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da Diretoria de Serviço Geográfico do Exército e até nos precisos registros cartográficos produzidos pela Comissão Rondon, chefiada pelo marechal Cândido Mariano da Silva Rondon durante a expedição de construção em território sul-mato-grossense da linha telegráfica Corumbá – Cuiabá, entre os anos de 1900 e 1906.

Além de atualizar os registros históricos e fazer uma análise geográfica extensa, a obra também aglutina o contexto histórico dos rios e córregos, em especial, seus nomes. “Os cursos de água foram as primeiras estradas dos povos que constituíram as primeiras comunidades do Estado”, disse o presidente da Fundação de Cultura, Américo Calheiros.

Com isso, o trabalho expressa a formação da cultura sul-mato-grossense. “Não tem uma cidade que não tenha nascido ao lado de um curso de água. Grande parte dos primeiros habitantes vieram atrás dos cursos de água. A água e a história estão entrelaçadas”, completou Calheiros.

Segundo Angela, 7,2 mil verbetes, com nomes dos cursos de água, foram catalogados, podendo ser ampliado no futuro.

Até o lançamento da Enciclopédia, apenas registros muito antigos norteavam as informações no Estado. “Os registros que tínhamos eram muitos antigos e nenhum pouco atualizados”, disse Calheiros.

O presidente do Instituto, Hildebrando Campestrini, afirmou que o trabalho começou sem “qualquer compromisso profissional”. “É um trabalho monumental. Foram reelaboradas as 154 cartas topográficas de Mato Grosso do Sul. Para termos uma ideia da importância disso, vale lembrar que a mais recente data de 1976. Essa atualização garante a cada município a possibilidade de possuir seu próprio mapa hidrográfico”, analisou.

As primeiras mil publicações foram impressas através de investimento total de R$ 190.786,00 garantidos pelo governo do Estado através do Fundo de Investimentos Culturais da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. O valor restante, R$ 400 mil, são oriundos da Sanesul.

“O governo reconhece a importância do trabalho de alto nível que o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul vem desenvolvendo junto à comunidade no que concerne à recuperação da nossa memória e ao fortalecimento da nossa identidade cultural sul-mato-grossense”, disse Calheiros.

Em meio a crise que o estado de São Paulo vive sem água, o governador André Pucinelli (PMDB), afirmou durante lançamento da obra, que Mato Grosso do Sul é um estado privilegiado por estar sob o Aquífero Guarani, de extrema valorização, “ainda mais quando houver escassez de água”, disse.

O estudo, segundo Pucinelli, fez uma retratação fidedigna do que existe no nosso Estado. “Para que possamos eventualmente recuperar a ação deletéria que o homem fez e que as gerações futuras possam saber que gerações anteriores cuidaram”.

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