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Meio Ambiente

Estudante contabiliza 662 sofás jogados pelas ruas de Campo Grande

Ricardo Campos Jr. | 15/03/2017 18:43
Sofá encontrado nesta quarta no bairro São Conrado, campeão em descarte desse tipo de móvel (Foto: Marcos Ermínio)
Sofá encontrado nesta quarta no bairro São Conrado, campeão em descarte desse tipo de móvel (Foto: Marcos Ermínio)
Estudante fotografou cada sofá encontrado e montou álbum para embasar TCC (Foto: Marcos Ermínio)
Estudante fotografou cada sofá encontrado e montou álbum para embasar TCC (Foto: Marcos Ermínio)

Para medir o impacto ambiental causado pelo descarte incorreto de sofás nas ruas e terrenos baldios de Campo Grande, o estudante de biologia Rodinar Gualberto percorreu praticamente toda a cidade em 2016 e contou 662 móveis do tipo espalhados em diferentes lugares da Capital. Desses, 77% estavam em zonas urbanizadas, mostrando que o problema não existe apenas nos vazios urbanos.

O universitário fotografou e catalogou por meio de coordenadas geográficas cada um dos pontos. A pesquisa foi realizada como trabalho de conclusão de curso que será apresentado em abril na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).

No topo do ranking dos bairros com maiores quantidades de sofás abandonados está o São Conrado, onde foram encontrados 41 móveis, seguido pela Vila Anahi (32), Caiçara (28), Rancho Alegre (24), Oliveira II (22), Panamá (19), Santo Antônio (16), Aero Rancho (15) e Moreninhas (13).

Levando em consideração a região, a Lagoa (sudoeste) foi a campeã com 217 sofás abandonados, seguida do Imbirussu (leste) com 109 móveis, Mata do Segredo (norte) com 107 móveis, Anhanduizinho (sul) com 99 sofás, Bandeira (sudeste) com 48 sofás, Prosa (nordeste) com 37 e o Centro com apenas 11 sofás.

Nos bairros da região central o campeão em número de sofás abandonados foi o São Francisco, onde cinco móveis foram encontrados pelo pesquisador.

Problemas – Segundo Gualberto, geralmente um móvel desse tipo abandonado torna-se ponto de partida para os lixões a céu aberto encontrados facilmente pela Capital. “O pessoal joga o sofá e os moradores acabam jogando outros tipos de lixo”, aponta.

O estudante afirma que primeiramente o descarte causa um impacto visual, tornando o ambiente degradante. Em um segundo momento, “atrai animais peçonhentos e torna-se um esconderijo para o Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya”, explica.

Além disso, por conta dos materiais usados na fabricação (madeira, espuma e couro) o tempo de decomposição seja extremamente longo, o que prejudica o meio ambiente.

“Por que as pessoas fazem isso? Por dois motivos básicos: falta de cultura ambiental e social, além da falta de infraestrutura que a cidade oferece. Aquele aterro do Jardim Noroeste está fechado, aí tem que locar uma caçamba e isso gera um custo. Às vezes a pessoa não tem dinheiro para pagar e não vai jogar longe, vai no lugar mais próximo”, diz o pesquisador.

Gualberto, em vias de concluir o trabalho, pretende propor soluções para resolver a questão, principalmente pelo reaproveitamento dos materiais. Uma das alternativas, seria usar parte dos materiais na construção civil, como principalmente as madeiras e a espuma, usada pelos pedreiros para dar acabamento.

Foto tirada pelo estudante mostra sofá, resto de cadeira e televisão encontrados na Vila Almeida (Foto: Marcos Ermínio)
Foto tirada pelo estudante mostra sofá, resto de cadeira e televisão encontrados na Vila Almeida (Foto: Marcos Ermínio)

Crônico – O Campo Grande News foi até o bairro São Conrado, campeão em número de sofás abandonados. Na esquina da rua Capitão Mário Pio Pereira com a avenida Wilson Paes de Barros, foram encontrados seis sofás abandonados, todos já em decomposição possivelmente por terem pegado chuva.

O carpinteiro João Carvalho Lima, 56 anos, mora em frente ao local e já perdeu as contas de quantos carros e caminhonetes já passaram pelo local para abandonar móveis. Segundo ele, as pessoas sequer esperam o anoitecer e fazem o descarte em plena luz do dia.

“Acho falta de consciência. Ano passado limparam esse local cinco vezes. Eu moro aqui e ligo para a prefeitura pedindo para virem limpar. Tem hora que dois carros não passam ao mesmo tempo. E jogam a qualquer hora, de dia e de noite. Só faltam jogar na minha calçada”, reclama.

Vilma Plens, 68 anos, aposentada, mora na região há apenas um mês, mas já viu quatro sofás jogados no bairro.

“Se eu achar bom, levo para casa”, brica. Na opinião da moradora, grande parte dos móveis achados na rua ficam em mau estado porque sofrem com a ação do tempo. “Molha e azeda”, afirma.

Penalidade – Jogar sofás e outros tipos de móveis em vias públicas é crime ambiental. O infrator, se flagrado, está sujeito de um a quatro anos de prisão, se condenado, e multa, segundo Gualberto.

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