Fascinado por onças desde a infância, pesquisador combate fake news no Pantanal
Nascido em Corumbá, Diego Viana usa redes sociais para esclarecer desinformações que ameaçam o felino
RESUMO
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O médico-veterinário Diego Viana dedica-se há dez anos à pesquisa e conservação de onças-pintadas no Pantanal. Crescido em Corumbá (MS), onde teve seu primeiro encontro com o felino aos 11 anos, hoje atua em projetos que promovem a coexistência entre pessoas e onças nas sub-regiões de Miranda, Nhecolândia e Paraguai. Além do trabalho em campo, Viana combate a desinformação sobre onças nas redes sociais, produzindo vídeos explicativos para desmentir notícias falsas. O pesquisador alerta que as fake news, intensificadas pelo uso da Inteligência Artificial, aumentam o medo da população e prejudicam os esforços de conservação da espécie no Pantanal.
Quando criança, Diego Viana conviveu com histórias de caçadas contadas por familiares em Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, em uma época em que a prática ainda era permitida. Ao mesmo tempo, observava de perto os impactos da predação de gado na fazenda da família materna. Foi nesse contato diário com a vida no Pantanal, entre tradição e natureza, que nasceu uma paixão que marcaria toda a sua trajetória: a onça-pintada.
Para Diego, essas experiências mostraram, desde cedo, que a presença das onças sempre fez parte da vida dos pantaneiros. Mas, em vez de alimentar o medo ou a caça, ele sentiu vontade de entender e proteger esses felinos. Diego lembra, com clareza, do seu primeiro encontro com uma onça, por volta dos 11 anos:
“Foi algo rápido, como costuma ser. Vimos a onça e, em poucos segundos, ela correu para a mata. O que ficou marcado foi o sentimento, uma mistura de medo e encantamento, junto com aquela vontade de ver de novo”, comemora.
Desde então, já perdeu as contas de quantos encontros teve com o felino.
Compromisso com a conservação
Hoje, o médico-veterinário corumbaense se denomina pesquisador pantaneiro. Mestre em Ciências Ambientais, doutorando em Ecologia e Conservação e pesquisador na Jaguarte Conservação, há dez anos trabalha em projetos voltados à coexistência entre pessoas e onças no Pantanal, especialmente nas sub-regiões de Miranda, Nhecolândia e Paraguai.
“Procuro sempre ser racional, não passional, e equilibrar o gosto pelo que faço com a responsabilidade de lidar com situações de conflito que impactam tanto famílias pantaneiras quanto a sobrevivência da espécie”, explica.
Combate às fake news
Mas o trabalho do especialista vai além do campo. Como as notícias falsas sobre onças circulam com frequência na internet, ele encontrou nas redes sociais uma ferramenta para combater o medo e a desinformação.
“Recebo diariamente fotos e vídeos, muitos deles antigos ou com informações falsas. Para esclarecer e dar respostas mais rápidas, comecei a gravar vídeos explicativos, desmentindo esses boatos”, conta.
O pesquisador alerta que essas fake news podem ter consequências graves, pois aumentam o medo da população e, consequentemente, levam à perseguição dos animais. Essa desconfiança, segundo Diego, atrapalha o trabalho de conservação.
Outro aspecto que chama a atenção, conforme o pesquisador, é a Inteligência Artificial, que tem facilitado a criação de conteúdos falsos cada vez mais realistas.
“Só num caso recente de onça registrada no perímetro urbano de Corumbá, já circularam mais de cinco notícias falsas diferentes”, exemplifica.
Conflitos e riscos
A morte de um pantaneiro na região, em abril deste ano, também elevou a tensão. Diego Viana explica que práticas como a “ceva”, que consiste em deixar restos de animais para atrair onças, podem alterar o comportamento natural do felino, aproximando-o de áreas habitadas e aumentando riscos.
“Esse episódio aumentou o medo e a desconfiança em relação às onças, dificultando ainda mais o diálogo e a prevenção de novos conflitos”, diz.

Diálogo como forma de proteção
Para o pesquisador, a proteção das onças depende de um elo entre ciência e população. Diego acredita que é fundamental comunicar de maneira clara, simples, escutar a comunidade e criar soluções em conjunto, pois somente assim é possível proteger as famílias, preservar o Pantanal e assegurar a sobrevivência das onças-pintadas.
Quem tiver interesse em conhecer o trabalho do Diego, pode encontrá-lo no seguinte perfil @diego_viana_pantanal.
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